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segunda-feira, 27 de julho de 2009

As festas da propaganda

Estão na moda. Todos os partidos as fazem. A propósito das festas que a maior parte das vezes servem apenas para idolatrar os lideres e para vender um produto vazio com discursos vazios, lembrei-me de uma frase do Papa Bento XVI, que diz o Seguinte e está na sua mais recente Encíclica, Caritas in Veritate (A caridade na verdade): “a Humanidade inteira aliena-se quando se entrega a projectos humanos, a ideologias e a falsas utopias. O desenvolvimento dos povos depende sobretudo do reconhecimento que são uma só família” (nº 53).
Será que a nossa região não está totalmente alienada e satisfeita, porque os partidos proporcionam uma fartura de nada e isso basta para alimentar o espírito de tanta gente? Logo a seguir, por um lado, parece votar no mais cómodo, no partido que há tanto tempo serve o prato do betão armado para alguns encherem os bolsos, por outro, a maioria contenta-se com as canções pimba, os beberetes, os passeios de borla e as espetadas que se oferecem nas festas. É o império romana travestido de democracia. Hoje o cardápio é bem claro: pão, vinho seco, circo e as pobres vacas enfiadas num espeto. Melhor não existe para esbanjar e gastar num ápice, milhares de euros tirados dos nossos impostos.
Os dirigentes, os ditos nossos governantes, divertem-se com o povo, a multidão delirante que se ri do mísero euro (1 euro) que pagou para subir a serra para participar na festa. Mas, ninguém se lembra que «Construir sobre a vontade de uma multidão é loucura; a vontade de um povo é como um relâmpago que dura um segundo», diz Ganivet, A. , no livro «A Conquista do Reino Maia». Esta, uma verdade que devia fazer pensar ou recuar nas atitudes que roçam o insulto tantos que se embebedaram com a demência, a pobreza de espírito e quem sabe uma certa podridão que nos levará à desgraça colectiva.
As muitas festas que as entidades públicas promovem são uma loucura, um gasto desnecessário, que vai rebentar com todo o espírito voluntarista que existia entre nós. O povo organizava-se e fazia as suas festas, sem precisar de ninguém para as fazer e não olhava a meios para dispensar do seu próprio bolso o que fosse necessário para que a festa se fizesse.
A ilusão de uns e de outros mantém-se firme e alimenta a fome dos dirigentes e do povo. Os que governam gloriam-se diante do povo caído aos seus pés, o povo, saciado, aplaude e aproveita ao máximo todas a benesses que lhe oferecem de bandeja. Por assim dizer fica-nos as seguintes frases. Uma, para o povo: «A multidão não envelhece nem adquire sabedoria: permanece sempre na infância» diz Johann Goethe. A seguinte para os dirigentes: «Ninguém é dono da multidão, ainda que creia tê-la dominada», disse Eugène Ionesco. Pois bem, que não nos cegue a poeira que todas as festas levantam da miséria do chão.

1 comentário:

Ângelo Paulos disse...

Um texto muito bonito e profético. É preciso ter coragem para dizer essas verdades. Só o P.José Luis é que sabe dizê-lo. Bispo, cónegos e outros padres sobretudo o clero das paróquias e os que estão nos colégios, estão todos eles na gamela desse poder, que mais parece a "alma grande" daqueles tempos, mas este vivia dos arraiais que eram pagos pelo povo. É uma vergonha a forma como se mobilizam as pessoas. Depois estas queixam-se quando a carne e o vinho já foram digeridos e a festa dissipada. Dizia um Bispo no séc XVIII que o madeirense tendo à sua frente um livro ou um canhão ele colaca-se à frente do canhão. É o tal povo superior! Escreva mais P. José Luís. D. Helder Câmara e D. Oscar Romero também o fizeram cada qual nos seus países a dar uma concientização ao seu povo. A festa que eles queriam era a da Libertação. Por isso mesmo, foram perseguidos e assassinados.

Ângelo Paulos