Comentário à missa domingo IV Tempo
da Quaresma, 15 de março de 2015
O amor de Jesus consagrou-nos para a
vida ressuscitada e gloriosa. Nisso está a descoberta do sentido da vida, não
só para o «já» da existência, mas também para o «ainda não». Para o presente e
para o futuro.
As nossas teimosias, o egoísmo, a
soberba e a constante tendência para os rancores muitas vezes por coisas de
nada do quotidiano, podem ser trevas terríveis, que cada um deve saber
identificar para melhor ultrapassar e não molestar o sentido da vida nem pôr em
causa a relação fraterna com os outros. Tem razão Shakespeare quando diz: «o
rancor é como tomar veneno e esperar que o outro morra». Este caminho pode ser
causa de infelicidade e de morte para tanta gente à nossa volta.
A descoberta do «grande amor de Deus por
nós» deve levar cada um a acabar com a prática das «más acções». Porque Jesus
pretende aplicar uma verdadeira ruptura com todo o sistema que oprime e mantém
o mundo coberto de trevas, isto é, envolvido na injustiça, na fome, nas doenças
e todo o género de calamidades que ferem a dignidade humana e que tantas vítimas
inocentes vai semeando no mundo envolto ainda no ódio.
Os fariseus actuais, ditos muito crentes
em Deus, mas envolvidos em instituições carregadas de poder, alienam e marginalizam,
porque se fecham à verdadeira acção de Deus, manifestada pela mão
misericordiosa de Jesus. Não sabem o que é o amor incondicional. Porque não
sabem, continuam a condenar e a não saber fazer a verdadeira destrinça do bem e
do mal. Tornam-se, por isso, contrários ao Reino do amor e continuam
teimosamente no sem sentido da vida de modo que a própria acção de Jesus e o
testemunho de todos os discípulos não conseguirão demovê-los dos seus doentios
preceitos e regras desumanas.
Muitos são os caminhos contra a vida que
Jesus destemidamente enfrenta. A sua acção desmascara totalmente todos os que
se acham mais do que os outros e mostra que o acesso à vida plena passa pela
radical entrega humilde e sincera à causa do amor manifestada pela Sua Acção e
aqui, de modo especial, manifestado pelo grande Apóstolo São Paulo. As trevas
deste mundo e a alienação nunca podem levar a melhor diante do mais elevado
testemunho sobre Aquele que diz ser: o caminho, a verdade e a vida. Por isso,
deixemos o nosso coração ser digno para dizer: «a luz veio ao mundo e foi muito
o nosso amor por ela». Deixemos que a luz nos ilumine a vida toda.
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