Igreja Católica
A denúncia de assédio sexual contra o bispo D. Carlos Azevedo está
envolta num tremendo mistério. Se for apenas o que tomamos conhecimento pela
comunicação social, estamos perante um linchamento de uma pessoa e perante uma
situação que a todos deve fazer pensar muito. Porque um dia destes qualquer um
pode ser acusado de assédio sexual só porque fez um aperto de mão. Não creio,
que o teor das denúncias, se resumam apenas a isto que é dito por todo lado
sobre o assédio do bispo que é quase nada.
Coisas estranhas
O alegado assédio sexual passou-se nos anos 80, só em 2010, o
padre denunciante lembrou-se de fazer a denúncia. A Nunciatura não ouviu o
acusado, pelo contrário, foi intermediária provavelmente da promoção do bispo
acusado, que o levou para o Vaticano, para assumir um importante cargo no
domínio da cultura. O comunicado da Comissão Permanente da Conferência
Episcopal Portuguesa não diz nada, nas entrelinhas diz muito e entala ainda
mais o bispo acusado. O Patriarcado, na pessoa do Cardeal D. José Policarpo, que
se pressupõe conhecer muito bem o Bispo D. Carlos Azevedo, calou-se, empurra a
questão com a barriga e diz que o assunto não é seu, mas da Nunciatura. Um
imbróglio atabalhoado que entala uma pessoa sem piedade nenhuma.
A seguir fiquei atónito com as declarações de outro bispo D.
Januário Torgal Ferreira. São de uma irresponsabilidade horrível e uma falta de
lealdade que está nos píncaros da proteção que nestas situações deve existir na
camaradagem e na condição de ser colega ou até quiçá amigo. A seguir as
declarações do Padre Carreira das Neves também revelam uma imprudência
inqualificável. Resumem-se as declarações de um de outro a isto, nada que não
se esperasse, confirmou-se o que se falava à boca pequena, que havia assédio
sexual e homossexualidade.
Se o assédio consiste numas carícias, palavras, ideias,
insinuações, sugestões e alguma prática sexual entre adultos, pressupõe-se
tolerância de parte a parte e se algo foi forçado então devia ser considerado
crime à integridade física e como tal devia ter sido denunciado à justiça dos
tribunais logo de imediato e não ter ficado tanto tempo à espera não se sabe do
quê. Não tendo sido denunciado à altura dos factos e só passados tantos anos, há aqui algo de muito esquisito e levanta-me sérias suspeitas de que estamos perante brigas e ciúmes passionais, que resultam em
vinganças. Face a isto estamos perante algo que é muito grave vindo de quem
vem, figuras eminentes de quem se espera carácter impoluto.
Luta de galos permanente
A seguir tendo em conta as graves declarações de D. Januário
Torgal Ferreira, as do Padre Carreira das Neves, o comunicado da Conferência
Episcopal, o silêncio da Nunciatura e do padre denunciante, fico com a ideia e
penso que uma grande maioria da opinião pública, de que a Igreja Católica em
Portugal é um albergue de gente que se alimenta do falatório de uns contra os
outros onde não falta a calúnia, a vingança e o desprezo pelo bom nome das
pessoas. Dá a ideia que parece existir uma luta de galos que não tem em conta
os meios para alcançar os seus fins. D. Carlos Azevedo é um investigador, um
intelectual da Igreja Portuguesa, é normal que num clero anormal, porque pobre
de cultura, surjam investidas contra os cultos e os que vão construindo um
percurso enorme quanto ao seu contributo para o desenvolvimento intelectual da
sociedade e da Igreja. A confirmar-se isto, é chegado o tempo de colocar padres
e bispos num mega retiro a refletir sobre a vida pouco digna a que está votada
a nossa Igreja, que devia antes centrar-se no Evangelho de Jesus de Nazaré, que
acolhe os pecadores com a maior das aberturas e com misericórdia incondicional.
Já me tinha dado conta há muito tempo que dentro do clero católico
reina a inveja e o rebanho de cordilheiros multiplica-se como cogumelos. O
clero na sua maioria hoje, alimenta-se de uma pobreza intelectual e espiritual
impressionante. Se tivéssemos gente de alto gabarito intelectual, dedicados à
investigação, à leitura e ao estudo não ficaria tempo para a intriga, para a
inveja, o falatório de sarjeta e este tipo de denúncias maldosas e vingativas
que não se importa com o bom nome das pessoas e das instituições.
Mudança urgente
Não pretendo com isto branquear o que quer que seja. Mais
serenidade nas coisas e mais ponderação poderiam salvar-nos a todos destas
vergonhas abjetas. Todos devem concentrar-se na vida que se deseja com paz e
felicidade, tudo o resto é acessório. E o desprezo que alguns hierarcas vão
pregando contra a sexualidade e apontando o celibato como o único ideal de
salvação redunda nesta tristeza.
Por isso, urge que a Igreja Católica venha para a praça e diga claramente, a sexualidade é um bem querido por Deus, faz parte da humanidade inteira, não é um pecado como absurdamente às vezes é defendido, todos os homens e mulheres têm direito a viverem a sua sexualidade como muito bem entenderem dentro das normas elementares do respeito e da saúde. Sem esta mudança urgente nunca deixarão de existir vítimas que dentro e fora da Igreja vão sofrendo o calvário dos desvios tenebrosos que conduzem ao crime ou à desgraça da difamação por qualquer gesto que indicie comportamentos pouco dignos. Esta mudança não é para amanhã é para ontem.
Por isso, urge que a Igreja Católica venha para a praça e diga claramente, a sexualidade é um bem querido por Deus, faz parte da humanidade inteira, não é um pecado como absurdamente às vezes é defendido, todos os homens e mulheres têm direito a viverem a sua sexualidade como muito bem entenderem dentro das normas elementares do respeito e da saúde. Sem esta mudança urgente nunca deixarão de existir vítimas que dentro e fora da Igreja vão sofrendo o calvário dos desvios tenebrosos que conduzem ao crime ou à desgraça da difamação por qualquer gesto que indicie comportamentos pouco dignos. Esta mudança não é para amanhã é para ontem.
5 comentários:
Bom dia!
Execelente.
PR
«Honi soit qui mal y pense!»
Linchamento execrável, vingança atroz, miserabilismo mental...
Que maravilha de texto. É exactamente isso que penso e subscrevo. Não se manda pessoas do "trono" para a sarjeta.A sua posição é a do Evangelho, a dos outros que citou é a da "intriga" e da "inveja".
Tenho as mesmas dúvidas que o sr tem e gostei o ler.
A maior parte dos "bons cristãos" pensa e diz que não sabe do que se confessar, que não tem pecados graves, porque não mata nem rouba...
Para mim,a difamação é um claro atentado contra o 5.º Mandamento, é MATAR, sim! Portanto, eu acrescentaria à vingança, à calúnia, à inveja e aos outros conceitos contidos no texto, outro: o homicídio (pelo menos, moral).
Nunca mais desaparecerá da cabeça de D. Carlos Azevedo a sombra da dúvida, dentro e fora da hierarquia, dentro e fora da Igreja.
É preciso coragem para denunciar as denúncias mal formadas e mal intencionadas, seja ou não este o caso!
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