Mesa da palavra
Comentário à missa do próximo fim de semana
I domingo da Quaresma
A história pessoal de cada um e de todos nós, pode
ser às vezes um deserto, onde as tentações para o mal podem ser abundantes. Mas, vejamos que o deserto pode ter dois sentidos, um
positivo e outro negativo.
Do
ponto de vista positivo, podemos dizer que o deserto é uma ocasião propícia
para o silêncio, para a oração e para a penitência. Mediante estes aspectos
podemos reencontrar o sentido da vida e redescobrir tudo aquilo que é
fundamental para sermos felizes. O deserto pode ser ainda uma ocasião onde
deixamos o Espírito nos encher de verdade por dentro e assim criarmos as
condições necessárias para assumir plenamente todos os projectos da nossa vida.
Jesus dá-nos o exemplo. Ele retirou-se para o deserto, orou e jejuou durante 40 dias.
Do ponto de vista negativo, o deserto pode ser tudo
o que não tem sabor nem é importante para nos tornarmos mais humanos e mais
irmãos uns dos outros. O deserto pode ser toda a nossa propensão para a
esterilidade do amor. Uma vida toda carregada de egoísmo e de ódio contra os
outros é uma vida no deserto árido sem sombra de existência verdadeira.
Os nossos desertos também podem ser positivos ou
negativos. Porém não podemos esquecer que em nenhum momento o Espírito Santo
nos abandona. Assim, podemos estar seguros que o amor de Deus ou o Espírito
Santo, será a força principal que nos guiará para a verdade e nos livrará de
todas as tentações que o diabo intente contra o nosso coração.
As tentações fazem parte da vida e podem ser uma
constante no nosso pensamento e no nosso coração. Porém, se acreditamos de
verdade na mediação fiel do Espírito Santo nada nos pode demover daquilo que
escolhemos para a nossa vida.
Nenhuma pessoa pode, em nenhum momento,
vangloriar-se de que está livre de tentações. Porque todos os seres humanos
estão sujeitos às travessias no deserto e em qualquer momento podem ser
atacados com as piores artimanhas do mal.
O diabo ou demónio, é uma figuração do mal. É a
nomeação de tudo aquilo que seja contra a dignidade humana. O demónio, é um
nome que manifesta a força do mal ou da maldade que gera o coração da humanidade e
a lógica do mundo.
Parece que nem o próprio Jesus se livrou dessa
propensão, embora sendo verdadeiramente Deus. A humanidade de Jesus foi
assumida em toda a sua radicalidade e neste momento também podemos perceber de
verdade, como Jesus não deixa de assumir as tentações como aspecto peculiar da
condição humana. Elas tornam-se um instrumento, que Jesus utiliza para nos
mostrar que na nossa vida, embora também cheia de tentações, devemos mediante a
presença do Espírito Santo, lutar sempre contra tudo o que nos desvie do
caminho do bem. E se quisermos podemos sair sempre vencedores. É esse o objectivo de Jesus, mostra que é sempre possível para todos.
1 comentário:
Padre José Luís, Amigoe Irmão, estou, novamente perante um lindo texto, que nos interpela e que nos faz reflectir que da fragilidade poderemos erguer coisas novas e inaugurativas em projectos de vida. Pelo Deserto passou Jesus e da sua angústia existencialista (considero-o nos textos´do Novo Testamento que Ele foi 1º tal como Pedro)Este que queria ser o herói e morrer pela causa de Jesus -não de Deus, mas do Homem e Amigo, porém rejeito-o três vezes. E chorou amargamente. Pq só verificou que Ele era Deus a partir da Ressurreição, tal como os Apóstolos. Todos fugiram. Talvez a que estava mais no caminho do Deserto da proximidade foi Maria Madalena, que O aceitou desde a 1ªHora. Os "desertos" da mãe de Tiago e de João, querendo lugares de primazia para os seus filhos. Ai, quantos desertos temos nos tempos actuais? Sentimo-nos vazios e ocos pq ainda cobiçamos os tais "desertos do mal". Somos totalmente desafiados pelos demónios do poder, vanglória, riqueza, ambição, invejas, maledicências, egoísmos e ainda não descobrimos, apesar da nossa religiosidade e da fé o Projecto de Jesus.O nosso unico Deserto do Bem. Deserto esse que será o nosso Oásis. Vem, Senhor Jesus, queremos estar Contigo no teu Deserto em pleno sec XXI. Nas augústias e tristezas e nas alegrias esperanças que abalam as mulheres e homens dos nossos dias.
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