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segunda-feira, 30 de março de 2015

Madeira: absolutamente abstencionista

O povo madeirense é manhoso e abstencionista. É a principal conclusão que se tira das eleições regionais deste domingo.
Manhoso porque passa a vida a dizer que não vota em quem ganha e com isso vai arranjando uma narrativa para passar a vida a queixar-se. Comigo não pega mais, acabou.
O abstencionista porque não tem pachorra, os políticos são todos iguais e só querem é tacho, por isso, «não vou contribuir para que eles arranjem a sua vidinha e a minha cada vez mais desgraçada». «São todos das mesma m...». Ainda ontem ouvi este discurso perante a minha insistência com alguns abstencionistas que fui encontrando em dia de eleições.
O abstencionista é o demissionário da vida democrática é o principal responsável para que consecutivamente tenhamos mais do mesmo e para que não tenhamos uma democracia com alguma maturidade. Aqui alguns dirão, não ganhou o que ele queria que ganhasse, por isso diz que não temos uma democracia madura. Não se trata disso, trata-se de vermos a realidade com alguma lucidez. Nem muito menos se trata que ganhasse este ou aquele partido, trata-se de voltarmos a ser governados com maioria absoluta, quando as maiorias absolutas entre nós já provaram que resultam sempre em políticas duras contra o povo.
Então pergunto, como pode ter maturidade democrática um povo onde mais de metade dos eleitores se abstêm de votar, deixando que uma minoria decida os destinos da maioria? Como pode ter maturidade um povo que passa a vida a queixar-se de quem os governa e na hora da verdade volta a premiá-lo? – Vejam o que se passou ontem com as eleições francesas para os departamentos…
Alguns estão a justificar o seu voto com a ideia que não havia alternativa credível ao que temos tido até agora. Em parte é verdade. Mas nada justifica uma maioria absoluta perante as circunstâncias em que estamos mergulhados. Ontem quem foi votar esqueceu repentinamente da fome, do desemprego, da carga horrível de impostos que nos sufoca, da emigração em massa, das faltas no hospital, nas faltas na educação, nos cortes salariais e nas pensões, no desespero que conduz ao suicídio de tanta gente com a corda ao pescoço, na solidão dos idosos, na pobreza e desigualdade social em que vivemos… Bastaram duas semanas de fartura na campanha eleitoral para que tudo isto se tenha varrido? - Parece bruxedo…
Perante a manhosice geral e o abstencionismo absolutíssimo, resta-nos uma democracia incompleta, para não dizer doente e um povo que o melhor que sabe fazer é maldizer e queixar-se eternamente. Mas, na hora da verdade demite-se da participação ou escolhe um «pai providente» que lhe garanta pelo meio das queixas um papo-seco e um copo de vinho seco.
É preciso trabalhar muito para que este vírus abstencionista seja saneado. Quanto à manhosice do queixume, alguma educação e maturidade democrática podem fazer muito...

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