A RTP- Madeira, em reportagem do Clube
de emigrantes Venezuelanos lá para os lados do mijadeiro em São Martinho,
chamou ao microfone para botar palavra o seu inefável líder Olavo Manica com
esta tirada: «Eu penso que a emigração nos enriquece». Tomara que sim.
Mas pelo
que vejo daquela emigração dos anos 60/70 não me parece que assim seja tanto.
Alguns regressam iguais ou piores e com a mesma ideia de que a Madeira devia
ser pobre e eles endinheirados. A Madeira devia ser católica ainda com mantilha
na cabeça das mulheres e o terço na mão, mas as suas mulheres não. Esses «ricos
emigrantes» vêm ansiando ver as paisagens da Madeira ainda a preto e branco
como era quando eles de cá se piraram com vontade de enriquecer, não com
sabedoria, mas com dinheiro. Pelo amor de Deus. A emigração é a última
hipótese, o último recurso que sobrou a tanta gente que tem que sair para
encontrar trabalho para ganhar dinheiro para matar a fome. A emigração é um
caminho doloroso para as famílias que vão e para as que ficam. A emigração
quando é um mal necessário é a evidência mais concreta para avaliarmos o quanto
estamos mesmo pobres.
Pensamos só um pouco no drama desta onde
de emigrantes que batem às portas da Europa, onde encontram líderes europeus
energúmenos, que lhes chamam nomes feios e erguem muros altos para que a
«praga» não entre. Viria dos seus países de origem toda esta gente arriscando a
vida, se tivessem condições adequadas de desenvolvimento, segurança e paz? -
Claro que não. É a pobreza, a insegurança, a falta de trabalho, a corrupção e
todas as desgraças que a humanidade provoca a si própria que faz levantar os
povos para a emigração.
A emigração enriquece quando as pessoas
são bem recebidas nos países para onde foram, já vinham qualificadas ou então
se procuram qualificar-se minimamente mediante as propostas para tal que os
países eventualmente ofereçam. Mas se vão unicamente para encher os bolsos à
conta de falcatruas e negócios escuros, a única riqueza que se pode falar é dos
bolsos.
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