Comentário à missa deste domingo
III
Tempo comum, dia 26 de janeiro de 2014
O Reino de Deus, na Bíblia, designa um
governo ou domínio em que tem Deus por soberano ou governante. É sinónimo de
teocracia. Segundo o Gênesis, os primeiros humanos rebelaram-se deliberadamente
contra a soberania de Deus. O Reino Milenar de Cristo é subsidiário do Reino de
Deus. Entre os teólogos existe conceitos divergentes quanto ao que é
concretamente o Reino de Deus, que podemos sintetizar em três pontos: 1. um
governo real estabelecido no Céu; 2. uma condição mental existente nos
verdadeiros cristãos; 3. a Igreja Cristã.
Segundo uma outra interpretação
teológica, o Reino de Deus é o Projecto Criador de Deus a realizar neste Mundo
e que consiste na plena realização da Criação de Deus, finalmente liberta de
toda a imperfeição e compenetrada por Ele.
É interpretado também como o estado
terminal e final da salvação, onde os homens irão transcender-se e viver
eternamente com Deus. Lá, a lei do amor incondicional a Deus e ao próximo é
finalmente instaurada definitivamente. Não haverá mais tempo, mais sofrimento,
mais conflitos, mais ódio, e o céu e a terra unem-se finalmente. Embora Deus
seja Todo-Poderoso, Ele quer que nós, humanos, dotados de inteligência e razão,
participemos de um modo recíproco, livre e voluntário no Projecto Criador de
Deus, o maior de todos os projectos que o mundo jamais viu, englobando todos os
tempos, todos os povos e todos os seres do Universo.
Seguindo este pensamento, esta missão
torna-nos verdadeiros parceiros de Deus, com muita liberdade e simultaneamente
muita responsabilidade. Isto quer dizer que nós temos o poder e a capacidade de
acelerar a vinda do Reino de Deus com a nossa fé e esperança em Jesus Cristo e
com as nossas boas acções.
Os valores principais do Reino de Deus
são a verdade, a justiça, a paz, a fraternidade, o perdão, a liberdade, a
alegria e a dignidade da pessoa humana. «Arrependei-vos, porque está próximo o
Reino dos Céus» era o tema da pregação de João, o Baptista (Mateus 3:2). O
prometido Messias chegara, isto é, quando Jesus de Nazaré foi baptizado e
Ungido (Lucas 3:30,31), viu a prova da presença do Messias no meio do mundo.
Todo o ministério de Cristo girou em
torno do Reino de Deus. Ele instruiu os seus apóstolos dizendo: «Pregai que
está próximo o Reino dos Céus». Essas instruções seriam repetidas a todos os
seus discípulos, a todos os cristãos (Mateus 10:7; 24:14; 28:19-20; Atos 1:8).
A Bíblia inteira gira em torno da vinda do Messias e do Reino de Deus. Por
conseguinte, o Reino de Deus tinha um sentido profético e missionário na vida
da Igreja Cristã dos primeiros tempos.
Pois, então para os tempos de hoje
desejamos fazer um Reino de Deus que seja o nosso reino, onde todos têm lugar e
vez à mesa do Pão. Onde a paz não seja um desejo todos os dias adiando. Onde a
justiça se torna a norma de conduta das sociedades. Onde ninguém estende a mão
porque é mendigo, mas tem o seu trabalho e ganha o seu pão como fruto do seu
empenho, o seu suor e o seu esforço. Onde ninguém tem necessidade de emigrar
porque o seu país não lhe dá oportunidade de integração. Onde aqueles que fogem
da violência e da fome são acolhidos como semelhantes e irmãos. Onde ninguém
chora porque está a ser explorado. Onde ninguém sofre porque não tem remédios
nem mãos amigas que tratam. Onde ninguém é raptado. Onde ninguém é violado ou
objecto de comércio. Onde os idosos não são descartados. Onde as subidas ou
descida das ações de qualquer empresa não são mais importantes que um idoso. Um
não há «uma economia que mata» (Para Francisco). Onde não há gente maior e
gente menor. Mas apenas e só irmãos que se respeitam por que todos iguais na
dignidade e no valor da vida.
Por isso, o Reino de Deus
que acredito, cabe todos e, afinal, todos são olhados e tidos como realidade da
presença de Deus e por conseguinte carne da nossa carne que precisa de amor, de
compreensão e da ternura do encontro. É este o reino de Deus que o Evangelho de
Jesus anuncia.
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