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quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Abrir a «gaiola» da linguagem

 

«… para favorecer uma comunicação mais eficaz e fecunda». Esta frase foi utilizada pelo Arcebispo Rino Fisichella, que está na Madeira durante esta semana para apresentar conferências aos padres e leigos da Diocese do Funchal.

Gostei particularmente desta frase do seu discurso sobre a evangelização nos tempos de hoje. Porque é este precisamente o caminho, adaptar a linguagem, o vocabulário e a comunicação para que se possa chegar ao mundo atual. Cada época tem as suas gerações e nenhuma geração é igual à outra. Pois, cada um se reinventa ou cria formas de comunicação e de interligação entre si, que nenhuma instituição, por mais antiga que seja, pode descurar. Não se deve ver isso como um drama ou um pesado desafio, faz parte da sobrevivência dos povos, das nações e das várias gerações.

Várias entidades da Igreja Católica sabem disto e são muito bons entendidos a fazer o diagnóstico. Também facilmente assumem que o caminho é esse da mudança da comunicação e até se atrevem a assumir expressões ousadas como esta que citei em cima.

Porém, na ocasião em que se espera que o discurso adiante o como se faz essa mudança, travam a fundo e voltam à linguagem clássica, tradicional. Neste discurso do Arcepispo Rino Fisichella, vi mais uma vez esta constatação. Faz um bom diagnóstico sobre o pulsar dos ventos que passam, assume a ousadia da expressão supracitada, mas logo depois volta à tradicional linguagem hermética, compreensível só para os iniciados.

Por exemplo, sobre a concepção da igreja, também teve a tentação de utilizar os mesmos vocábulos. Quem é que hoje minimamente atento à realidade compreende esta expressão, «a sagrada hierarquia». A mentalidade de hoje deve pensar longo na «ridícula hierarquia». E depois, voltam os mesmos termos para definir a igreja «Esposa bela, santa e imaculada» de Cristo.

Face a estes exemplos linguísticos, dos três que dados que aponto a seguir, deve ser pelo um. Primeiro, já existe uma igreja em Marte e nós desconhecemos. Segundo, escolheram uma pretendente com atributos completamente desconhecidos de Cristo. Terceiro, alguém deve ter colocando uma venda no esposo para que pudesse assim «vender» uma realidade que hoje não existe. Cristo está a ser enganado?

Certo, a comunicação, a linguagem, o vocabulário, são o desafio constante para as intuições e até para cada um de nós pessoalmente no contexto social e político em que vivemos. Certo que não devemos ter medo de ler com honestidade o diagnóstico. Não se inibir nos termos que proponham a resposta e ousar transformar transformando-se deve ser o caminho sem medo. Nunca esquecer que não se pode tratar como igual o que se manifesta diferente. O Evangelho de Jesus é o guia, o Seu exemplo é o caminho. Sem rodeios, tudo está inventado. Cristo tomou a dianteira, sigamos os Seus passos.

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