Breve reflexão para a missa deste 2º domingo do tempo do Advento
João Baptista é
a voz que clama no deserto a revolução de Deus: «Preparai o caminho do
Senhor, endireitai as suas veredas». A voz do Filho de Zacarias, está na
senda do profeta Isaías que proclama o sonho de Deus, que consiste na grande
revolução que Deus deseja levar a cabo. A nós, cabe-nos prepararmo-nos para a
mudança a transformação da vida, a nossa vida e a deste mundo. Não
pode ser impossível fazer do mundo um lugar de paz e de saudável convivência
sem prejudicar ninguém, mas fazendo tudo para todos serem felizes à nossa
volta. Se me dizem que isto é impossível, então, atraiçoamos a inteligência e o
engenho que nos foram dados. Não podemos amordaçar o melhor da humanidade.
Diz assim o
Profeta: «No monte Sião, o Senhor do universo prepara para todos os povos
um banquete de carnes gordas, acompanhadas de vinhos velhos, carnes gordas e
saborosas, vinhos velhos e bem tratados»; «Aniquilará a morte para sempre.
O Senhor Deus enxugará as lágrimas de todas as faces, e eliminará o opróbrio
que pesa sobre o seu povo, sobre toda a nação». É o sonho, o desejo, a
vontade de Deus, que ecoa sobre os telhados dos tempos pela voz dos profetas.
Até porque Origines, o cristão do séc.
II, confirmou que «cada um o que era antes de ter fé; e constatará que era um
vale profundo, a pique, mergulhado nos abismos». Mais ainda adianta o pensador cristão
Origines que «todos os vales podem ser aplanados. Eles podem ser aplanados com
as boas obras e os frutos do Espírito Santo. A caridade não deixa subsistir em
ti vale algum e, se possuíres a paz, a paciência e a bondade, para além de
deixares de ser um vale, também começarás a ser uma montanha de Deus.
Esta urgência de
Deus, nada tem a ver com a lógica dos poderes instalados deste mundo, porque
não procuram o bem para todos. Os poderes actuais do mundo estão todos ao
serviço dos interesses de grupos económicos e seguem a lógica do mercado. É o
lucro e as mais-valias do dinheiro que movem os poderes. Mas logo se segue uma
multidão imensa de pobres, porque esta lógica assenta na injustiça e no
açambarcamento dos bens da natureza de forma desregrada, para fixar-se numa
«economia que mata» (Papa Francisco). Por isso, há algo terrível, que vamos
vendo através dos enormes sinais desastrosos assentes nos enormes
desequilíbrios humanos, espirituais, sociais e ambientais a humanidade não tem
futuro.
As várias
cimeiras temáticas, não levam a conclusões nem levam as nações a compromissos sérios
na construção do bem comum. Porque não se acaba com o escândalo da fome no
mundo? Porque não se distribui a riqueza de forma partilhada, para que toda a
humanidade pudesse sobreviver condignamente? - Faz falta mudar atitudes e
deixar de criar subterfúgios comodistas. A mudança implica sempre expressar
acções concretas de justiça e de fraternidade, é o único modo de nos preparamos
para a vinda de Jesus.
Precisamos de um
mundo justo, preocupado com o bem para todos. Só a vida doseada com alguma
espiritualidade poderá levar-nos à felicidade, que implica transformação,
mudança concreta.
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