Pão quente da Palavra - domingo V Tempo
Comum
O impulso de Jesus no Evangelho é
sintomático: «Vamos a outros lugares, às povoações vizinhas, a fim de pregar aí
também, porque foi para isso que Eu vim». Temos de redescobrir a urgência da
missão, a qual não se identifica com o proselitismo, constrangendo os outros a
adoptar o nosso modo de pensar e de ver, nem se reduz a uma mera inculturação
do Evangelho, mas que antes é uma encarnação da Palavra de Deus na
multiplicidade de condições humanas, línguas e costumes das pessoas que se vão
encontrando.
A exclamação Paulina «Ai de mim se eu
não anunciar o evangelho» (1 Cor 9, 16), é igualmente válida para todo aquele
que, sendo leigo, presbítero, bispo ou Papa, recebeu das mãos da Igreja o
Evangelho, esse mesmo Evangelho que deve propagar como se difunde «o perfume de
Cristo» (2 Cor 2, 15) entre aqueles que estão perto e os que estão longe.
Jesus não quer que acabemos por desvalorizar
o Evangelho que foi depositado em nós como «um tesouro, em vasos de barro» (2 Cor
4, 7), mas quer antes que arrisquemos tudo para o fazer atractivo e útil ao
sentido da vida da humanidade inteira. Jesus Cristo em pessoa é o tesouro,
achado no meio do campo, pelo qual vale a pena vender quanto possuímos e somos,
a fim de o adquirir. Por ele somos chamados a considerar tudo como «lixo, a fim
de ganhar Cristo e Nele encontrados» (Fl 3, 8-9).
O Evangelho completa a sua carreira com
os pés cansados, cobertos de pó e não raro feridos, mas como Paulo diz, o que
mais importou foi precisamente isto: «nada mais quis saber, a não ser Jesus
Cristo e este crucificado» (1 Cor 2, 2).
Neste suspiro de São Paulo, todo o
cristão se revê. O Evangelho, é a grande Palavra para o cristão - qual terreno,
onde se mostra o tesouro Jesus Cristo - para ser depois apresentado por cada um
de nós que já alimentamos o sentido da vida com as pérolas do seu ensinamento.
A descoberta deste tesouro de alegria,
de paz, de amor e de plenitude, deve fazer de todos os cristãos, pessoas
inquietas enquanto a mensagem do Evangelho não chegar a todos os corações. Por
isso, façamos do desabafo de Paulo a nossa respiração e que todos possam dizer,
não sei viver neste mundo se não dou aos outros tudo o que Jesus já me deu.
Esta oferta pode, se nós quisermos, embelezar o nosso mundo e a vida toda.
1 comentário:
sr.padre, essa missão de evangelização inclui o apelo à conversão, para que coloquem o coração e a alma em Deus e acreditem que Jesus é o Messias, Filho de Deus e acreditando Nele tenhamos a vida eterna?
sobre proselitismo não sei, concordo que sem dúvida não é para colocar os outros a adoptar o nosso modo de pensar e ver, mas não será para adoptarem o modo de Deus pensar e ver?
As palavras do Senhor do mandato que nos deu são fortes, de apelo à conversão.
"se não fordes recebidos em alguma localidade, se os habitantes não vos ouvirem, ao sair de lá, sacudi o pó dos vossos pés como testemunho contra eles"
"Os Apóstolos partiram e pregaram o arrependimento"
"Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a toda a criatura. Quem acreditar e for baptizado será salvo; mas, quem não acreditar será condenado."
"Foi-me dado todo o poder no Céu e na Terra. Ide, pois, fazei discípulos de todos os povos, baptizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a cumprir tudo quanto vos tenho mandado."
"Estes, porém, foram escritos para acreditardes que Jesus é o Messias, o Filho de Deus, e, acreditando, terdes a vida nele."
Não é isso que diz a Sacrosanctum concilium no ponto 9?
"os homens, antes de poderem participar na Liturgia, precisam de ouvir o apelo à fé e à conversão: «Como hão-de invocar aquele em quem não creram? Ou como hão-de crer sem o terem ouvido? Como poderão ouvir se não houver quem pregue? E como se há-de pregar se não houver quem seja enviado?» (Rom. 10, 14-15).
É por este motivo que a Igreja anuncia a mensagem de salvação aos que ainda não têm fé, para que todos os homens venham a conhecer o único Deus verdadeiro e o Seu enviado, Jesus Cristo, e se convertam dos seus caminhos pela penitência. Aos que crêem, tem o dever de pregar constantemente a fé e a penitência, de dispó-los aos Sacramentos, de ensiná-los a guardar tudo o que Cristo mandou, de estimulá-los a tudo o que seja obra de caridade, de piedade e apostolado, onde os cristãos possam mostrar que são a luz do mundo, embora não sejam deste mundo, e que glorificam o Pai diante dos homens. "
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