Mesa da Palavra
Comentário à Missa do próximo domingo XIX Tempo Comum, 11 de Agosto de 2013
A mensagem deste domingo ameniza um pouco a do domingo
passado, que era dura e radical em relação aos bens deste mundo. Tendo em conta que muitas vezes não nos
lembramos de que a nossa vida é frágil, inconstante e que passamos pelo crivo
da morte, permitimos que a insensatez na acumulação de muitos bens nos domine a
vida e os dias neste mundo.
Na mensagem deste domingo, fica o alerta de que melhor
será concentrarmo-nos na verdadeira riqueza e estar vigilante, porque esse
momento da morte é a maior certeza que temos. Não devemos andar sempre a pensar
nisso, mas que nunca o devíamos esquecer, seria melhor para nós para que vivêssemos
melhor e quem sabe se não estaríamos mais concentrados no que é mesmo importante para ser feliz e ajudar os outros também a serem felizes. Estou convencido que
o mundo seria outro se tomássemos a sério a consciência que neste mundo não
somos eternos, mas finitos. Penso, que tomados por este assombro do mistério que envolve o
morrer, a humanidade inteira seria mais feliz e teria outra consciência perante todos
os valores que devem nortear todas acções em favor do bem comum, da liberdade,
da amizade e da fraternidade.
Devemos estar vigilantes, porque muito mais felizes
seremos se a qualquer momento formos chamados a entrar na outra «dimensão da vida» pela realidade morte. Se assim for nada temeremos, porque sempre
fomos tomados pela liberdade face aos bens deste mundo. Nada nos ensoberbeceu e
vivemos pela lógica da partilha e da luta pela justiça. A Carta aos Hebreus é clara quanto a esta esperança de viver pela fé como condimento desta temporada em que andamos por este mundo: «A fé é a
garantia dos bens que se esperam e a certeza das realidades que não se vêem»
(Heb 11, 1).
Nada nos encegueirou ou dominou, porque vivemos de acordo
com a mensagem da salvação que Jesus nos oferece e que nos fez sempre estar
preparados, em alerta constante. Se nos regem estes sentimentos somos os mais
felizes dos homens e das mulheres.
O sentido da nossa existência seria uma miragem e já estaríamos mortos
muito antes da morte física se não encontramos sentido para o dia a dia. A pior
caminhada é aquela que nunca encontrou sentido e todas as pessoas que nunca
descobriram a resposta para a sua origem, para o agora da vida e para o destino
futuro, nunca serão verdadeiramente felizes e não enfrentam com coragem essa
ocasião derradeira que chamamos de morte. O desencanto, a depressão e o
desespero podem tornar-se o pão nosso de cada dia e não haverá bens nenhuns
deste mundo, por mais interessantes e aliciantes que sejam, poderão libertar
desse estado de alma degradante. Parece estranho, mas quem sabe se cada um de nós não
seria melhor pessoa se estivesse atento/vigilante em relação à ocasião da morte?
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