Comentário à missa deste domingo II Páscoa, 12 de abril de 2015
Neste segundo domingo
da Páscoa, celebramos com renovado entusiasmo a vida nova que nasceu da cruz e
da ressurreição de Jesus. A partir daqui surgiu uma comunidade de pessoas que
se anima na fé e na esperança, porque anuncia o milagre da ressurreição de
Jesus, que não se circunscreve apenas e só para o Filho de Deus, mas para a
humanidade inteira. A esta comunidade nova compete fazer a proclamação desta
notícia a todos os povos da terra.
A primeira leitura apresenta
qual é o quadro ideal dessa comunidade. É uma comunidade que se forma na maior
das diversidades, nela se concentram pessoas de todos os quadrantes sociais e
com os mais diferentes modos de pensar e de ser, porém, são conduzidos pela
mesma fé «num só coração e numa só alma». A dimensão da fraternidade é a luz
que mais brilha nesta comunidade pelos gestos concretos da solidariedade, da partilha
dos dons, sejam eles humanos, espirituais e materiais. Nesta comunidade não há
pobres e se os existir logo são integrados no seio da comunidade com todos os
direitos e deveres. Ninguém fica para trás.
Um exemplo que precisa
de ser retomado nas nossas comunidades de hoje, mesmo que nos nossos tempos a
pobreza seja dos problemas mais complexos que temos que lidar. Os seus
tentáculos são enormes e a sua complexidade pior ainda, mas não podemos de
forma nenhuma deixar que esta questão não faça parte da vida das comunidades. O
exemplo dos primeiros cristãos assim nos desinquieta e desafia a tomar a sério
essa dimensão do cuidados dos mais necessitados.
Na segunda leitura e no
Evangelho, ambos os textos de São João, podemos ver que partir da Páscoa de
Jesus Cristo, descobrimos que "nascer de Deus" é ressuscitar. A
Ressurreição mostra-nos claramente que a vida venceu a morte e que com esse
acontecimento inaugura-se o tempo escatológico da acção do Espírito Santo.
A era do Espírito,
começa com as palavras de Jesus ressuscitado, atestando que sem a acção
transformadora do Espírito Santo nada será possível realizar. Estamos diante da
realização da promessa de Jesus: "Não vos deixarei abandonados, vou
enviar-vos o Espírito..." (Várias vezes pronunciou esta ou outras frases
semelhantes nos Evangelhos, quando se refere ao Espírito). Jesus revela-nos
agora que chegou o tempo do Espírito Santo e sem Ele nada pode ser feito (este
aviso também foi pronunciado várias vezes por Jesus).
Por isso, há-de ser o
Espírito que realiza o mais nobre ministério, acreditar ou como se refere São
João, viver "a nossa fé". Esta é a Missão principal que Jesus confere
aos seus Discípulos, que consiste em promover a paz através do perdão dos
pecados e mediante a força da fé e da esperança que emergem do coração sempre
renovado. Somos todos nós os continuadores deste anúncio. É o Espírito que
sempre nos deve fazer renascer, para que a vida não se torne uma prisão, mas
libertação para a felicidade. Nisto consiste o nascer de Deus e para Deus. E
como precisa o nosso mundo deste testemunho.
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