Comentário à missa deste domingo III
Tempo Pascal, 19 abril de 2015
Jesus
ressuscitou verdadeiramente. Para todos nós cristãos é isso que importa. Porque
esta é uma realidade que nos convida para a transcendência, a eternidade da
vida. Obviamente, que não se trata de um acontecimento histórico, está para
além da história, por isso, é mistério que nos abre ao mistério da vida e com
isso encontramos razões para que a fé ou a dimensão do acreditar faça da nossa
passagem neste mundo, não apenas alguns momentos limitados no tempo e num
lugar, mas certeza de que a vida está além da história e que a nossa história
não acaba com a morte.
Podemos
ainda salientar que os elementos históricos sobre a ressurreição de Jesus estão
apenas e só nas pessoas que fizeram essa experiência e a relatam nos textos
bíblicos. Tendo em conta isso, cada um de nós é convidado hoje a tentar
descobrir como pode fazer na sua vida concreta a experiência do encontro com
Jesus vivo e como pode com isso receber e oferecer a salvação de Deus a todos
os que encontra no seu caminho quotidiano.
O
calor da presença de Jesus ressuscitado é uma realidade testemunhada pelos
discípulos de Emaús, que nos reconforta também e que nos faz sentir que essa
presença é muito importante para enfrentar todas as caminhadas da vida deste
mundo. O calor da Ressurreição faz arder o coração de alegria, porque não se
sente desamparado nem à margem do amor de Deus. Deus aí está e diz-nos:
«Tocai-Me e vede…».
Perante
esta constante paixão amorosa de Deus por nós, não pode haver medos nem
desconhecimentos, que possam eventualmente travar o acolhimento desta proposta
que nos torna grandes diante do amor compassivo de Deus-Pai-Mãe, revelado por
Jesus Cristo.
Na
Eucaristia, Jesus senta-se à mesa, pega no pão, parte o pão e entrega o pão
para todos como sinal do Seu Corpo glorioso. Não podemos temer esta entrega e
esta disponibilidade para o banquete, porque aí descobrimos Cristo totalmente
entregue à causa de salvação designada por Deus-Pai-Mãe, que nos defende e nos
protege com o Seu amor infinito e incondicional.
Somos
hoje, também chamados pelo nosso nome a tomar parte nesta festa de amor e de
vida. Os tormentos dos caminhos da vida nada são diante desta maravilha que
Jesus nos oferece. Como venceríamos o desgosto das caminhadas sem sucesso que
muitas vezes encetamos pela vida fora? - Só com a força de Jesus que é alimento
eucarístico entregue sobre o que somos e temos. E só nessa entrega podemos
encontrar sentido para os altos e baixos deste mundo, porque a contar
unicamente com a prestação das coisas desta vida, as expectativas saem
profundamente goradas.
A
comunidade que se reúne à volta do altar da Eucaristia, descobre-se a si mesma
como corpo vivo de Cristo presente na história e descobre também a mediação do
Espírito Santo como razão de ser da convocação que Cristo faz todas as vezes
que a possibilidade do encontro se manifesta.
Dentro
da comunidade cada um descobre a sua vocação ou a sua capacidade de doação aos
outros. A comum união fraterna que Cristo deseja e para a qual nos chama em
todos os momentos, só é possível mediante a disponibilidade do coração para o
acolhimento da fé. Não há outra forma de descobrir Cristo vivo nem há outra
forma de salvação.
Ninguém
se salva sozinho. Só na comunidade à volta da mesa do pão e do vinho se pode encontrar
a possibilidade da redenção, porque Cristo ressuscitado manifesta-se de forma
plena na comunidade reunida. Que todos sejam capazes de abrir a sua existência
à Palavra do Amor que Cristo nos dirige. Não se encontra o verdadeiro sentido
da vida fora de Jesus ressuscitado. E a verdadeira vida só é possível quando
todos os homens e mulheres, como irmãos, se juntarem à volta da mesa do banquete
que Cristo nos prepara. O comensal do amor de Deus para todos sem excepção. Vinde
à mesa da festa da vida.
1 comentário:
Padre José Luís Rodrigues, Amigo e irmão, fiquei deveras encantado com esta sua reflexão sobre as leituras sagradas da Eucaristia de amanhã, domingo. Sem duvida que a verdadeira EUCARISTIA é Única à volta da qual se ergue a mulher e o homem nova e novo. O que é a Ressurreição se não este conforto de sermos e estarmos irmanados, cada qual na pluralidade dos seus dons, dos seus carismas a mergulhar nos mistérios da vida? Hoje, verifico que as encíclicas papais são documentos muito importantes para avivar e acalentar e comprometer a nossa Fé. O mundo que queremos para todos passa, inefavelmente, pelo Cristianismo de JESUS, e não porque qualquer outra vã doutrina. Os sentimentos de Igualdade, Fraternidade, Liberdade começam no altar do Senhor, que no meu caso, acredito que foi no SERMÃO DA MONTANHA, aquando a proclamação das Bem-Aventuranças. Bom Fim de Semana, um abraço
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