Eis uma breve lição
sobre o dom da palavra e o que fazemos com ela. Antes acreditar no absurdo do que admitir que possa ser possível a falta de verdade prejudicar meio mundo, a partir da boca do outro meio mundo, que até às vezes se considera profundamente religioso com Nossa Senhora, Jesus, o Espírito Santo e a plêiade de santos na boca, mas com o coração cheio de maldades. Este meio mundo, com a inverdade mata a boa fama, a dignidade, rouba o pão da mesa dos outros e fere a justiça em todas as suas vertentes... Antes a fé no inverosímil do que a confirmação que pode ser possível a barbárie pela mentira comanda a vida. Vejamos...
Conta-se na ordem de São Domingos que,
certa vez, estando São Tomás de Aquino em sua cela no convento de São
Jacques, estudando e trabalhando sobre obscuros manuscritos medievais, entrou
de repente um frade folgazão que foi logo exclamando com escândalo:
– Vinde ver, irmão Tomás, vinde ver um boi voando!
O grande doutor da Igreja, muito
serenamente, ergueu-se do seu banco, saiu da cela e, dirigindo-se ao átrio do
mosteiro, se pôs a olhar o céu, com a mão em pala sobre os olhos fatigados do
estudo.
Ao ver a atitude do irmão Tomás, o frade
jovial desatou a rir com estrépito.
– Ora, irmão Tomás, então sois tão
crédulo a ponto de acreditardes que um boi pudesse voar?
– Por que não, meu amigo? – tornou o
santo.
E, com a mesma singeleza, flor da
sabedoria, completou:
– Eu preferi admitir que um boi voasse a
acreditar que um religioso pudesse mentir.
Relato recopilado por Malba Tahan em “Lendas do Céu e da Terra”
In Aleteia
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