Vai ficar para a história das eleições regionais da
Madeira 2015, este género de debates inventados pela RTP-Madeira. Chamamos
debate a um não debate, porque do que se trata é antes de uma entrevista onde
se vê claramente um jornalista a fazer perguntas à vez. Ora falo eu ora falas
tu sem que ninguém interrompa ninguém nem muito menos responda a nada daquilo
que o outro tenha dito, porque estamos em terra de gente civilizada que não
anda para aí com más criações.
Este não debate seguiu os critérios da representação
parlamentar para estarem apenas os maiores três partidos, os do arco da
governação como pomposamente hoje se diz. Porém, o maior partido não esteve
representado, ficou-se por dois apenas e uma cadeira vazia. Gostei de ver que o
centro das atenções e o objecto de referência constante tenha sido o
representante da cadeira vazia.
Por isso, o vencedor do não debate foi a cadeira
vazia e Miguel Albuquerque, provavelmente, pode gabar-se que o melhor debate da
sua vida foi este. O não debate onde não precisou de pronunciar uma palavra que
fosse, porque não estava presente.
A RTP- Madeira
prestou-se a um acontecimento ridículo e os dois líderes da oposição embarcaram
no frete. Não disseram nada que já não tivéssemos ouvido a ambos, nada de novo
e o argumento melhor que lhes servia como bordão estava ao seu lado, uma
cadeira vazia, que ternamente as idosas devotas das setas viradas para o céu se
fartaram de dizer frente ao ecrã: «coitadinho daquele senhor da Câmara da cidade do Funchal»… «Qual
Maria?» - Pergunta o esposo com a barreta a tapar os olhos a ver se dormita um
pouco antes de se refastelar entre os lençóis. Então, prega-lhe a Maria
estuporada: «Ah, hôme, aquele que se parece com Nosso Senhor Jesus Cristo».
E
assim se passou o melhor momento de campanha eleitoral para Miguel Albuquerque,
não precisou de fazer nem de dizer absolutamente nada.
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