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sábado, 18 de julho de 2009

O passeio do meu contentamento

Hoje revisitando a Serra da Arrábida, descobrindo entre o cerpentear dos vales o som presente de um tempo futuro, que nos revelam as encostas verdejantes que vão do mar até ao céu. Um quadro maravilhoso, que merecia uma discrição à João Bernard da Costa (antigo director da Cinemateca Portuguesa ou o mais sublime sábio de cinema que alguma vez Portugal viu nascer). Dele sabemos ser o maior apaixonado de Portugal por esta Serra.
Qualquer um que escreva sobre esta Serra, parece que ofende a memória inesquecível do João Bernard da Costa, porque só ele e mais ninguém conhecia esta Serra e só ele a sabia descrever da forma mais bela possível. Mas, hoje (18-07-2009), por lá passei mais uma vez e vi como é bela esta Serra e como corresponde magníficamente às discrições do João Bernard da Costa. Que linda lembrança me veio à memória hoje, até fiz dela uma oração.
Também lá estava belo como sempre o Convento dos Capuchinhos da Arrábida. Entre o oceano imenso de verde, destaca-se aquela nuvem de cal branca, mostrando no meio da encosta o acontecer do repouso e da oração - desconheço se o convento hoje está activo como convento ou se está como hotel ou pousada. Seja o que for é um símbolo do equilíbrio entre a natureza e a civilização e, se não é agora, foi durante muito tempo um sítio de repouso e de oração. E se for hotel, também creio que se enquadre dentro dessas características.
Por fim, aportamos em Évora, onde se pode saborear o Templo de Diana ou Templo do Imperador como agora dizem. E sob um certo calor, um pouco forte, como dizem os espanhóis, passeia-se pelas ruelas da cidade de Évora, património da humanidade, até à famosa Capela dos Ossos, onde os Frades quiseram marcar a condição humana e o destino final do corpo humano. Por isso, faz sentido não entrar sem primeiro ler e meditar sobre a famosa inscrição: «Nós ossos que aqui estamos pelos vossos esperamos». Nem mais, como diria Dante na Divina Comédia, na inscrição da porta do inferno: «Óh vós mortais, deixai toda a esperança»!
Mas, ainda prefiro saborear outro género de arte. Por exemplo, um Pelicano empedrado sobre o pórtico belíssimo da Igreja de São Francisco. Uma ave que se morde a si mesma para alimentar os seus filhotes com o seu sangue e com a sua própria carne, quando não tem alimentos para os saciar da fome. Um dos muitos símbolos da Eucaristia e também símbolo de todos aqueles e aquelas que sempre abdicam de viver como desejariam para que os outros vivam em abundância, à maneira do Evangelho de Jesus Cristo.
Para hoje guardo e partilho estas singelas impressões entre muitas outras, para que vós também como eu possam saborear um momento de paz ou apenas pura curiosidade.

1 comentário:

M Teresa Góis disse...

O passeio do seu contentamento e do meu também! Sabe bem ouvir falar da imponência cinzenta, verde, que se despenha no mar azul que é tudo Arrábida!Quantos acampamentos, quantos passeios, quantas vezes lemos Sebastião da Gama junto ao Convento...Bateu-me forte a saudade, doeu-me forte a saudade...Ainda bem que ainda há olhos e almas que sabem absorver e inebriar-se com esse prazer! Tudo de bom.tukakubana