O festival de Órgão da Madeira vai
morrer por si mesmo. Já vi maior participação. As igrejas onde habitualmente se
realizam os concertos, este ano não têm apresentado a afluência de outros anos.
Estão sempre compostas. Mas de longe têm estado a rebentar pelas costuras como em
alguns anos no passado.
O órgão é um instrumento interessante e
faz ecoar uma musicalidade que nos eleva e nos convida à introspeção. Mas, é um
instrumento repetitivo que se for muito tempo cansa. A música é muito igual,
melódica, seguramente, mas algumas vezes agressiva, sobretudo, quando os tubos
graves se metem em ação ou quando a música sobe o volume sobretudo nas partes
finais quando terminam as peças, pelo menos isso, senão não saberíamos quando
termina a peça. Não são raros os momentos em que as palmas rebentam e a música
ainda não terminou.
Deve ser por isso que este ano, o
Festival de órgão, esteja a ter muitos outros instrumentos convidados,
Orquestra Clássica da Madeira, barítono, Coro de Câmara da Madeira e Corneto. Por
isso, eis onde se pretende chegar. O órgão é um instrumento que fica bem, muito
bem dentro da liturgia, cumprindo o seu dever nos momentos determinados, fora
disso ele perde o seu valor, o seu contexto. Por isso, torna-se fastidioso, monótono
e muito igual.
Já estou a ver o filme que possa vir
daqui. Alguns que nunca põem os pés na igreja em mais nenhum dia do ano, mas
que não falham um concerto de órgão, dirão cobras e lagartos de mim e virão
para aí dizer que na ocasião dos concertos descobrem o fundo do mundo e o outro
mundo, que se encontram com o transcendente e que até contam estrelas, que os
santos lhes falam e os anjos transmitem-lhes mensagens importantes. Deixem-se
de coisas que o azeite está caro. Digo, sinceramente, nos dois concertos que
assisti do princípio ao fim por duas ou três vezes andei a boiar para um lado e para
outro cheio de sono.
Este ano já assisti a dois concertos do
festival 2016, o de abertura que achei interessante, até porque o organista
assim exigia, o concerto de sábado na Sé com a Orquestra Clássica da Madeira,
que achei confuso e que me desapontou bastante, praticamente não me dei conta
do toque do Órgão, só apenas quando ele tocou uma peça a solo. Para ontem (25/10) tinha
também planeado assistir ao concerto na Igreja do Colégio, aliás, a única
igreja que temos na Madeira que reúne todas as condições para este tipo de
eventos.
O programa de ontem convidava, dois órgãos
em simultâneo ou alternados e juntamente com o Coro de Câmara da Madeira. Sai
logo que ouvi duas ou três peças. Estava de pé, por culpa minha que cheguei
mesmo em cima da hora e todos os lugares sentados estavam ocupados, mas o pior
até não foi isso, o som de um dos órgãos, não sei se o órgão do coro alto ou o
outro que está na primeira capela lateral à direita quem entra a contar da
capela mor para fora (num sítio que não fica bem e destoa do conjunto da igreja
e esconde um dos altares laterais e uma grande parte desta primeira capela)
ecoava um som agressivo, sempre igual, fastioso. Por isso, porta fora comigo.
O Festival de Órgão vai morrendo assim,
por estas razões e se não fosse a pipa de massa que a Direção Regional de
Cultura (DRAC) reserva para isto já tinha morrido de vez e o também não
descurar o facto de as entradas serem gratuitas, porque quando assim é o
público adere sempre.
Resumindo e concluindo. Deixem os órgãos
em paz e que sejam utilizados no seu contexto próprio, com conta peso e medida,
ao menos não dá sono e continua a cumprir a missão que lhe está destinada,
embelezar a liturgia da Igreja.
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