O primeiro-ministro de Israel, Benjamin
Netanyahu, fez canalizar sobre si mesmo os holofotes da polémica com o discurso
proferido esta quarta-feira, 21 de Outubro, durante o Congresso Mundial
Sionista, em Jerusalém. Netanyahu acusou o Grande Mufti de Jerusalém durante o
período que antecedeu e sucedeu à Segunda Grande Guerra, Haj Amin al-Husseini,
de ter inspirado o Holocausto. Por isso, disse o seguinte: «Na altura Hitler
não queria exterminar os judeus, ele queria expulsar os judeus. E foi Haj Amin
al-Husseini quem disse a Hitler: ‘Se queres expulsá-los eles virão todos para
aqui (Palestina)’». Netanyahu acrescentou ainda que al-Husseini terá sugerido a
Hitler que deveria «queimá-los».
Este branqueamento é grave, ainda mais sendo
feito por um líder judeu. Não me choca que o Primeiro-ministro judeu faça propaganda
junto do seu povo para ganhar adeptos para manter o seu conflito com o povo
palestiniano, mas que o faça com a verdade, mais ainda se recorre à história
para fazer a sua propaganda e, especialmente, a este período negro da história
da humanidade.
A alusão que faz ao período do
holocausto e ao seu protagonista mor, Adolfo Hitler, com esta ligeireza ofende
toda a humanidade e particularmente o seu povo, porque foi ele a principal vítima
de Hitler e do seu sanguinário e criminoso regime político. O ódio do passado
não pode ser alimento para justificar qualquer espécie de ódio no presente.
Nesta altura o clima de tensão entre
palestinianos e israelitas está ao rubro. O Primeiro-ministro Benjamin
Netanyahu, sente frequentemente necessidade de justificar a sua política,
também ela criminosa e odiosa contra os palestinianos, mesmo que para tal tenha
que branquear o ódio de Hitler e canalizar para o povo árabe todos os males do
mundo, os presentes e os passados. Não parece ter qualquer valor que procedendo
assim ofende a humanidade e manifesta a maior irresponsabilidade como
governante.
Não acredito que o Primeiro-ministro
desconheça o que foi o holocausto nazi e que não tenha conhecimento de que o
genocídio nazi contra os judeus foi parte de um conjunto mais amplo de actos de
opressão e de assassinatos em massa cometidos contra vários grupos étnicos,
políticos e sociais na Europa. Entre as principais vítimas não-judias do
genocídio estão ciganos, poloneses, comunistas, homossexuais, prisioneiros de guerra soviéticos e deficientes físicos e mentais. A mortandade do genocídio está estimada num total
de cerca de 11 milhões de pessoas intencionalmente mortas às ordens do «santo»
que Netanyahu agora pretende beatificar.
O mundo anda esquisito e
a humanidade ao invés de avançar, parece regredir. Aos líderes políticos,
exige-se que se concentrem na promoção da paz e que nenhum interesse geoestratégico
justifique branqueamentos irresponsáveis. Espero, porém, que os povos se
mantenham serenos e que democraticamente sejam sábios, aplicando
democraticamente o devido correctivo à ligeireza dos seus governantes.
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