O Vaticano II foi o concílio realizado na Igreja
Católica, com os bispos de todo o mundo, desde 1962 a 1965 em diversas sessões
na cidade do Vaticano. O concílio foi convocado pelo Papa João XXIII e
encerrado pelo Papa Paulo VI.
Em resposta a um desejo
antigo de muitos cristãos católicos, o papa João XXIII convocou o Concílio
Vaticano II com o objectivo de atender às mudanças e exigências dos tempos
modernos e de renovar a Igreja católica nas suas várias dimensões.
O concílio Vaticano II
(1962-65), chamado ‘ecuménico’ por causa da sua dimensão universal, reflectiu
sobre a seguinte questão de alcance ecuménico: qual o contributo dado por cada
Igreja para a divisão dos cristãos e o que poderá cada uma fazer em ordem à
reconciliação e unidade?
O papa João XXIII manifestou
a sua vontade ecuménica: o reconhecimento público dos erros cometidos no
passado pela Igreja católica; da criação do Secretariado Romano para a Unidade
dos Cristãos e do convite dirigido a vários representantes de outras confissões
cristãs para participarem no Concílio como observadores.
Decreto Unitatis
Redintegratio (Restauração da Unidade).
No Salão Paroquial de São
Roque tivemos o prazer de escutar ontem dia 25 de Abril de 2012 o Frei Bento Domingues sobre esta temática.
Uma verdadeira lição sobre este acontecimento tão marcante para a Igreja
Católica dos nossos tempos.
Após uma revisitação sobre as
causas e o contexto social, político e religioso que levou à convocação do
Concílio Vaticano II pelo Papa João XXIII, conclui-se o seguinte:
A MISSA
ANTES DO CONCÍLIO - Rezada em
latim, com o padre voltado para o altar, de costas para os fiéis. Apenas
membros do clero comandavam a celebração.
DEPOIS DO CONCÍLIO - Rezada no
idioma de cada país, com o padre de frente para o público. Mulheres e homens
leigos (que não são do clero) podem ajudar na celebração.
A SEXUALIDADE
ANTES DO CONCÍLIO - Doutrina
rígida, contra o prazer sexual, sem misericórdia nenhuma perante as situações
dramáticas de violação…
DEPOIS DO CONCÍLIO – Infelizmente
ainda mantém a mesma posição.
AS OUTRAS RELIGIÕES
ANTES DO CONCÍLIO -
Desconfiança em relação aos ensinamentos de religiões não-cristãs (islamismo,
judaísmo, etc.).
DEPOIS DO CONCÍLIO - Aceita a
idéia de que, por meio de outras religiões, também é possível conhecer Deus e a
salvação.
CULTO DOS SANTOS
ANTES DO CONCÍLIO -
Proliferação de "santos" criados pela crença popular e
não-canonizados pela Igreja.
DEPOIS DO CONCÍLIO -
"Santos" não-canonizados são abolidos. Cristo volta a ser o centro
das atenções na missa e na vida do cristão.
COMPORTAMENTO DO SACERDOTE
ANTES DO CONCÍLIO - Uso
obrigatório da batina e de outros símbolos da Igreja. Casamento e relações
sexuais são proibidos.
DEPOIS DO CONCÍLIO - Cai o uso
obrigatório da batina: agora, os padres podem usar trajes sociais. Segue a
proibição ao casamento.
QUESTÕES POLÍTICAS
ANTES DO CONCÍLIO - Condenação
do capitalismo e esforço para evitar a "contaminação" do catolicismo
por idéias comunistas.
DEPOIS DO CONCÍLIO - Continua
a condenação ao capitalismo e ao comunismo, mas aumenta um pouco a liberdade
dos teólogos para interpretar a Bíblia.
Por fim, saliente-se a grande
viragem do pensar e ser Igreja. Se antes a Igreja era o templo, agora passou a
ser todos os baptizados, que assumem o valor da corresponsabilidade como
elemento essencial da sua condição. Será por isso que se aprende de um dos mais
importantes profetas e mártires do séc. XX, Óscar Romero: «Que
maravilha será o dia em que cada baptizado compreender que a sua profissão, o seu
trabalho, é um trabalho sacerdotal; que, assim como eu celebro a missa no
altar, cada carpinteiro celebra a sua missa na sua carpintaria, cada
profissional, cada médico com o seu bisturi, a mulher na feira, no seu lugar de
trabalho… estão fazendo um ofício sacerdotal. Quantos motoristas que escutam
esta mensagem no seu táxi. Tu, querido motorista, junto ao volante do seu táxi
és um sacerdote se trabalhas com honradez, consagrando a Deus o seu táxi, levando
uma mensagem de paz e de amor aos teus clientes que vão no seu automóvel».
(20/11/1977). Está tudo dito, eis então, o que fez o Concílio Vaticano II e o muito que ainda falta fazer-se...
José Luís Rodrigues
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