Comentário para missa deste fim de semana, 19 janeiro de 2014
Domingo II tempo Comum
O tema da liturgia deste domingo é a
questão da vocação. Convida-nos a situá-la no contexto de Deus para o serviço
da humanidade e do mundo. No fundo, resume-se a isto, Deus é o Senhor da vida
plena e pretende oferecer à humanidade a vida em abundância, a vida eterna, por
isso, elege pessoas para serem defensores dessa causa na história e no tempo. É
este o projecto de Deus, o que deve ser também a nossa causa e a nossa fé, a
nossa esperança devem radicar neste horizonte.
A nossa vocação (ou as opções que inteligentemente
vamos tomando) segue o plano de Deus, tem origem em Deus, é alimentada por Deus.
Deus serve-se, muitas vezes, da nossa fragilidade, a nossa limitação para levar
adiante o Seu plano sem dramas.
Para os crentes, aquilo que fazemos de
bom e de bonito não resulta, portanto, das nossas forças ou das nossas
qualidades, mas de Deus. O coração do profeta não tem, portanto, qualquer razão
para se encher de orgulho, de vaidade e de auto suficiência, como fazem tantas
vezes as figuras que assumiram serviços públicos, convém ter consciência de que
não somos «super homens» e que por detrás de tudo está Deus, e que só Deus é
capaz de transformar o mundo, a partir dos nossos pobres gestos e das nossas
frágeis forças. A profissão vocacionada radica precisamente aqui, é serviço
desinteressado pelo bem comum, não se ensoberbece, mas humilha-se para servir
mais e melhor.
A partir de São Paulo, convém ter sempre
presente que a Igreja, a comunidade dos «chamados à santidade», é constituída
por «todos os que invocam, em qualquer lugar, o nome de Nosso Senhor Jesus
Cristo». É importante termos consciência que não há nada que nos faça diferentes,
maiores e mais importantes. Na comunidade somos todos irmãos. Nada deve
subverter essa realidade, nem a cor da pele, as diferenças sociais, as
distâncias culturais ou quaisquer outras diferenças. O que nos une é Jesus
Cristo que secundariza alguns elementos religiosos e centra-nos no essencial,
somos irmãos, Jesus Cristo e o reconhecimento de que Ele é o Mestre, o único
Mestre, nos orienta a vida e nos oferece a salvação.
Quem foi Jesus? – Pergunta-nos o
Evangelho. Jesus não foi mais um «herói», o «melhor homem da história», «um
homem bom», Jesus não é alguém que embelezou a história com o sonho idílico de
um mundo melhor e desapareceu, como os líderes de revoluções políticas que a
história apagou. Jesus é o Deus que Se fez pessoa como nós, que assumiu a nossa
humanidade, que trouxe até nós uma proposta clara e eficaz de salvação. Está
presente hoje nos caminhos da nossa vida, torna presente o Plano de salvação de
um Deus que é Pai/Mãe e que nos oferece a vida plena e eterna. Ele é a fonte da
vida e da liberdade, que nos desvela o sentido da prática do amor, para que
tudo o que fazemos esteja de acordo com esse dom de felicidade.
Neste sentido,
despertando para a nossa vocação, façamo-nos cientes de que só e apenas o Jesus
do Evangelho nos dá a liberdade e que nenhuma proposta ilusória de pseudo mestres
que aparecem em tantos momentos da nossa vida nos garantem senão a ilusão de
algum momento de prazer sem qualquer consistência de verdadeiro sentido para o
que somos e fazemos.
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