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Convite a quem nos visita

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Visita do Papa Francisco à Madeira

Ficamos a saber que todas as Dioceses deste país, representadas pelos seus bispos na visita Ad Limina Apostolorum levavam na bagagem o convite para que o Papa Francisco em 2017 visitasse as suas respectivas Dioceses. Foi noticiado que as mais efusivas no convite seriam as Dioceses do Funchal e de Angra do Heroísmo.
Pergunto, para quê? O que nos adianta que venha um Papa à Madeira? O que ficou da visita do Papa S. João Paulo II à Madeira? É mais uma atracção turística que querem? É para fazer mais uma festa? É para mostrar mais uma vez o quanto é forte o sinal da aliança entre o tempo e o templo? (…) 
Pelo amor de Deus deixem-se de coisas. Vamos descer à terra. Ainda bem que o Papa Francisco já disse na entrevista que é fácil vir a Portugal, porque pode vir de manhã e regressar à noite. Disse o Papa Francisco: «Quanto a Portugal, disse que tenho vontade de ir e gostaria de ir. É mais fácil ir a Portugal, porque podemos ir e voltar num só dia, um dia inteiro, ou, quanto muito, ir um dia e meio ou dois dias». Vá lá, tirem o cavalinho da chuva. E por favor, não nos torrem mais a paciência e não inventem mais coisas para gastar fortunas desnecessárias. Os tempos não estão para gastos e gastos desnecessários é coisa que não se coaduna com a sobriedade e simplicidades deste papa. 
No entanto, dou a mão aos entusiastas do convite e faço a festa da seguinte forma. Só para não dizerem que sou do contra, que não veria com grande alegria a presença do Papa na minha querida terra. Vamos isto.
Se for para nos «puxar as orelhas» pelo marasmo em que vive a Igreja madeirense alimentando-se do devocionismo e gastando-se em festas em cima de festas (sobre este assunto leiam aqui o brilhante texto no Dnotícias de hoje de Nuno Jardim Fernandes. Ainda bem que alguém disse o que tenho vindo a pensar sobre esta avalanche absurda de festas numa terra com tantas necessidades). 
Desejo que as intervenções do Papa tenham presente o tema da demissão em relação à caridade dos mais pobres, acabando de vez com uma Cáritas empresa que tem cometido atentados insultuosos com os mais pobres, gerida por assalariados, coisa estranha numa organização vocacionada para o voluntariado, vai também falar-nos do enorme património abandonado entre à rataria em locais nobres da nossa cidade e do estado em que está o nosso Seminário e na educação dos futuros sacerdotes.
Virá falar a esta Igreja da Madeira que prega a inclusão mas há quarenta anos que excluiu um padre suspenso ad divinis com base num infantilismo incompreensível e absurdo, que por interposta pessoa, se excluiu uma comunidade paroquial, a Ribeira Seca em Machico. Vai dar-se conta de igreja parada no tempo sem diálogo com a cultura, reduzia a meia dúzia de auto eleitos que dominam tudo o que pertence à Igreja como se fosse património seu, sem transparência nenhuma quanto a contas e sem diálogo sobre os assuntos que dizem respeito a todos. Vão dar o item ao Papa que entre nós há pregações sem luz, sem carne, sem vida concreta dos homens e mulheres concretos do nosso tempo. Vão dar conta também que há um clero totalmente entre a si próprio, porque há uma clara determinação em marginalizar. 
Vão dizer-lhe que temos uma catequese escolarizada e que os jovens estão loucos ao fim de dez anos de catequese para se porem andar da igreja e que saem revoltados, enjoados contra os padres e tudo o que tenha aroma de religião… Quem ler este escrevinhar, pode estar à vontade e acrescentar a lista para que as entidades responsáveis pela organização da visita, que vão ler este texto possam desde já tomar nota do pulsar da Igreja das bases.
Se for para falar disto e apontar os bois pelos nomes, faço festa e contribuo com tudo o que esteja ao meu alcance para que venha o Papa Francisco à Madeira. Agora se for para engrandecer o turismo falando de flores e da beleza da Madeira, não contem comigo. Estou fora.

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