Comentário à missa do domingo V do Tempo Pascal, 3 maio de 2015.
O
desafio é esse mesmo, que sejamos capazes de fazer frutificar a vida no amor
perante as pessoas mais difíceis, os lugares piores do mundo e as situações
mais complexas da vida. Nesta ordem de ideias podemos deduzir, que devemos
então, nós cristãos, ser uns ingénuos coitados que aceitam tudo e todos com uma
subserviência inocente, como se «gostássemos» de sofrer? - Esta visão dos
cristãos está completamente errada. O que nos manda Jesus é que sejamos capazes
de dar frutos de salvação para todos, mesmo que isso nos custe a vida e,
eventualmente, o preço do bem tenha que ser passar por alguma contrariedade que
faz sofrer.
Cada
pessoa é como é e não se lhe pede que seja de outra forma para que existam os
frutos do bem. A glória do amor que agrada a Deus passa pela sua total entrega
e não pela vivência normal do amor, isto é, amar os que nos são próximos é
muito fácil, os pais, a esposa, o esposo, os irmãos de sangue, os amigos e
todos os que nos interessam por qualquer razão. A glória do amor está muito
para além das facilidades. Os contextos mais difíceis do mundo são os melhores
lugares para fazer frutificar o amor. Por isso, diante da tragédia, deve
prevalecer o amor, perante a ganância, a injustiça e toda a violência contra a
integridade física, espiritual, cultural e psicológica deve prevalecer sempre o
amor... Nada de extraordinário, se pensarmos que é isso que Deus tem feito
desde sempre em relação à humanidade.
Deste
modo, primeiro que tudo, devem estar no nosso coração todos os que a vida nos
ofereceu como membros de família, do trabalho e todos os que o nosso olhar
cruzar nas veredas da vida. Mas, depois devemos dar frutos de amor, com obras
concretas, em todos os momentos onde a reconciliação seja premente e em todos
os lugares onde os caminhos do ódio se tornaram mais evidentes.
A
esta forma de vida não se chama ingenuidade doentia, mas disponibilidade para centrar
a ida na felicidade pessoal e dos outros. Mas como entender isso? - Perguntam
tantos cristãos em todo o mundo…
Tenhamos
em conta logo que não devemos aceitar todas as patetices e asneiradas da
humanidade, mas somos chamados a acolher, compreender e perdoar. O fruto do
amor que Jesus nos manda viver como elemento essencial do Seu Reino passa pela entrega
ao serviço dos outros e pelo acolher a todos como irmãos. É este o maior
desafio da religião cristã.
Ninguém
deve sentir-se inibido perante o dom maravilhoso da vida e deve cada pessoa
procurar conduzir os passos e as opções para o sentido do amor que salva e
liberta da escravidão do desespero. E para que esta realidade aconteça, é muito
importante que não se reduza o amor a palavras ou frases muito bonitas, mas
prática concreta, obras sinceras que promovam a justiça e a paz para todos à
nossa volta.
Hoje
é o Dia da Mãe. Que todas as mulheres que são mães se sintam abençoadas com a
dádiva do amor de Deus que se reflecte nos filhos que geraram para o mundo. São
o expoente máxima na criação de Deus. Aliás os seus principais instrumentos.
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