Eis uma possível legenda para a imagem seguinte do público de hoje:
o que vemos? - Vemos que sobra a fé para aliviar o drama. Que Deus lá no
alto proteja todas as pessoas que são vítimas da loucura humana e se vêm
obrigadas a ter que deixar o seu espaço para andar à deriva pelo mundo, onde o
que tem de mais certo não parece ser mãos amigas que acolhem, mas dentes
afiados para lhes devorar a carne e a alma.
A saga dos migrantes continua. As
políticas cegas e as bacoradas de alguns líderes europeus nada resolvem. Não
ouvem ninguém. Não se importam com as chamadas de atenção e os alertas do Papa Francisco.
Limitam-se a empurrar para frente, a levantar muros e a fazer de conta que não
têm responsabilidades nenhumas com a situação de miséria em que mergulharam os
países de origem dos migrantes. O Editorial do Público de homem coloca o dedo
na ferida e faz uma longa reportagem sobre este problema que deve deixar-nos a
todos inquietos e preocupados face a este drama. Aconselho vivamente a leitura
do Editorial do Público e todo o trabalho que a edição do dia 2 agosto nos dava
conta. Podem ler o EDITORIAL AQUI e a REPORTAGEM TAMBÉM AQUI.
E como tudo isto nos deve fazer pensar: «Quem
procura entrar na Europa são sobretudo populações vítimas de conflitos graves
ou de políticas de pura pilhagem dos recursos dos respectivos países. Muitos
deles tinham casa, emprego, bens, não andavam a pedir nas ruas de Trípoli ou
nas planícies da Eritreia»… «Muitos destes migrantes também estão ligados ao
velho continente por séculos de passado colonial e até por isso a Europa tem
responsabilidades para com eles. Não pode lavar as mãos como Pilatos. Mas a
quem não consiga ver além dos seus próprios interesses, talvez seja útil pensar
nas consequências de tanta cegueira. Os muros acabam por ser derrubados. Mais
cedo ou mais tarde».
Destaco o pronunciamento do pastor de Trevor Willmott da
Igreja de Inglaterra, cuja paróquia inclui os 30 quilómetros de mar que separam
os dois países, criticou a «falta de humanidade e compaixão» do Governo. «Tornámo-nos num mundo cada vez mais duro, e quando nos tornamos duros uns com
os outros e esquecemos a nossa humanidade acabamos nestas situações de
impasse», disse Willmott, numa entrevista ao semanário Observer.
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