Um está reformado, o outro é o antigo
amigo, depois o traidor e agora pelos sinais outra vez o amigo. Nada mais lindo o retomar da amizade quando resulta da reconciliação.
Foto Rui Silva/Aspress in Dnotícias |
Quanto ao reformado, todos nós sabemos
que obrou pela Madeira dentro como ninguém em 500 anos de vilões e viloas a
fazerem esta terra agachados ao mando e desmando que os «donos disto tudo»
foram providenciando à medida que o khrónos foi fazendo a triste história deste
povo madeirense. Mas também todos nós sabemos as patifarias que foram feitas
nos últimos anos do seu reinado e das engenharias que foram necessárias levar
acabo para fazer a bruta de uma dívida que empobrece a olhos bem vistos o povo
da Madeira e hipotecou o futuro desta terra para uns bons anos e umas boas
gerações. Algum decoro e seriedade deviam imperar. Porém, o descaramento não
tem medida, tudo funciona como se nada fosse e como se não existissem vítimas
da loucura do betão.
Se o sr. Dr. Alberto João tivesse sido
eclesiástico, o que faltou pouco, por ter sido um protegido de muitos
eclesiásticos que na sua pastoral foram, lhe estendendo o tapete vermelho como se fosse um David dos tempos modernos escolhido pelo anjo enviado por Deus a este mundo. Um
favor oportuno para ambas as partes, pagos com palmas, votos e subsídios, foi a
prática religiosa e cultural desta vida, uma mão lava a outra, sempre se disse.
Mas, o que quero dizer é que se o sr.
Dr. Alberto João tivesse chegado lá, à hierarquia eclesiástica de facto, hoje
seria um emérito. Título, aliás, merecido se não fosse pelo brilhantismo da sua
governação ao menos pela insistência e coerência como demonstra esta frase: «de
uma vez por todas a questão da dívida pública porque é uma dívida histórica do
Estado à Região após a extorsão durante cinco séculos». Ainda há alguém que
acredita nisto? A par desta coisa quinhentista continua a dizer trocas e baldrocas
sobre o Estado Social, que ele e quem veio a seguir tanto contribuem para o
destruir.
O segundo palestrante, do pomposo 1º
encontro intergeracional, é o governante atual, o sr. Dr. Albuquerque. Se o
homem fosse eclesiástico seria designado de «residencial». Também seria
merecido, embora a residência dos governantes mude tantas vezes de sítio, a
pretexto das imensas viagens que fazem e que tantos benefícios trazem a alguns
madeirenses, refiro-me aos que as fazem, claro!
O nosso atual «residencial», falou de
autonomia e democracia política para baixo, social democracia para cima e para
o lado o Estado Social, feito unicamente pela direita... A prática demonstra por
si mesma que tudo isto é um panegírico de circunstância que não passa de
conversa.
Tanta coisa em comum que nos deixa
boquiabertos. Os palestrantes são acérrimos defensores destas coisas aqui
referidas em comum acordo, tanto que até olham na mesma direção o passado, o presente
e o futuro. Mas, só nós é que sabemos, uma boa porção dos cidadãos, que eles vão
ficar ambos para já, no bom pedaço da história democrática da Madeira, como os principais responsáveis pela destruição (ou crise, para não ser tão duro) desses valores. Tudo o resto é conversa
fiada.
Ainda o mais interessante do pomposo 1º
encontro intergeracional Social Democrata, foi termos visto que a beleza da reconciliação
faz milagres e está visto que o lugar onde se realizou tal abraço da paz, para
além de estar conotado com a loucura, também se revela como local propício ao milagre
da loucura do amor. Não fosse esta casa, uma casa religiosa, feita por frades e
clérigos, que se entregaram ao amor pelos mais pobres dos pobres, os doentes
mentais.
Venham mais encontros
destes onde reine a paz intergeracional que tanto precisamos. Porém, já que mexeram
até à saciedade em futuro, guardemos em jubilosa esperança para vermos se o
retomar da amizade hoje não será um mau presságio para a política das facas
enfiadas nas costas. Lembram-se?
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