Não sei se já repararam. Eu tenho constado nos
últimos tempos um dado curioso, vários momentos de celebração da missa, com uma
assembleia significativa e ninguém se prontifica para comungar, inclusive um
dia destes fiquei aterrado, uma numerosa assembleia num funeral e só eu é que
comunguei. Pergunto: o que se passa? Há falta de fé? Estavam ali as pessoas a
participar num singelo espetáculo para descarga de consciência ou como simples
performance social? Não há mais necessidade de nos interligarmos como irmãos
para celebrar a fé e a esperança com gestos ou sinais rituais que expressem efetivamente
para que viemos e para que estamos?
Enfim, uma série de questões que merecem reflexão.
Certo é que seria preciso deixarmo-nos de discutir o sexo dos anjos e assentar
os pés nas questões concretas que a sociedade está a suscitar.
Tudo pode fazer parte de dois aspetos que estamos a
viver hoje. A Igreja, particularmente, o seu clero mergulhou num descrédito
quase total. A sociedade em geral não acredita nos religiosas e confessam alto
e bom som, «já não os posso ouvir»… Pode ser que nos console a ideia, que
também não podem ouvir políticos, agentes da justiça, jornalistas, comentadores
e os denominados «opinion-makers» ou fazedores de opinião e etc.
Não é suficiente esta satisfação do mal dos outros
para atenuar o nosso mal. Porque será dramático para todos que não reste ninguém
em quem confiar, autoridade nenhuma com credibilidade que tenha autoridade para
apontar horizontes, valores e ideais que ajudem a equilibrar a paz social e a
boa convivência entre todos.
Por isso, proponho o
seguinte caminho. Não deve faltar vontade e coragem à Igreja Católica para
despir-se totalmente das suas manias clericalistas, onde predomina uma
estrutura fechada e altamente hierarquizada, onde alguns se apresentam como
príncipes iluminados e ornamentados dos pés à cabeça de cargas de vestimentas
anacrónicas, ridículas e inúteis. Sem contar que esse brilho de guarda-roupa
requintada e de alfaias rendadas custam balúrdios.
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