Comentário à missa do domingo da
Sagrada Família, 28 dezembro de 2014
Perante
as múltiplas barbaridades que a sociedade actual apresenta, estão a tornar-se
muito frequentes as opiniões que defendem o regresso à educação tradicional.
Outros ainda vão mais longe, tendo em conta que os comportamentos que alguma
sociedade apresenta, defendem que a verdadeira educação só pode ser garantida
pela família tradicional.
Obviamente,
que diante destas perspectivas muitos acharão que estamos perante o regresso a
um conservadorismo piegas, compreensível apenas nos meandros de uma qualquer
instituição de caris religioso. A questão é mais séria do que se pensa, neste
caso não contam os preconceitos, é preciso antes de tudo colocar o dedo na
ferida e procurar curá-la.
Antes
de mais, é necessário salvaguardar que dizer o "regresso à família tradicional"
é apenas uma forma de reforçar a ideia. Por isso, dizer "regresso à
família tradicional" é o mesmo que dizer "só uma verdadeira família
pode ser criadora de homens e mulheres autênticos para viverem em
sociedade". Não se trata propriamente de um regresso, mas antes de um
tomar a sério os valores que só as famílias podem incutir no coração daqueles
que gera.
Todos
os problemas actuais de violência e de perversão sexual, têm uma origem comum,
a família ou a ausência dela. Na maioria dos casos a origem radica no mau
ambiente familiar, isto é, são filhos de pais alcoólicos ou de mães irresponsáveis
que pura e simplesmente abandonaram os seus filhos.
Ambientes
familiares onde predominam, a demissão frequente dos pais, a palavra
ensurdecedora e a pancada como único método de resolução de problemas e como
única forma de impor autoridade, só podem gerar gente insensível, violenta,
desonesta, corrupta e perversa sexualmente.
Quando
se fala em regresso à família tradicional, falamos de que é necessário retomar
a transmissão dos valores no seio familiar. A verdadeira educação para a
liberdade e para a sexualidade integrada nunca pode ser transmitida por
terceiros, mas sim pelos pais que devem ser os principais amigos dos filhos. Se
os filhos não encontram abertura para o diálogo com os pais, procurarão fora de
casa entre os companheiros, que é a pior forma para aprender tudo o que diz
respeito à intimidade.
Quando
se fala de educação sexual nas escolas, penso que é uma boa medida e que pode
ser um complemento daquilo que as crianças, os adolescentes e os jovens
aprendem no seu ambiente familiar. Porém, dessa educação sexual é preciso
desconfiar sempre, porque na maior parte dos casos reduz-se a pura informação
sexual. Ora, informação é fácil de se fazer e está aí à mão de todos, mas
verdadeira educação, com referências positivas, só portas adentro e no segredo
da intimidade, da afectividade e do amor. Quem melhor pode realizar isto
verdadeiramente? - Só os pais.
1 comentário:
Uma batalha que não foi ainda ganha mas também ainda não foi perdida.
Precisamos muito de debater e ajudar as famílias a ter peso na verdadeira educação.
O amor e a partilha devem voltar ao seio da família.
Cada um deve assumir o seu verdadeiro papel dentro da organização familiar como pais ou como filhos, partilhando dores,sonhos e alegrias.
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