Os tempos que nós vivemos fizeram
«ressuscitar» o assistencialismo, aquela ideia tenebrosa dos pobrezinhos, nós e
depois eles, porque estávamos noutro patamar um pouco acima do ser pobre, então
podíamos ter o nosso pobre, para que nessa assistência pudéssemos salvar a
nossa alminha e também a deles, claro...
O Papa Francisco vem colocar na ordem as
coisas e diz claramente que essas Caritas, esses Bancos Alimentares, esses
partidos políticos, esse oceano de ONG's e todas as associações e «grupecos» que
proliferaram como cogumelos para fazer «caridadezinha» ou assistencialismo, são
postos na ordem e quiçá devam desaparecer porque sempre deviam ser provisórios
até ao dia em que surja a justiça e o bem comum.
Lamento que não veja todos os que pertencem
a estes movimentos da caridade mediática, como lutadores acérrimos desses
valores para que a pobreza desapareça totalmente do mundo. São estes os
primeiros a considerarem os pobres como matéria prima, como mais valia para o
assistencialismo e alguns para o negócio em que se tornaram. E mais grave
ainda, quando são fretes bem claros aos poderes instalados na cadeira da
governação. Os favores que realizam é de bradar aos céus.
O
Papa Francisco alertou hoje na Sardenha para a necessidade de superar uma visão
da caridade que a limita ao «assistencialismo» ou «moralismo», para seguir o
exemplo de Jesus junto dos mais necessitados.
«A
caridade não é assistencialismo, muito menos um assistencialismo para
tranquilizar as consciências: isso não é amor, é negócio. A caridade é uma
escolha de vida, um modo de ser, de viver: é o caminho da humildade e da
solidariedade», disse, durante um encontro com pobres e presos, na Catedral de
Cagliari.
A
solidariedade, alertou, «arrisca-se a ser riscada do dicionário», porque
implica «trabalho» e vai contra uma «cultura do descartável».
Que
esta advertência nos torne mais conscientes nesta luta contra a pobreza, para
que não exista mais necessidade de ninguém se «alimentar» da fatalidade da
pobreza de ninguém. O moralismo assistencialista é um insulto e não deve estar
presente no pensar e no coração de ninguém. Não nos deve faltar nunca a vontade
de fazer uma sociedade mais justa onde todos tenham a oportunidade de se
realizarem com dignidade, contribuindo para a edificação do mundo, mas sem
favores de nada nem de ninguém, estão integrados no seu trabalho/emprego em
plena assunção do direito que os assiste, nada mais.
«Não podemos seguir Jesus no caminho da caridade se não gostarmos
em primeiro lugar uns dos outros, se não nos esforçarmos por colaborar,
compreender as nossas vivências e perdoar-nos», acrescentou.
O Papa advertiu para a «arrogância» que se pode viver no serviço
aos mais necessitados e criticou os que «instrumentalizam os pobres em favor de
interesses pessoais ou do seu grupo». Se fossemos a falar deste aspecto este
texto ficaria numa extensão sem fim à vista. Cada leitor que faça a sua análise,
que pense na postura de tanta gente que tempos a tempos se apresenta na
comunicação social a falar de pobreza e de pobres mais os apelos insistentes às
nossas dádivas. A isto o Papa Francisco diz: «Isto é pecado, pecado grave,
porque é usar os necessitados, que são a carne de Jesus, para a vaidade! Seria
melhor que estas pessoas ficassem em casa», afirmou. Deixemo-nos tocar por
estas palavras.
Sem comentários:
Enviar um comentário