Cinema
"Don't
Look Up", é o nome de um filme
que esteve em exibição nos cinemas. Muito bom.
Serve de alerta para a
situação em que está o Planeta Terra.
A história do filme
discorre à volta da ameaça de um cometa descontrolado que segundo os cálculos dos
descobridores do evento vai chocar com a Terra. Os investigadores tentam
convencer as autoridades políticas e furar o bloqueio de informações oficiais.
O drama é terrível porque o escudo de insensibilidade dos políticos, a
comunicação social irresponsável e as populações manipuladas não estão para aí
viradas. Várias vezes os alertas são tomados em tom de gozo e brincadeira
banal. Ninguém dá ouvidos. Aliás, os cientistas são contestados. Só no final,
parece que entendem a gravidade do problema, mas mesmo assim, serve a situação
para desenvolver ideias mirabolantes para fazer negócio e render dinheiro com o
possível desastre.
Diante deste enredo,
vejo-me a pensar, que no contexto da pandemia do Covid-19, experimentamos algo
semelhante.
Primeiro, tivemos a
incredulidade dos políticos face ao cometa-vírus Convid-19, que tinha embatido
na China e ameaçava espalhar estilhaços pelo mundo todo, mas diziam que era inverosímil
que tal acontecesse, porque estava longe e não havia como chegar até nós nada que
se parecesse com esse vírus. Em poucos dias o vírus estava disseminado pelo
mundo inteiro e ainda estamos no olho deste furacão que atormenta a vida de
todos nós.
Segundo, os gastos
astronómicos e os negócios de lucros chorudos que esta pandemia implica, têm
muito que se lhe diga... Certos, é que estamos numa «guerra mundial», onde há
baixas diariamente, um número incalculável de doentes e a vida inteira virada
do avesso.
Terceiro, não me conformo
que a expressão «guerra fria», neste contexto de pandemia tenha ganho uma
premente atualidade e ande de boca em boca de alguns políticos deste mundo,
nomeadamente, das nações que investem desmesuradamente em armamento.
Mas voltemos ao filme,
que revela elementos que nos ajudam a compreender os comportamentos face ao
desastre silencioso que é esta pandemia, a corrida ao armamento e as alterações
ambientes, nomeadamente, o clima, que ameaça a biodiversidade do Planeta.
No filme é a acutilante
a denúncia da impotência da ciência, que dando os seus alertas, ninguém se
importa. Umas vezes é ridicularizada e outras vezes esses avisos são motivo de
gozo. O poder político, mediático e económico sabe muito bem como fazer o seu
caminho e defender os seus interesses. Há uma espécie de «aliança negacionista»
entre eles, que depois se propaga nas populações. Não vos lembra nada face ao contexto
que vivemos?
Por isso, é grave que a
política e os políticos estejam completamente condicionados pela comunicação
social e que só atuem face aos equívocos e contradições que estes meios selecionam,
sem cuidado do que é verdadeiro ou falso. Preferem redundar no medíocre e no
divertido mesmo que tratem de acontecimentos sérios. As emergências planetárias
não se compadecem com a insensibilidade geral que estamos assistindo em nome de
audiências e da ganância desmedidas dos lucros capitalistas.
Outro grande alerta que
o filme nos faz prende-se com as ameaças sobre as democracias, hoje dominadas
pela informação centralizada nas multinacionais de comunicação mundial. O
magnata do filme, detentor dos dados pessoais de bilhões de cidadãos, usa esses
dados, para condicionar e até forçar as opções políticas contra o bem geral dos
seres humanos e contra o meio ambiente. Assim, se vê propalada a ideia de
destruir o cometa para explorar os metais nobres, mesmo que o desastre
planetário seja o dado mais seguro que tal armada nos suscita e se vislumbre o
fim da vida na Terra. Enquanto isso os poderosos arquitetam a fuga para outros planetas.
Assim, para além daquilo
que nos parece também ser o filme, cómico e divertido, é também ironicamente visionário,
mostra-nos que devemos ser responsáveis, não escolhendo governantes loucos, corruptos,
insensíveis. É importante não se deixar enganar pela desinformação geral da
comunicação social que gravita entre o falso e o verdadeiro com a maior das irresponsabilidades,
devotados não a informar com seriedade, mas a serem meros protagonistas de
palhaçadas para entreter.
Face a tudo isto deve ser então necessário, abrir os olhos e olhar para cima, vendo claro que não permitimos ser escravos de magnatas do mundo digital que nos querem fazer vítimas da ignorância para que sigam adiante com as suas patifarias mercantilistas sem controlo e sem limites.
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