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quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Homilia Noite de Natal 2009

Nota do autor do blog: Sempre achei que a celebração da Noite de Natal, o Nascimento do Menino Deus, não é ocasião para grandes pregações. Então, todos os anos reservo o curto tempo da homilia para falar quem melhor sabe e fala da magia desta noite, os poetas. Este ano vou declamar um poema de José Régio, Toada de Natal, e outro do Pe Tolentino Mendonça. Bom Natal para todos os que fazem deste tempo, o momento da renovação interior. Vamos todos permitir que o Menino Deus, se aconchegue no nosso corção.
Poema - Toada do Natal, de José RégioNatal.
Eis que anunciando o Cristo que nasceu, De branco, um Serafim voou do céu,
À fímbria do vestido a poeira dos sóis presa...
Vinte anos faz que o viste a par do Sete-Estrelo.
Cresceste... e nunca mais tornaste a vê-1o!
Pois basta-te querê-lo:
Ergue as mãos juntas,
Reza...

Natal. Eis que inviolada, uma Mulher foi Mãe,
E se venera agora (e para sempre, amém)
A que deu fruto e é pura — ideal pureza...
Não sabes já vencer-te e crer sem compreender?
Esquece o que os manuais dão a aprender:
Mergulha no teu ser,
Como num templo:
Reza...
Natal. Eis que ao luar, os mortos que dormiam
Dos frios leitos lôbregos se erguiam,
E vinham consoar à sua antiga mesa...
Não tens que lhes dizer desde que te hão deixado?
Não sentes os teus mortos a teu lado?
Pois fala-lhes calado,
Para que te ouçam:
Reza...
Natal. Eis que uma paz, que ao certo é doutra vida,
Abranda toda a terra empedernida,
E é cada mesa em festa uma igrejinha acesa...
Abre hoje o coração — portal que se franqueia.
São todos teus irmãos: até os da cadeia,
As que andam na má sina e os que não têm ceia...
Por todos e por ti, Ave, Maria:
Reza...
(In Natal... Natais – Oito Séculos de Poesia sobre o Natal,antologia de Vasco Graça Moura, ed. Público)
Natal não é ornamento: é fermento
É um impulso divino que irrompe pelo interior da história
Uma expectativa de semente lançada
Um alvoroço que nos acorda
para a dicção surpreendente que Deus faz
da nossa humanidade
O Natal não é ornamento: é fermento
Dentro de nós recria, amplia, expande
O Natal não se confunde com o tráfico sonolento dos símbolos
nem se deixa aprisionar ao consumismo sonoro de ocasião
A simplicidade que nos propõe
não é o simplismo ágil das frases-feitas
Os gestos que melhor o desenham
não são os da coreografia previsível das convenções
O Natal não é ornamento: é movimento
Teremos sempre de caminhar para o encontrar!
Entre a noite e o dia
Entre a tarefa e o dom
Entre o nosso conhecimento e o nosso desejo
Entre a palavra e o silêncio que buscamos
Uma estrela nos guiará
Pe José Tolentino Mendonça

1 comentário:

M Teresa Góis disse...

Jesus era um Poeta - amava a Natureza, respeitava-a, tinha a Sensibilidade dos grandes corações, a Humildade dos que possuem Grandeza...Faz muito bem em deixar a poesia invadir a Comunidade. Tenho a certeza que será uma lufada de ar fresco às rotineiras palavras de que um menino nasceu. Nasceu há dois mil anos? Mentira, foi há mais tempo porque era já projecto do Pai e tem de nascer todos os dias para que haja Natal nas nossas vidas, para que aconteça a partilha, a fraternidade e a veneração