Homilia sexta Missa do Parto dia 20 de Dezembro 2009
Maria de Nazaré - o encontro
Salvaguarda: o tema «Maria de Nazaré», tem pano para mangas. Por isso, apresento-vos apenas um breve comentário sobre o encontro entre as duas primas, Isabel e Maria, dado que é o tema do 4º Domingo do Advento. Sobre Maria de Nazaré há abundante literatura. Sugiro um livrinho muito interessante sobre «Maria, a maior educadora da história», de Augusto Cury. Um texto singelo, mas muito bonito e muito instrutivo sobre Maria de Nazaré. Todos os pais deviam ser «obrigados» a ler este livrinho.
Este encontro das duas primas, Maria de Nazaré e Isabel, é dos encontros mais comoventes da Bíblia. Imagino Maria, a jovem de Nazaré, revestida de sol como são os olhos de Deus. Vestida para significar isso mesmo, o amor e a ternura de Deus que veste os lírios do campo mais gloriosos que o rei Salomão (Cf. Mt 6, 29-30), que adorna de vestes finíssimas e ornamentos preciosos a sua esposa Israel (Ez 16, 10-13), que reveste Sião da sua magnificência (Is 52, 1). A esta mulher-sinal, Deus a veste de sol, de toda a luz da sua própria glória e poder.
Por isso, toda a devoção não poderia ser melhor cantada naquela estrofe inesquecível do poema «A Nossa Senhora» de Ruy Cinatti: «Vómitos de cera / honram-na em lágrimas / humedecidas faces / ou repentes de alegria. / Ei-la, portanto, senhora / nos espaços sederais / e na terra mãe / desamparada. / Seu olhar magoado / fere um intranquilo / raio de luz. / E entro no templo / onde milhares de mãos compadecidas / acendem círios. / Digo: Maria! / Ouço: Meu filho!» (in Corpo-Alma, p. 79-80). Creio que foram estas palavras que balbuciou a prima, Isabel, que recebia de braços estendidos «a Bendita entre todas as mulheres...», porque já sabia de longe do «fruto bendito do teu ventre». Assim, todos nós estamos diante daquela que transporta a salvação. Perante este encontro de mulheres, somos nós convidados a admirar o Mistério de Deus que cada um transporta. Daí, ser contra o Plano de Deus, todo o desrespeito pela dignidade de cada pessoa, a violência doméstica, o ódio, os palavrões que se aplicam aos outros, os roubos e toda insensibilidade perante a vida e o bem para todos. Somos desafiados a contemplar o mistério que o sémen do Espírito Santo derrama sobre os nossos corações. Se o Natal for exterior ao coração de cada pessoa, é puro folclore como alguns teimam em fazer crer que deva ser assim mesmo. Nós precisamos de verdadeiros encontros, porque estamos fartos dos desencontros que este mundo nos dá.
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