A fé não é sem o amor aos outros
O Evangelho segundo
São João apresenta-nos o mandamento novo de Jesus: «Como eu vos amei, amai-vos
também uns aos outros». Não é fácil cumprir este mandamento que Jesus nos manda
viver. A nossa vida está tão repleta de tantas coisas complexas demais que se
torna, por vezes, impossível corresponder ao mandato de Cristo. Todos temos
experiências de relações com outras pessoas que nos marcaram profundamente para
o bem e para o mal.
No entanto, cada um
deve em primeiro lugar ser capaz de acolher todos aqueles que Deus colocou na
sua vida e amá-los profundamente. Dessa forma, já viveremos o mandamento novo
que Jesus nos ensina. Os contextos mais difíceis do mundo são o melhor lugar
para viver o amor.
Primeiro que tudo,
devem estar no nosso coração todos os que a vida nos ofereceu como membros de
família, do trabalho, da opção pessoal e de todas as caminhadas que realizamos.
Logo depois, somos desafiados a viver o amor para com todos aqueles que se
cruzam connosco no dia a dia.
A esta forma de vida
não se chama ingenuidade ou inocência doentia, mas disponibilidade para a
vivência da felicidade pessoal e dos outros. Não devemos aceitar todas as
patetices e asneiras da humanidade ou da sociedade onde estamos inseridos,
mas somos chamados a acolher, compreender e perdoar. O amor que Jesus nos manda
viver como elemento essencial do seu Reino passa pela entrega ao serviço dos
outros e pelo acolher a todos como irmãos.
O reino de Jesus Cristo
está identificado pela fraternidade. Até podemos definir a religião cristã como
uma fraternidade. Ninguém se pode dizer cristão se não vive a dinâmica da
amizade e da abertura aos outros como irmãos como valor fundamental da sua vida
diária. Talvez seja esta visão do cristianismo que nos leva a concluir que esta
religião é difícil de se viver. No entanto, não devemos deixar que este
pensamento nos atrofie a coragem ou a entrega à descoberta do essencial para a
felicidade.
A descoberta do amor é
um bem crucial para a realização de cada um como ser humano e como pessoa. Por
isso, desistir de o procurar será como que dizer não à vida e ao que ela tem de
mais belo. Deus, pela pessoa de Jesus convoca-nos para o ideal do amor e cada
um de nós deve procurar corresponder o mais que puder para esse chamamento/apelo
frequente de Deus.
As coisas boas da vida
não são fáceis de conseguir e exigem sempre uma dose de persistência, boa
vontade, de luta e de paciência para se realizarem como sonhamos e desejamos.
Porém, nada nos deve demover deste ideal sublime que Jesus nos oferece. O
cristão é aquele que se reconhece discípulo de uma pessoa que o chama em cada
momento da vida para o ideal do amor, mas que se reconhecendo limitado procura
não desistir de tentar enquadrar no seu viver a proposta do amor.
Todos só seremos
verdadeiros homens e mulheres se soubermos amar sem condições a todos os que se
cruzam no nosso caminho. Diz-nos claramente Jesus Cristo: «se vos amardes uns
aos outros», conheceremos claramente o conteúdo e o significado da felicidade.
Nada nem ninguém deve
sentir-se inibido perante o dom maravilhoso da vida e deve procurar conduzir os
passos e as opções para o sentido do amor que salva e liberta da escravidão do
desespero.
Só o amor salva e só o
amor nos revela o conhecimento da verdadeira luz que nos guia na escuridão
deste tempo de vida do mundo. O amor é o outro nome da paz. Por isso, serão bem-aventurados
todos os que promovem o amor sempre para a vida toda e em toda a vida.
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