A pobreza é um flagelo
para quem cai nessa desgraça e uma vergonha para a outra parte da sociedade. E
à luz da frase chave do Padre Francês Joseph Wresinski é uma clara «violação
dos direitos humanos».
Ontem teve lugar no
Funchal o lançamento de uma delegação do Movimento Erradicar a Pobreza na
Madeira. Nesta ocasião foi lido o manifesto deste movimento onde se propõe agir
para «ajudar a combater as causas deste flagelo, reconhecida violação dos direitos
humanos, consagrada nos seus princípios, estabelecidos no manifesto que esteve
na sua origem, que o combate pela erradicação da pobreza passa por uma política
para o país que tenha como prioridades o pão e os direitos de quem trabalha, a
produção e a justa distribuição da riqueza, o direito ao trabalho, ao salário,
à educação, à saúde e à segurança social publicas, universais e solidárias».
Não mais justo, para que as desigualdades não sejam tão acentuadas.
Propõe-se «levar a
efeito, um conjunto de iniciativas a nível nacional (e regional), visando que a
pobreza deixe de ser aceite como uma fatalidade».
Muitos acham que quem
se inquieta com estas questões pretende fazer os ricos pobres e os pobres
ricos, como se estivéssemos na granja do George Orwell no Triunfo dos Porcos.
Nunca ouvi de ninguém a sentença de morte aos ricos ou empobrecimento para
estes, para verem o que é bom. Este género de argumento mina o debate e
conduz-nos a um beco sem saída ou à conclusão fatal que tranca a porta de vez,
ficas na minha e eu fico na tua.
Como está dito no
manifesto, trata-se de acabar unicamente com o flagelo da pobreza ou dar
seguimento ao slogan que ficou famoso numa manifestação: «não faças da pobreza
uma paisagem». Neste sentido, consideramos que o Movimento Erradicar a Pobreza
deve ser uma ação entre tantas outras formas de organização dos cidadãos, para
que sejam o toque da consciência e façam pressão nos partidos políticos para
que implementem medidas governativas que combatam a exclusão e a desigualdade.
Obviamente, que a pobreza é uma questão eminentemente política e devem ser os
políticos os primeiros a lutarem contra ela.
Não vi neste encontro
quem deveria estar presente, a plêiade de movimentos de caridade que pululam
nesta cidade. Pois, provavelmente não desejam o fim da pobreza, porque se
tornaram «empresas» nos pobres está a sua matéria prima.
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