É deveras doloroso que o sistema
democrático, o melhor entre os piores que as sociedades já experimentaram,
esteja, hoje, a nos deparar tanto descrédito dos agentes políticos que o
compõem. É um drama que tal antipatia resulte da falta de respeito da aplicação
da lei, porque é deveras incompreensível, que os mesmos que a produzem sejam os
primeiros a fugirem, a contornarem e a aplicarem a lei de acordo com as suas
conveniências.
Outro dado radica na corrupção. É
dramático que sejam os agentes políticos eleitos pelo povo, os que mais falam
de equidade na aplicação da lei, na transparência dos agentes políticos e no
combate à corrupção, mas na realidade, sejam estes os primeiros a subverteram tudo
o que defendem quanto a esses aspetos.
Outro dado prende-se com o desplante que
muitos deles assumem perante a verborreia de mentiras perante o que vão fazer,
mas chegando aos cargos mantêm todos os privilégios que criticaram e as
mordomias que a conveniência de algumas leis absurdas feitas à sua medida ainda
lhes confere. São surdos, cegos e mudos perante a injustiça de rendimentos
duplicados e outras trapaças que só quem é zarolho não reconhece ou anda a
leste de tudo o que se passa de injustiça e de maldade dentro deste sistema
democrático, que o grande estadista inglês Winston Churchill, considerou ser «a
democracia a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que
foram experimentadas».
E face à aplicação da lei no que está
relacionado com o Fisco e a Segurança social é caso de trazermos à liça de
lembrança a frase do Padre António Vieira: «Não
são ladrões apenas os que cortam as bolsas. Os ladrões que mais merecem este
título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e as legiões, ou o
governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais, pela manha ou
pela força, roubam e despojam os povos. Os outros ladrões roubam um
homem, estes roubam cidades e reinos; os outros furtam correndo risco, estes
furtam sem temor nem perigo. Os outros, se furtam, são enforcados; mas
estes furtam e enforcam» (In Sermão do Bom Ladrão, Padre António Vieira).
Neste
âmbito não nos demitamos de responsabilidades. Somos cidadãos. Amamos a
democracia, este sistema que nos coloca no centro das decisões, por isso,
consideremos seriamente e façamos tudo o que esteja ao nosso alcance para que a
sociedade se organize na igualdade imprescindível para a paz pessoal e social, na
liberdade responsável e na fraternidade que conduz o nosso mundo à beleza e
grandeza da vida. Pensemos e consideremos seriamente para meditação: «O que me preocupa não é
o grito dos maus. É o silêncio dos bons» (Matin Luther King).
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