Escrever
nas estrelas
1. As situações limite que a vida
apresenta frequentemente lavam-se com lágrimas e com perplexidade. Pior se for
com a revolta contra tudo e contra todos. A primeira acontece sempre quando a
dor é fundo, a segunda também acontece muitas vezes, mas no que adianta,
podemos dizê-lo, é zero.
2. Tantas vezes os meios humanos
esgotam-se e não correspondem à solução que se busca. Nada deste mundo é
perfeito e todos os que no passado já garantiam as soluções definitivas, estão a
dormir o sono eterno nos cemitérios.
3. Havia uma mulher desenganada, que
tinha batido em todas as portas do mundo, é verdade que todas se abriam e até
davam o melhor que tinham para que a cura acontecesse. Mas nada. Anos e anos a
fio nesta canseira inglória. Mas, certo é que neste vaivém deambulou esta
mulher sobre um oceano de lágrimas que o sofrimento fazia verter sobre a fétida
chaga dolorosa.
4. Noutro momento havia um pai aflito
sem saber mais o que fazer, o que pedir e muito menos a quem pedir. Há uma
filha à porta morte em casa sobre a enxerga do desespero e da dor. Não há cura
nem vida suficiente que estanque tanto desespero e perplexidade.
5. Ambos os casos movidos pela força da
fé, sentiram que lhes resta o «poder de Deus», que viram em Jesus que passa
pelos caminhos do mundo e da vida. A Ele, recorreram humildemente. Obviamente
que o «médico divino» curou a mulher e a menina já morta voltou à vida. Todos
se riram dele. Porque segundo um estudo bem recente, os que não crêem são mais
inteligentes que os se movem pela fé.
6. O melhor remédio para todo o género
de sofrimento é a confiança, porque a cura acontecerá sempre, mesmo que seja necessário
experimentar algumas vezes a profundidade da morte. Mas o que será isso? – Nada
na imensidão da força interior da lista infinita dos verbos «E mesmo se alguns
verbos me enchiam os olhos de lágrimas, pelas imagens interiores que
espontaneamente acordavam, era impossível não ler essa lista interminável com
um profundo sentimento de gratidão» (Tolentino Mendonça).
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