Comentário à missa do próximo domingo
2 de fevereiro de 2014, Apresentação de Jesus no Templo
No dia 2 de fevereiro a Liturgia celebra
a Vida Consagrada. No “Dia da Vida Consagrada”, a liturgia celebra a
“Apresentação do Senhor” no Templo de Jerusalém. Esse ícone – que expressa a
entrega total de Cristo, desde os primeiros momentos da sua existência terrena,
nas mãos do Pai – convida todos os consagrados e consagradas a renovar a sua
entrega nas mãos de Deus e a fazer da própria existência um dom de amor, um
testemunho comprometido da realidade do Reino, ao serviço do projeto salvador
de Deus para os homens e para o mundo.
Quarenta dias após o nascimento de Jesus, em
obediência à lei de Moisés (Ex. 13, 11-13), Maria leva o Menino ao templo, a
fim de ser oferecido ao Senhor. Toda a oferta implica uma renúncia. Por isso, a
Apresentação do Senhor não é um mistério gozoso, mas doloroso. Começa, nesse
dia, o mistério de sofrimento, que atingirá o seu ponto culminante no Calvário,
quando Jesus, que não foi «poupado» pelo Pai, oferecer o Seu Sangue como sinal
da nova e definitiva Aliança. Ao oferecer Jesus, Maria oferece-Se também com
Ele. Durante toda a vida de Jesus, estará sempre ao lado do Filho, dando a Sua
colaboração para a obra da Redenção.
O gesto de Maria, que «oferece», traduz-se em gesto litúrgico, quando ao celebrarmos a Eucaristia, oferecemos «os frutos da terra e do trabalho do homem», símbolo da nossa vida.
O gesto de Maria, que «oferece», traduz-se em gesto litúrgico, quando ao celebrarmos a Eucaristia, oferecemos «os frutos da terra e do trabalho do homem», símbolo da nossa vida.
As várias procissões de velas, que se podem fazer
neste dia, são acesas em honra de Cristo que vem como luz das nações, e ao
encontro da Igreja que caminha guiada já por essa mesma luz.
O dia das Candeias serve para cada um de nós fazer
esta reflexão com base neste dizer do Papa Francisco: "Cada um de nós pode
perguntar-se hoje: Como vivo na Igreja? Quando vou à igreja, é como se
estivesse ao estádio, a um jogo de futebol? É como se fosse cinema? Não, é outra
coisa. Como é que eu vou à igreja? Como acolho os dons que a Igreja me oferece,
para crescer, para amadurecer como um cristão? Participo na vida da comunidade
ou vou à igreja e fecho-me nos meus problemas, isolando-me do outro? Neste
primeiro sentido, a Igreja é católica porque é a casa de todos. Todos são
filhos da Igreja e todos estão nessa casa." Na mesma ocasião, o Papa explicou também as implicações do termo "católico",
palavra de origem grega que significa "universalidade",
"totalidade". Deste modo, o nosso estar na Igreja, vai fazer-nos
mais e melhor Igreja com todos, realizando o ministério do encontro fraterno.
A fé não pode ser uma mediação de
gratuidade para viver entre quatro paredes. Mas tem que ser luz para a vida toda e a vida com todos. Pois, se assim não for, o papel da
Igreja seria inútil nem teria qualquer viabilidade histórica e social. A fé,
torna-se um dom que se acolhe na intimidade do coração, mas que ganha
visibilidade na acção concreta da pessoa que procura construir a sua história
de vida. Não pode haver uma fé que se reduz a um puro sentimento íntimo sem
implicação nenhuma na vida e no mundo. Não há fé privada nem muito menos fé
pública. A fé é por si mesma, em todos os momentos da vida, nas ocasiões mais
privadas e nas ocasiões mais públicas.
Não se compreende porque têm medo as
pessoas de confessar a sua fé, como fazem em relação ao seu clube desportivo, à
sua defesa da natureza, ao seu partido político ou à vida da cidade... Mas,
quando se trata da religião, as coisas não são vistas com a tolerância que se
apregoa.
Também, não admira que o receio de
confessar a fé seja uma realidade porque a tolerância e o diálogo tornaram-se
palavras tão badaladas que até custa pronunciá-las agora. São muitos os
intelectuais da nossa praça com estas bandeiras, mas na hora da verdade são os
mais intolerantes e são os menos dialogantes porque recusam as convicções e a
fé dos outros com um menosprezo impressionante.
Jesus Cristo, para os
cristãos, continua a ser o guia para os caminhos da fé. E não esquecemos que ao
lado das manchas de pecado que acompanham a Igreja em nome da fé, está também,
do outro lado, o património, que encanta crentes e não crentes. Falamos da
dimensão do martírio e da abnegação infinita de disponibilidades em favor de
tantas causas humanas. A fé hoje também precisa desta luz para iluminar a
esperança nas veredas tortuosas deste mundo.
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