o mês de Abril fecha a porta para que se abra a porta de Maio, o mês mais emotivo do ano. Não sei porquê, mas Maio toca-me como uma ternura de um pai e como um olhar sempre atento de uma mãe. Maio para mim é paterno e materno como Deus. Curioso que as informações sobre o mês de Maio nos digam que "o seu nome é derivado da deusa romana Bona Dea", que era a deusa da fertilidade e da virgindade. Maio promete-nos logo a abrir a figura de São José, operário e Nossa Senhora de Fátima quase no meio dos 31 dias que o compõem. Nele celebra-se logo no início, a dignidade do trabalho e do trabalhador, depois a maternidade e todas as mulheres que são mães. Por causa disso tudo, o mês inteiro é tratado como "mês do coração". Daí fazer algum sentido sentirmos que este mês tem dois abraços, um materno e outro paterno. Vamos lá receber Maio com alegria e vivê-lo com o entusiasmo deste ditado popular: mês de Maio, mês das flores, mês de Maria, mês dos amores.
segunda-feira, 30 de abril de 2018
domingo, 29 de abril de 2018
Vamos rezar juntos
só pelo amor é que nos salvaremos. Não há alternativa a isso. Porque nenhum caminho pode ser feito sem esse condimento. A metáfora da cepa com os seus ramos é bem elucidativa. Está lá na profundidade da terra onde se alimenta de todas propriedades necessárias à vida que irão alimentar os ramos, para que estes misteriosamente rebentem anunciando os frutos e a saborosa colheita. Nós somos esses ramos que se alimentam de vida e que bebem da fonte o dom do amor, para que nunca falte a vontade e todas as forças, para que os frutos estejam aí ao serviço da existência feliz para todos. Sejamos conscientes da responsabilidade que temos na produção dos frutos do amor, que são: a paz, a responsabilidade no cumprimento dos deveres, desenvolver a capacidade para perdoar, a tolerância, a inclusão dos que ficaram para trás, a paciência e o perdão inteligentes, a verdadeira liberdade, a participação no bem comum e na justiça... Estes são apenas alguns frutos que podem fazer a diferença e fazer sorrir o mundo. Não deixemos por mãos alheias esta nossa missão. Porque, querer e amar, eis a questão.
sábado, 28 de abril de 2018
Regresso à ilha criadora
Ao
sétimo dia
28
Abril de 2018
Era
uma vez uma ilha
sentada
soberana sobre as águas
que
os segredos milenares
da
criação lavaram pacientemente
pedra
a pedra quebradiças
quando
foram desprendidas dos montes e vales
do
meu coração nascido ilhéu para sempre.
Era
essa mesma ilha,
mãe
fecunda que me deu a luz e o lugar
dos
passos em volta das histórias
contadas
sobre os degraus da sabedoria antiga
que
o olhar envelhecido daquele homem
desvelava
apenas em um sorriso terno
nas
tardes de Domingo quando se juntam
as
inocentes crianças para brincarem.
Era
também o meu mundo numa ilha
que
nos dias frios e chuvosos
obrigavam
ao recolhimento de todos
debaixo
dos telhados da existência,
que
parecendo tão monótona
sonhava
com outro tempo e outra luz,
cortada
cerce pela faca em pedaços um a um
partilhado
como pão de amor pelas mãos de uma mãe.
JLR
Vamos rezar juntos
os sinais auguram tempos novos. Nós na crista destes tempos, devemos estar disponíveis para acolher com amor tudo o que venha. Para já devemos não permitir o medo e a angústia porque nos escapa o que vem aí. O pior para o devir da história é que não manifestemos abertura e discernimento para acolher o novo. Se nos deixamos sufocar pela inquietação e pelos medos, dificilmente não cairemos na desordem e seremos agentes que semeiam o mal perante a alegria da esperança, que o espírito do tempo sempre deseja fazer acontecer no coração solícito a todas as novidades da história do mundo e da humanidade. Deixemo-nos conduzir pelo espírito do tempo com alegria e com o entusiasmo dos corajosos que não receiam o futuro. Na liberdade, reavivamos a esperança na vida nova que o espírito do tempo vai geminar.
sexta-feira, 27 de abril de 2018
O tempo e o modo em nome da paz no mundo
Só o tempo é que nos vai provar da sinceridade destas imagens... Em todo o caso, é uma felicidade que em nome da paz, a prosperidade dos povos e a segurança mundial, estes gestos aconteçam. Desejemos o melhor para o mundo e que as intenções humanas convirjam para este bem.
Vamos rezar juntos
precisamos de ser luz. Para que tal aconteça temos que ser já aqui e agora a luz. Nesse sentido, temos que estar acima de tudo aquilo que é sombra e trevas ainda no mundo. O egoísmo. A violência. A desordem. A falta de espírito verdadeiramente humano. A falta de fraternidade… entre tantas outras sombras que massacram a gente e tanta gente por esse mundo fora. Fomos criados como reflexo da luz que Deus é. Esta luz brilha em Jesus Cristo, que proclama «Quem me vê, vê o Pai». Esta certeza foi e é presença algumas vezes em tantas situações deste mundo e da nossa vida em concreto. No olhar atento aos mais fracos. Nas mãos que curam e limpam. No engenho e criatividade que inventa tantas e tantas formas para minorar o sofrimento e a desgraça alheia. Não nos esqueçamos destas tarefas essenciais para fazerem sorrir a vida em cada dia.
quarta-feira, 25 de abril de 2018
A inspiração da metáfora da vinha
Pão quente da Palavra para este domingo V do Tempo Pascal...
O
desafio é esse mesmo, que sejamos capazes de fazer frutificar a vida no amor
perante as pessoas mais difíceis, os lugares piores do mundo e as situações
mais complexas da vida. Nesta ordem de ideias podemos deduzir, que devemos
então, nós cristãos, ser uns ingénuos coitados que aceitam tudo e todos com uma
subserviência inocente, como se «gostássemos» de sofrer? - Esta visão dos
cristãos está completamente errada. O que nos manda Jesus é que sejamos capazes
de dar frutos de salvação para todos, mesmo que isso nos custe a vida e,
eventualmente, o preço do bem tenha que ser passar por alguma contrariedade que
faz sofrer.
Cada
pessoa é como é e não se lhe pede que seja de outra forma para que existam os
frutos do bem. A glória do amor que agrada a Deus passa pela sua total entrega
e não pela vivência normal do amor, isto é, amar os que nos são próximos é
muito fácil, os pais, a esposa, o esposo, os irmãos de sangue, os amigos e
todos os que nos interessam por qualquer razão. A glória do amor está muito
para além das facilidades. Os contextos mais difíceis do mundo são os melhores
lugares para fazer frutificar o amor. Por isso, diante da tragédia, deve
prevalecer o amor, perante a ganância, a injustiça e toda a violência contra a
integridade física, espiritual, cultural e psicológica deve prevalecer sempre o
amor... Nada de extraordinário, se pensarmos que é isso que Deus tem feito
desde sempre em relação à humanidade.
Deste
modo, primeiro que tudo, devem estar no nosso coração todos os que a vida nos
ofereceu como membros de família, do trabalho e todos os que o nosso olhar
cruzar nas veredas da vida. Mas, depois devemos dar frutos de amor, com obras
concretas, em todos os momentos onde a reconciliação seja premente e em todos
os lugares onde os caminhos do ódio se tornaram mais evidentes.
A
esta forma de vida não se chama ingenuidade doentia, mas disponibilidade para centrar
a ida na felicidade pessoal e dos outros. Mas como entender isso? - Perguntam
tantos cristãos em todo o mundo…
Tenhamos
em conta logo que não devemos aceitar todas as patetices e asneiradas da
humanidade, mas somos chamados a acolher, compreender e perdoar. O fruto do
amor que Jesus nos manda viver como elemento essencial do Seu Reino passa pela entrega
ao serviço dos outros e pelo acolher a todos como irmãos. É este o maior
desafio da religião cristã.
Ninguém
deve sentir-se inibido perante o dom maravilhoso da vida e deve cada pessoa
procurar conduzir os passos e as opções para o sentido do amor que salva e
liberta da escravidão do desespero. E para que esta realidade aconteça, é muito
importante que não se reduza o amor a palavras ou frases muito bonitas, mas
prática concreta, obras sinceras que promovam a justiça e a paz para todos à
nossa volta.
Vamos rezar juntos
não sejamos tão pessimistas, tão dramáticos diante das contrariedades e das derrotas. Precisamos de ser agentes da luz para que os raios do amor e da compreensão/compaixão na alegria estejam presentes neste mundo. Pedimos a Deus para que tenhamos sempre forças para mudar o que podemos mudar e descontração suficiente para não nos deixarmos abater perante o que parece às vezes irremediável e impossível de mudar. Nada deve ser dramático. Precisamos de confiar mais no mistério de Deus e da vida. O cristão abre-se à plenitude da existência que não se encontra neste mundo, mas sabe que neste mundo pode saborear já a felicidade e todo o bem possível de ser realizado, para que a vida seja tomada do assombro do tesouro extraordinário que representa. Temos que viver na alegria e na festa que este mundo nos proporciona se nós quisermos, basta que estejamos abertos à construção da alegria e da luz que somos capazes de irradiar. Não desistamos de ser agentes da alegria e da felicidade que a vida renovada em cada manhã nos concede e que isso esteja presente em cada gesto de ternura que realizemos perante a criação que nos rodeia.
Vamos rezar juntos
a liberdade é o mote na vida de uma pessoa que a liberta de todas as formas de escravidão. «A verdadeira liberdade – ensina o Concílio Vaticano II – é no homem sinal altíssimo da imagem divina» (Gaudium et Spes, 17). É a liberdade do Homem, reflexo da liberdade infinita de Deus. Deus é livre absolutamente, a humanidade, de modo relativo, mas não toma existência autêntica sem esse valor essencial. Consiste a liberdade de Deus em poder fazer livremente todo o bem que quer, e a liberdade de sermos gente, na «escolha livre do bem» (GS, 17) para si e para todos os que estão à nossa volta. Tanto mais livre é uma pessoa quanto mais capaz de escolher e fazer o bem. Oxalá que este dia, em que celebramos o dom da liberdade, nos inspire a tomarmos a sério esta nossa condição de sermos livres, para que diante dos desafios da vida sempre sejamos lúcidos a tomar a sério uma luta contra todas as formas de escravidão e opressão. Sejamos democratas, conscientes que a diversidade e a pluralidade são sinais elementares de riqueza humana e divina, semeados no mundo para o bem de todos. É preciso a amar a liberdade, para que sempre nos consideremos responsáveis nas ações concretas da vida, lutando por uma sociedade livre nas opções que faz e ciente que os seus direitos só fazem sentido quando há um empenho eficaz na prática dos deveres que nos compete cumprir.
terça-feira, 24 de abril de 2018
Uma Igreja Portuguesa iluminada pelo 25 de Abril
Comensal divino
Uma Igreja Portuguesa iluminada pelo 25
de Abril podia ser aquela que seguiria o que disse o Papa Francisco: «(…)
prefiro uma Igreja acidentada, ferida, enlameada por ter saído pelas estradas,
a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias
seguranças. Não quero uma Igreja preocupada com ser o centro, e que acaba presa
em um emaranhado de obsessões e procedimentos»; e ainda: «Mais do que temor de
falhar, espero que nos mova o medo de nos encerrarmos nas estruturas que nos
dão uma falsa protecção» (Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, n. 49).
Então vejamos as seguintes provocações
desafiadoras perante a multidão enorme de pessoas desorientadas, mergulhadas no
vazio que tantas vezes deriva de decepções religiosas:
1. Uma Igreja que não tenha medo de
entrar na noite de toda a esta gente;
2. Uma Igreja capaz de encontrá-los no caminho;
3. Uma Igreja capaz de inserir-se na sua
conversa;
4. Uma Igreja que saiba dialogar com
aqueles que vagam sem meta, com desencanto, desilusão, até mesmo do
cristianismo;
5. Uma Igreja capaz de acompanhar o
regresso a Jerusalém.
«Católica significa universal. (…) Se a
Igreja nasceu Católica, quer dizer que nasceu “em saída”, que nasceu
missionária. Se os apóstolos tivessem permanecido ali no Cenáculo, sem sair
para anunciar o Evangelho, a Igreja seria apenas daquele povo, daquela cidade,
daquele Cenáculo. Mas todos saíram pelo mundo a fora, desde o instante do
nascimento da Igreja, da descida do Espirito Santo sobre eles.
Por isso a Igreja nasceu “em saída”,
ou seja, missionaria. É isto que dizemos quando a qualificamos como apostólica,
porque o apóstolo é quem anuncia a Boa Nova da ressurreição de Jesus. (…) É
precisamente o Espírito que nos leva ao encontro dos irmãos, até daqueles mais
distantes em todos os sentidos, para que possam compartilhar connosco o amor, a
paz e a alegria que o Senhor ressuscitado nos concedeu», afirma o Papa
Francisco (Papa Francisco, Audiência Geral 17/09/2014).
Vamos rezar juntos
o sentido da responsabilidade perante o que somos e o que temos que fazer em cada dia, para não dispensarmos o nosso contributo para a construção do mundo e da vida, deve ser daquelas coisas que nunca devemos perder de vista. Esta consciência é o reflexo do carácter de uma pessoa. Aliás, mais de metade do ser gente com toda a gente, faz-se precisamente por aqui. Nenhum trabalho - ou tarefa, mesmo que sejam das mais corriqueiras do quotidiano - devia ser realizado sem a grandeza do sentido da responsabilidade. Tanta gente prejudicada, espoliada, injustiçada, manipulada e enganada só porque se falhou tanto no que diz respeito à responsabilidade no cumprimento dos deveres. Precisamos de cada vez mais pessoas corajosas e que façam o que têm que fazer sem pensar em primeiro lugar no dinheiro, na fama, nos louvores e nos louros que vão colher pelo que disseram ou fizeram.
segunda-feira, 23 de abril de 2018
Sempre que nasce um «nós» como casal
Escrever nas estrelas
A vida retorna à sua génese e
entrelaça-se no caminho do desejo e do sonho da vida feliz. Um casal que se
busca entre si para realizar juntos, essa história, faz-se protagonista da
missão mais excelente da humanidade.
Tomara que muitos percebessem o valor e
a importância da ligação íntima que por hora iniciaram em nome do que nasceu
dentre de cada um e em nome do futuro da humanidade.
Este mistério só se percebe quando está
enfeitado de amor, com o cuidado aturado um pelo outro, a atenção aos detalhes
que tantas vezes não são escutados pelo som das palavras, mas por sinais que ditará
o olhar ofuscado, a aparência da pele que se empalideceu, os cabelos que
deixaram de estar soltos esvoaçantes, a alteração do andar que parece não
querer levantar os pés do chão, os braços pesados abatidos porque estão
cansados, o rosto que perdeu a luminosidade e tantas outras mensagens que são
enviadas um ao outro todos os dias, que podem servir para aferir a dose do
encantamento ente ambos, se está vivo ou se está a morrer.
Nesta beleza do encanto sonhado a dois, o
«nós» sublime, há a assunção da procriação e da multiplicação. Tantas vezes
maltratadas, burladas e enganadas ou desviadas para interesses alheios ao «nós».
Eles eram os poderes religiosos, políticos, sociais e económicos que viram nessa
tarefa essencial do «nós», um meio exclusivo para «pôr filhos no mundo» que
povoariam de qualquer jeito o mundo unicamente como intenções puramente
materialistas e economicistas. A procriação e a multiplicação, obviamente, que
têm em vista também isso, porque o futuro da espécie humana faz-se por aí, mas não
é um exclusivo e devemos por isso estar esclarecidos e desbravar toda a riqueza
desses princípios.
Assim sendo, este mandato para o «nós»,
tem em vista a multiplicação e a procriação de valores que existindo como
alicerces desta realidade essencial, fazem germinar a alegria e a festa da vida
em casal. A multiplicação não pode faltar todos os dias para o amor que deve
manter-se como chama cintilante inapagável em todas as horas, para o perdão que
deve ser prato principal sempre que necessário, para a tolerância que acolhe os
limites ou as falhas inevitáveis, para a paciência que aquece todos os recantos
por onde passa o «nós», para o sentido da partilha que não esconde nem se
esquece das necessidades do outro… Por isso, a multiplicação e a procriação são
a matemática positiva do amor no chão para os caminhos do «nós».
Ao contrário, tudo o que seja negativo,
deve ser limado, sarado e remediado pela inteligência do «nós», que pensa em
função de dois contra todas as tentativas, que todos os dias surgirão para
fazer valer uma prática centrada no egoísmo. O pensamento que se alimento do
«nós», não tem nada temer, juntos vencerá o mundo e edificarão para a eternidade.
Vamos rezar juntos
a sinceridade nos pensamentos, nas obras e nas palavras, revela o que há de melhor numa pessoa. Precisamos de gente sincera, que não se esconde por detrás de biombos calculistas nem muito menos gasta o tempo todo a escolher as palavras para que tudo corra bem, assim ao jeito do interesse de alguém ou de alguns apenas, mesmo que isso implique falsidade ou incongruências tristes que não beneficiam nada. Por isso, deixemos a vida decorrer com a sinceridade das palavras e das obras simples, que ajudem todos os que encontramos no caminho da vida, a sentirem o nosso abraço sincero e a doçura das palavras que vieram do fundo da alma. Umas vezes faz sorrir, outras pode entristecer, mas se for a verdade do amor que liberta sempre vai conduzir ao bem e à justiça.
domingo, 22 de abril de 2018
Vamos rezar juntos
o dia prevê-nos uma notícia de que há um Deus que não se poupa a esforços para nos reencontrar, procura-nos pelos fundos dos vales da existência, precisa de nós, mesmo que nós nos esqueçamos Dele. A bondade infinita desse Bom Pastor é uma chama cintilante de amor que não permite que ninguém se perca, e mesmo que algum esteja perdido, vai à procura dele para que o faça estar bem e saboreie a felicidade. Por aqui se percebe o quanto será importante sermos chamas vivas para que ninguém morra de frio, como dizia François Mauriac: "Se a chama que está dentro de ti se apagar, as almas que estão ao teu lado morrerão de frio". Um apelo, uma exigência para que nunca deixemos por mãos alheias o que somos e o que podemos fazer para que o nosso mundo deixe de ser tão feio e se torne um pouco mais belo para todos pela nossa prática. A paz esteja convosco.
sábado, 21 de abril de 2018
Vamos rezar juntos
a ecologia humana não se compadece com a pobreza generalizada, que deu lugar à fome e nalguns casos falamos já de miséria profunda. Este atentado ecológico, é também uma violação grave dos Direitos Humanos e um flagrante descuido face à Constituição da nossa República, onde fica claro que a nenhum cidadão deve faltar o essencial para viver dignamente e estar integrado na sociedade. Neste domínio da pobreza, gosto do mandato, «não permita que a pobreza se converta em paisagem». Quando assim acontece facilmente nos habituamos com as imagens.
sexta-feira, 20 de abril de 2018
A bondade do Pastor
Ao sétimo dia
Bom Pastor que me chamas do alto do monte,
Bom Pastor próximo de mim com as suas ovelhas
Tão alegre canta «hossanas» pelo som do vento,
A ovelha perdida foi encontrada, pertence-lhe aquela paz
A paz que me serena quando oiço a Tua voz
Porque nessa hora me revejo em ombros, Bom Pastor.
Tanta felicidade e tanta paz nestes prados.
É a abundância que temos no amor que não se perde,
Ele é dom do sol que cai sobre nós,
Que naquelas costas aquece o coração sobressaltado,
Em alegria porque se sente encontrado.
Eis para mim a morte da indiferença,
Há um rosto que sorri, uma face que me encontra.
No redil um sol que brilha descansa a manada
Foi uma festa sobre os ombros carregado,
Do fundo dos vales da vida muitas vezes ofuscada.
JLR
Vamos rezar juntos
A atitude dialogante talvez seja a mais difícil de se viver. O diálogo é o valor fundamental para o entendimento humano. Pelo diálogo resolvem-se os conflitos e quebra-se o gelo da não relação. Nem sempre há paciência nem predisposição para aceitar as teimosias e as incompreensões dos outros. Daí que os conflitos façam parte da vida de cada um como faz parte o nosso carácter e a nossa forma de ser. Não cabe só aos políticos e a quem tem altas responsabilidades serem dialogantes e já está mais que provado que a palavra diálogo na boca dos políticos tornou-se uma palavra gasta e sem sentido. Cada um no seu lugar da vida pode e deve viver esta atitude com uma radicalidade total para ser exemplo e mostrar que tudo perdemos com a guerra e que com o diálogo podemos ganhar o mundo todo. Vamos ser dialogantes. Não termos medo de ser confrontados com o mundo multicolor, com o que não vem de encontro ao que somos e pensamos. Nem muito menos que tenhamos qualquer dificuldade em ceder e em reconhecer que falhamos. O diálogo implica saber reconhecer que nem sempre as nossas apostas acertam e reconhecer isso é meio caminho andado para a construção da paz.
quinta-feira, 19 de abril de 2018
O pastoreio de Deus
Pão quente da Palavra do domingo IV Tempo Pascal
O 4º domingo da Páscoa é considerado o «domingo do Bom Pastor», neste
preciso domingo a liturgia propõe uma passagem do capítulo 10 do Evangelho de
São João, no qual Jesus se apresenta como «Bom Pastor». Este é o tema central
para a nossa reflexão e celebração neste dia.
O mais importante é que com esta ideia do «Bom Pastor», sentimo-nos todos
filhos de Deus. Esta filiação radica em Jesus, que veio ao mundo para realizar
a obra maior da história humana. Nós, humanidade englobada neste processo,
somos agora membros desta grande família de Deus. Os filhos de uma fraternidade
que marcha a partir do Deus revelado por Jesus Cristo e que caminha na História
em direcção à eternidade que se encontra na «casa» deste Deus. Por mais
desgraçados que sejamos, não somos órfãos nem muito menos «filhos das varas
verdes», mas filhos no Filho do Deus revelado na história humana.
Nós precisamos e é bom que nos digam sempre que somos filhos de Deus. A
solidão que o sofrimento desta vida provoca precisa de uma palavra que nos
anime na esperança de uma realidade consoladora a partir de um Deus que nos ama
como seus filhos.
Por isso, São João desafia-nos a estender os braços, como faz o Bom Pastor
com as suas ovelhas, a todos os recantos da vida. Onde a doença consome a vida
e debilita o corpo, podemos aquecer o coração dessas vítimas com a nossa
palavra de esperança e tocar bem fundo com esta certeza, o nosso Deus é um Deus
Pai-Mãe da humanidade inteira e ama de modo especial todos aqueles e aquelas
que experimentam a dor como alimento desta vida.
Podemos nós lutar contra a injustiça, que o nosso mundo alimenta e dá como
alimento a tantos irmãos nossos. A nossa filiação divina devia encorajar-nos e
escandalizar-nos contra tudo o que não promova a vida em todo o seu esplendor.
Tudo o que seja contra a felicidade devia receber de nós uma luta constante.
Somos filhos de Deus e nesta condição devemos estar atentos a tudo o que
não é felicidade. Deus deseja que tomemos consciência da nossa condição e logo
depois colocá-la em prática, deixando o nosso egoísmo e comodismo de parte para
nos devotarmos à vida partilhada para o bem de todos.

Em última instância Deus é
nosso pai-mãe, porque é nosso criador. Mas de criaturas de Deus passamos a
filhos adoptivos de Deus pelo Baptismo. Somos, portanto, propriedade de Deus,
somos filhos adoptivos de Deus, por isso mesmo, filhos amados de Deus.
No
Antigo Testamento usa-se para o povo de Israel a expressão "Filho de
Deus" (Ex 4,22) e cada um dos seus membros como «Filho de Deus» (Dt 14,1).
No Novo Testamento, São Pedro proclama Jesus como Filho do Deus vivo (Mt
16,16). Porém, Jesus parece preferir chamar-se de «Filho do Homem», que
equivale a «Messias» (Mt 26,64).
Jesus está unido ao Pai pela filiação divina,
mas ele quis ser igual a nós em tudo, menos no pecado. Por isso, ele, nascendo
de Maria, é o «Filho do Homem» também. Assim, por ser verdadeiro homem ele pode
nos libertar do pecado e garantir para nós a filiação divina também. Há uma
frase que resume bem a salvação que Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro homem,
nos trouxe. A frase é esta: «O Filho de Deus se fez homem, se fez Filho do
Homem, para que o homem fosse filho de Deus».
Vamos rezar juntos
nós somos o ambiente por onde passamos ou onde fazemos a história da vida acontecer, a nossa e o contributo que damos para a vida dos outros. Obviamente, que é sempre necessária uma dose muito grande de liberdade e autonomia de espírito, pensamento próprio e determinação para lutar contra todas as formas de bajulação, perda de dignidade e violação de princípios. Uma sociedade manipulada, enganada e mergulhara na mentira não tem futuro. Precisa de homens e mulheres que saibam estar com verdade perante as situações, lutando conscientemente pelos seus elementares direitos sem perder de vista o cumprimento escrupuloso dos seus deveres.
quarta-feira, 18 de abril de 2018
Cidadãos mais iguais do que outros
Escrever nas estrelas
O Presidente da Assembleia da República
também alinha na lógica de que esta coisa dos deputados ilhéus sobre o subsídio
duplicado que eles recebem, se for bem explicadinho, todos nós compreenderemos
bem. Porque não é ilegal nem muito menos é falta de ética. Não precisava o
Presidente da Assembleia de nos dizer isto, porque já sabíamos que os deputados
ilhéus não tinham cometido nenhum crime, mas que se tinham fechado em copas
perante uma prática vantajosa para eles monetariamente falando, quando para a maioria do cidadãos pagantes de impostos as coisas são mais acertadas e cheias de espinhas muitas vezes.
Neste contexto, que alguns preferem reduzir, para alguns esperteza e
para outros (nós os cidadãos, os idiotas), silêncio, esquecem que isso é um
privilégio exclusivo para políticos profissionais e que na vida normal as
coisas não são bem assim. Os cidadãos têm direito a se indignarem e a exigirem
transparência, bom senso e o mínimo de ética. O que se
esperava do Presidente da Assembleia, era que nos dissesse claramente, vamos
corrigir uma prática que está desajustada e injusta.
Por esta ordem de ideias, vá o sr.
Presidente da Assembleia da República dizer o mesmo às empresas que pagam
viagens aos seus funcionários, mas que os obrigam a entregar o subsídio de mobilidade.
Esperava do Presidente da Assembleia uma
postura não tão centrada na legalidade e até se quisermos na ética, mas em bom
senso, que reconhecesse uma prática que já vem de longe, mas que tudo ia fazer
para torná-la mais transparente e enquadrada na prática do bom senso, que no
fundo é aquilo que estão a pedir neste momento os cidadãos, para este caso da mobilidade dos deputados e para tudo o que diz respeito a práticas que indiciam privilégios pouco transparentes, desmedidos e injustos.
Por estas e por outras,
continuo a considerar que os principais responsáveis pela péssima imagem dos
políticos profissionais, são eles próprios. A dignidade da vida política implica
uma digna remuneração, é verdade, porque senão, vamos ter um bando de medíocres
a exercer cargos de alta responsabilidade política, mas que tudo seja feito com a maior
das transparências, sem a ideia de que há privilégios para uns em detrimento de
outros. Chamem a legalidade e a ética para a prática política. Mas não esquecer
o bom senso que deve estar sempre presente quando se vive sob o crivo da lei e
da ética.
Vamos rezar juntos
para que as nossas palavras sejam ponderadas e sinceras perante todas situações da vida. Este desafio nem sempre é fácil de ser praticado, é necessária uma dose muito grande de tolerância, compreensão e sabedoria diante do que nos chega, aquilo que outros dizem e o que fazem. Facilmente, nos tornamos irascíveis e tantas vezes agressivos nas palavras e nos comportamentos. Por isso, pedimos paz para que nada nos faça levantar a voz usando palavras loucas que façam feridas fundas e tragam mais confusão e inimizade. A vida é uma arte que requer sabedoria para acolher os desafios, serenidade para dar a volta às situações e sabedoria para não se deixar levar pela criatividade do mal. Não deixemos por mãos alheias o tesouro da vida que nos foi concedido gerir para a felicidade.
terça-feira, 17 de abril de 2018
Os deputados ilhéus e o dinheiro do Estado
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nas estrelas
1. O dinheiro é uma realidade tramada, enfeitiça
qualquer ser humano. São raros os que têm com o dinheiro uma atitude totalmente
livre. O pior do mundo é termos que lidar com pessoas escravas do dinheiro. A «forretice» é uma doença e o descontrolo no gasto, outra doença fatal para tanta gente. O
melhor face ao dinheiro, será considerar que ele só serve para vivermos bem e
que deve estar ao nosso serviço. Um exercício por vezes difícil de se fazer,
mas é o único que edifica a humanidade.
2. Quando se trata de limpar o que for
possível cada pessoa individualmente, pode perder a cabeça e facilmente limpa
tudo o que puder, e se lhe custar pouco ou nada ainda mais se aproveitará. Deste
pecado também admito que possam ser poucos a estarem livres, somos todos
humanos e todos podemos cair face às tentações. A sociedade de hoje está assim,
implacável com os prevaricadores quando se trata do assunto dinheiro, ainda
mais se forem políticos, mas se estivesse a mesma oportunidade obviamente que qualquer
cidadão lamberia do mesmo modo os dedos.
3. Por isso, não me surpreende de todo a
atitude dos deputados apanhados com a boca na botija dos subsídios duplos das
viagens. Obviamente, que apanhados, as consequências, não esperaram. Foram
castigados pelo crivo moralista da sociedade em que vivemos. Os sinais que por hora
se sabe de alguns suspenderem o mandato, de devolverem o que receberam em
duplicado sem terem desembolsado um cêntimo, ainda mais se dizem entregá-lo às
instituições de solidariedade social, não me diz muito ou diz mesmo nada,
porque é o mínimo de quem agora demonstra que sabia que era legal, mas não era
ético aquele procedimento.
4. Porém, a questão mais
importante, a meu ver, agora prende-se com o seguinte, como irão falar com
autoridade estes deputados quando estejam a debater na Assembleia da República
e na comunicação social o tema da mobilidade e do subsídio das viagens entre as
ilhas e o continente? Que legitimidades terão, quando abrirem a boca, pois logo
nos vai bailar na cabeça a lembrança do seu procedimento? – Obviamente, que não
se espera que os nossos deputados sejam anjos, mas como nossos representantes,
que nos custam valores bem significativos à conta da brutalidade dos impostos,
sejam zelosos no cumprimento da lei, mas que também assumam gestos que nos
revelem o quanto estão cientes dos valores éticos, mesmo que algumas vezes tenham
que passar por cima da lei.
Vamos rezar juntos
no mundo em que vivemos tão cheio de gente a pensar mais em servir-se do que em estar ao serviço, talvez, nos faça bem lembrar que o mundo poderia ser melhor, a humanidade mais feliz se cada um de nós nos trabalhos que fazemos tivéssemos o pensamento no bem dos outros e menos no dinheiro, nos lucros, nos rendimentos, na fama, no que me serve fazer isto ou aquilo… É preciso que busquemos o exemplo de Deus, rebaixarmo-nos para servir, mesmo que a lógica do mundo nos tome por «idiotas». Que as nossas tarefas marquem a diferença e que sejam uma luz brilhante no meio deste mundo onde as trevas do servir-se quanto mais melhor ainda marcam o tempo e a vida.
segunda-feira, 16 de abril de 2018
Vamos rezar juntos
a boa disposição faz sempre a diferença. Não é fácil todos os dias e em todas as circunstâncias manter esse estado de espírito. Os momentos de todos os dias trazem sempre surpresas agradáveis e outras vezes desagradáveis. Naquelas que sabem bem, obviamente, que a boa disposição mantém-se e algumas vezes aumenta. Nas outras, as desagradáveis, a boa disposição esvaia-se facilmente e para a recuperar, às vezes requer algum trabalho. Está visto que a boa disposição é um desafio para todos os dias. Há muitas atitudes que ferem a boa disposição, por exemplo, nos outros e em nós: as teimosias, as incompreensão, a irresponsabilidade, as incongruências, o oportunismo, a pura maldade, a bajulação e tantas situações que desafiam a boa disposição. O importante é que aprendamos a manter a serenidade e a paz interior, levantar a cabeça e avançar com entusiasmo, mostrando que nada interrompe a boa disposição. Nada é mais certeiro para incomodar e travar quem se alimenta da destruição da boa disposição.
domingo, 15 de abril de 2018
Vamos rezar juntos
perguntei: o que é ter fé? Prontamente respondeu o Santiago, que é uma criança que gosta de responder sempre prontamente: - É ter esperança... Brilhante. As crianças nos nossos tempos são os principais missionários da esperança, porque os adultos perderam o rumo, deixaram de viver, estão domados pela pressa e pela pressão das milhares de solicitações que diariamente lhes são impostas. Não há tempo para refletir e para o silêncio da interioridade. Mas estão aí as crianças para nos falarem e ensinarem o que é a fé e a esperança. Por ocasiões deste género, retemperamos o gosto pela vida, a luz do que somos e fazemos reacende-se. Pela boca daquela criança Deus falou que nada está perdido, vale a pena retemperar a existência com a esperança, porque é possível sentir e sonhar com o amanhã que virá, que será melhor do que hoje, mesmo que este hoje esteja ensombrado com tantas nuvens negras de sofrimento. Não pode ser este presente a ditar o absoluto e o irremediável, o absoluto está reservado para o amanhã, por isso, confiemos e renovemos hoje o dom da fé pela voz doce da criança que disse tão generosamente com um sorriso nos lábios , é a esperança. A paz esteja convosco.
sábado, 14 de abril de 2018
A guerra
Ao sétimo dia
Tu és escombros malditos
visão infernal do tempo
que passa debaixo dos pés
em lágrimas e sangue dos aflitos.
Tu és ruínas escabrosas
da injustiça vertiginosa
do nosso mundo
quando cala a fome e a dor
com palavras bonitas mas manhosas.
Tu és som e fumo da explosão
que a maldade daninha
semeia sobre os campos da vida,
não há inteligência nem luz
que nos desvele a segura a paz
pois tantos do outro lado da trincheira
almejam a harmonia do coração.
Tu és clamor de fétidas chagas
de homens feridos e mortos
murmúrios que atravessam lágrimas
e todos os mapas da terra
uma lástima interminável a guerra
se falam armas é a pior das pragas.
Tu és o que reduz a pó
o fim da alegria
a morte da memória de povos
que não se escutam
porque vão contra os ventos e as águas
e são ganância tenebrosa
do egoísmo que teima dizendo
pelo retenir das armas
que pode ser possível no mundo
estar só.
JLR
Vamos rezar juntos
a corrida às armas continua. A guerra o pão nosso de cada dia. A meu ver esta é uma das coisas mais absurdas e estúpidas da humanidade, gasta dinheiro em armas cada vez mais sofisticadas para matar-se a si mesma. A paz é o caminho e um tema que nunca perde actualidade. A guerra nunca trouxe solução nenhuma para qualquer problema. Antes tem trazido destruição, feridos, mortos e todos os traumas que ficam para gerações e gerações. Não compreendo que a humanidade continue a proceder sempre pela força das armas para resolver questões, quando já avançou tanto em termos tecnológicos, nos direitos das pessoas, a promoção da dignidade humana e na valorização da vida em todas as suas faixas etárias... Os nossos tempos exigiam mais coerência face aos discursos e menos gosto pelas armas que levam a tanta desolação e sofrimento contra tantos povos inocentes.
sexta-feira, 13 de abril de 2018
Vamos rezar juntos
Questionado sobre o facto de Portugal ser um país de maioria católica, mas que aprova a legalização do aborto e tem em curso um processo legislativo sobre eutanásia, Francisco respondeu que esse é um problema político, mas também de formação. Disse o Papa Francisco concretamente perante as perguntas dos jornalistas: “Mostra que também a consciência católica não é uma consciência de pertença total à Igreja. Revela que, por detrás disso, não há uma catequese humana. O catecismo da Igreja Católica é o exemplo do que é uma coisa séria e estruturada. Falta formação e também cultura: são muito católicos, mas são anticlericais e mata-frade. Este é um fenómeno que me preocupa. Por isso, digo aos sacerdotes que fujam do clericalismo, porque o clericalismo afasta as pessoas e, até acrescento, é uma peste na Igreja”. Precisamos de serenidade para que em todas estas questões a lucidez e o bom senso prevaleçam acima de qualquer interesse de grupos ou partidos políticos.
quinta-feira, 12 de abril de 2018
Jesus «advogado»
Pão quente da Palavra para o domingo III
Tempo Pascal
Jesus
ressuscitou verdadeiramente. Para todos nós cristãos é isso que importa. Porque
esta é uma realidade que nos convida para a transcendência, a eternidade da
vida. Obviamente, que não se trata de um acontecimento histórico, está para
além da história, por isso, é mistério que nos abre ao mistério da vida e com
isso encontramos razões para que a fé ou a dimensão do acreditar faça da nossa
passagem neste mundo, não apenas alguns momentos limitados no tempo e num
lugar, mas certeza de que a vida está além da história e que a nossa história
não acaba com a morte.
Dentro
da comunidade cada um descobre a sua vocação ou a sua capacidade de doação aos
outros. A comum união fraterna que Cristo deseja e para a qual nos chama em
todos os momentos, só é possível mediante a disponibilidade do coração para o
acolhimento da fé. Não há outra forma de descobrir Cristo vivo nem há outra
forma de salvação.

Podemos
ainda salientar que os elementos históricos sobre a ressurreição de Jesus estão
apenas e só nas pessoas que fizeram essa experiência e a relatam nos textos
bíblicos. Tendo em conta isso, cada um de nós é convidado hoje a tentar
descobrir como pode fazer na sua vida concreta a experiência do encontro com
Jesus vivo e como pode com isso receber e oferecer a salvação de Deus a todos
os que encontra no seu caminho quotidiano.
O
calor da presença de Jesus ressuscitado é uma realidade testemunhada pelos
discípulos de Emaús, que nos reconforta também e que nos faz sentir que essa
presença é muito importante para enfrentar todas as caminhadas da vida deste
mundo. O calor da Ressurreição faz arder o coração de alegria, porque não se
sente desamparado nem à margem do amor de Deus. Deus aí está e diz-nos:
«Tocai-Me e vede…».
Perante
esta constante paixão amorosa de Deus por nós, não pode haver medos nem
desconhecimentos, que possam eventualmente travar o acolhimento desta proposta
que nos torna grandes diante do amor compassivo de Deus-Pai-Mãe, revelado por
Jesus Cristo.
Na
Eucaristia, Jesus senta-se à mesa, pega no pão, parte o pão e entrega o pão
para todos como sinal do Seu Corpo glorioso. Não podemos temer esta entrega e
esta disponibilidade para o banquete, porque aí descobrimos Cristo totalmente
entregue à causa de salvação designada por Deus-Pai-Mãe, que nos defende e nos
protege com o Seu amor infinito e incondicional.
Somos
hoje, também chamados pelo nosso nome a tomar parte nesta festa de amor e de
vida. Os tormentos dos caminhos da vida nada são diante desta maravilha que
Jesus nos oferece. Como venceríamos o desgosto das caminhadas sem sucesso que
muitas vezes encetamos pela vida fora? - Só com a força de Jesus que é alimento
eucarístico entregue sobre o que somos e temos. E só nessa entrega podemos
encontrar sentido para os altos e baixos deste mundo, porque a contar
unicamente com a prestação das coisas desta vida, as expectativas saem
profundamente goradas.
A
comunidade que se reúne à volta do altar da Eucaristia, descobre-se a si mesma
como corpo vivo de Cristo presente na história e descobre também a mediação do
Espírito Santo como razão de ser da convocação que Cristo faz todas as vezes
que a possibilidade do encontro se manifesta.

Ninguém
se salva sozinho. Só na comunidade à volta da mesa do pão e do vinho se pode
encontrar a possibilidade da redenção, porque Cristo ressuscitado manifesta-se
de forma plena na comunidade reunida. Que todos sejam capazes de abrir a sua
existência à Palavra do Amor que Cristo nos dirige. Não se encontra o verdadeiro
sentido da vida fora de Jesus ressuscitado. E a verdadeira vida só é possível
quando todos os homens e mulheres, como irmãos, se juntarem à volta da mesa do
banquete que Cristo nos prepara. O comensal do amor de Deus para todos sem
excepção. Vinde à mesa da festa da vida.
Vamos rezar juntos
os tempos não estão fáceis quanto à vergonha. O Papa Francisco um dia destes disse o seguinte: "O drama está quando não se sente vergonha por coisa alguma. Nós não devemos ter medo de sentir vergonha! E passemos da vergonha ao perdão!” E eu acrescento, a tentar fazer diferente, que seja o bem e justo. Esta frase fez-me lembrar uma série de coisas que hoje acontecem, que nos fazem perceber claramente como se perdeu a noção da vergonha. No topo da lista está o palavreado calão que pequenos e graúdos utilizam nas suas conversas. Mais repugnante é vermos que a vergonha não existe nas palavras obscenas absurdas que pais e filhos e as pessoas em geral - a começar pelas crianças - usam entre si. A vergonha deixou de existir face à violência das palavras e das atitudes nas famílias e na sociedade em geral. A traição hoje tornou-se banal entre os casais de todas as idades, não há vergonha por isso e a anormalidade ganhou contornos de normalidade. Onde está a vergonha quando se inventa caluniosamente com maledicência e maldade pura com intenção deliberada e pensada para destruir? - Seria bom retomarmos a educação que leva à consciência do "sentir vergonha" quando se faz algo que nos fez mal e aos outros, e que também se sinta vergonha quando devíamos ter feito o bem e não o fizemos por medo, covardia e preguiça.
quarta-feira, 11 de abril de 2018
Vamos rezar juntos
se pensarmos friamente nada é mais absurdo do que a existência. Mais ainda é absurda a vida se nos detemos numa missão que implique todos os dias colocar a cruz sobre as costas. Só mesmo sob a inspiração de modelos significativos da história, que morreram sob peso da Cruz e que nunca viram neste mundo a vitória final das suas causas. Obviamente, que muitos saborearam os frutos dessas causas. O mais relevante e importante é mesmo isso. Por isso, deve ser deles que se toma a força e o exemplo para manter os ombros disponíveis e o coração cheio de entusiasmo para seguir todos os dias com a mesma força da esperança e um sorriso nos lábios.
terça-feira, 10 de abril de 2018
Mobilidade condicionada
Escrever
nas estrelas
1. Não tenho razões de
maior para me queixar da TAP. Mas, para que não me faça de forte, como é óbvio,
coloco à cabeça das queixas, que, repito, não são muitas que tenho contra a TAP,
a questão mais que reincidente e que anda na boca de toda gente, os preços altos,
quando vejo publicidade da mesma empresa com voos ao preço da chuva entre
Lisboa e Nova Iorque ou até para uma qualquer cidade europeia. Os preços entre
Funchal e Lisboa às vezes doem e muito. Porém, como não viajo muitas vezes no
ano, tento comprar com alguma antecedência e programo bem as minhas saídas e
com alguma ginástica se vai resolvendo pelo melhor.
2. Todas as vezes que tive o azar de ser apanhado por alguma coisita desagradável, fui sempre bem tratado pelos serviços da TAP. E quando me dizem que vamos regressar à origem por causa do mau tempo, apesar do transtorno que isso me provoca, fico em silêncio e quieto profundamente agradecido com o que venha a seguir.
3. Porém, perante o que se tem passado nos últimos dias com voos cancelados «por razões operacionais» (se alguém sabe decifrar que ajude), parece existir algum aproveitamento das companhias, dado que cancelam voos a torto e a direito. Também falam que face às pessoas prejudicadas com os cancelamentos as empresas não estão a assegurar informação atempada e esclarecida (disto também me queixo) sobre o que se está a passar e muito menos estão a ser céleres a ressarcir devidamente as pessoas prejudicadas.
4. Face a isto, é preciso encontrar pontes de diálogo que resolvam todas as questões porque estão em causa pessoas, que esperam dos seus legítimos representantes, uma postura responsável, que encontrem soluções, que venham no futuro a responder como deve ser a todas as pessoas prejudicadas com estes percalços ditos de «razões operacionais».
5. As atitudes dos governos actuais, tanto o de Lisboa e tanto o do Funchal, estão bem à vista de todos, ambas repugnantes face a esta questão da mobilidade. Os de lá silenciam. Os de cá esperneiam e esbracejam cá dentro, como aquela do outro «agarra-me que eu vou a eles»…
6. Penso que não é assim que se negoceia. O que se pede, é serenidade e que se procurem todos os meios e caminhos que tragam soluções, penso que é isto que todos os cidadãos esperam dos seus governos tanto lá como cá.
Vamos rezar juntos
nenhuma forma de vida é fácil. Todos experimentamos uma série de desafios todos os dias. Saboreamos sucessos e temos encontros saborosos com tantas pessoas positivas que acrescentam tanta realidade boa ao que somos e experimentamos. Porém, não faltam os insucessos, os sonhos adiados e tantas vezes frustrados para sempre. Obviamente, que não faltam também desencontros com pessoas tóxicas, pessimistas, maldosas e pouco recomendáveis. A vida é este contrabalançar que requer de nós a inteligência para manter a serenidade, a lucidez na construção da paz, a alegria quando o bem acontece, mas também a firmeza das convicções diante das frustrações, sem que se perca o sentido da tolerância e compaixão para perdoar e acolher os que trazem o mal. Sem a clareza destes parâmetros não saboreamos com a intensidade do amor tanta coisa que a vida oferece de bem todos os dias. É suficiente uma brecha de mal para contaminar a vida toda. Procuremos não dar esse gosto a quem pretende fazer da vida um tormento insuportável e nisso encontrar prazer.
segunda-feira, 9 de abril de 2018
Vamos rezar juntos
simplesmente viver. É tudo para os tempos em que existimos. Mas pensemos, que vida e que pessoa humana este tempo vai legar para o futuro? - É o tempo onde os amigos são virtuais; o conhecimento está na internet, nada se aprofunda, muito menos se reflecte o que se consome; a comunicação descarnou-se e existe por meio de aparelhos; a dimensão transcendente da vida tornou-se um horizonte distante demais, não é necessária; a prática religiosa dispensa intermediação e mais ainda intermediários, tudo via direta... Tantas vezes parece que ninguém precisa de nada que venha de fora de si nem muito menos dos outros... É um tempo novo, cheio de desafios, que requer de nós uma atenção redobrará para não perdermos o sentido da humanidade e todas as coisas do ser pessoa, que o mundo cada vez mais virado para as mediações da técnica, parece querer substituir ou simplesmente roubar. Mas, vamos simplesmente viver, venha o que vier.
domingo, 8 de abril de 2018
Vamos rezar juntos
porque valeu a pena a Páscoa? - Porque foi renovado o sonho de Deus e o nosso. O desejo de que pode ser possível a fraternidade, a paz, o encontro, a tolerância, a justiça e tudo o que corresponda a uma verdadeira comunhão humana, onde ninguém fique para trás. Valeu a pena, porque descobrimos um Deus de misericórdia, que se compadece da humanidade inteira, a deseja salvar e que nenhum condicionalismo deste mundo vai impedir esse feito do imenso amor de Deus. Ele venceu as artimanhas do mundo e nós crendo nessa vitória também seremos vencedores. Valeu a pena a Páscoa, porque mais um vez se escuta que a felicidade está em crer sem haver necessidade de ver. Crer na vida inteira para todos, crer que a nossa militância humilde e sincera na amizade com todos, particularmente, os mais necessitados, é a luz que a vida e o mundo precisam para fazer sorrir a muitos. É preciso acreditar, que a indiferença e o desencontro não são a história de Deus nem podem ser a da humanidade, por isso, seremos felizes se não for necessário ver, que a vida está nas nossas mãos e que devemos fazer sempre o melhor com ela para que à nossa volta aconteça o bem misericordioso de Deus pelo que somos e pelo que damos a saborear aos outros. A paz esteja convosco.
sábado, 7 de abril de 2018
Vamos rezar juntos
A Revolta da Madeira, também referida
como Revolta das Ilhas ou Revolta dos Deportados, foi um
levantamento militar desencadeado com a finalidade de derrubar o regime do
governo da Ditadura Nacional (1926-1933) que ocorreu na ilha da Madeira,
iniciando-se na madrugada de 4 de abril de 1931. O mês de abril de 1931 na
Madeira, está cheio de referências de guarnições, de peças de artilharia, de
navios de guerra, de deportados, de boatos… Imagine-se a incerteza, a contra
informação e todo o ambiente que se viveu nesses dias de revolta e de
perseguição. Qualquer injustiça é intolerável e devia calar fundo no coração de
todos nós para que não se repitam atentados à liberdade de consciência e para
que a livre expressão do pensamento, o direito de opção e a firmeza das
convicções sejam o alimento essencial da Democracia. Não podemos hoje esquecer
este espírito de revolta dos nossos antepassados e muito menos permitir que a
sociedade se aliene e se silencie perante a nobreza daqueles que souberam
assumir riscos sem olhar as consequências, no que diz respeito às suas opções a
favor do bem do povo em geral.
sexta-feira, 6 de abril de 2018
O instante do mundo
Ao sétimo dia
Não sei nada do silêncio
sou um aprendiz que sente o
vento
o espírito que passa
singelo se for amizade,
paixão e entrega.
Mas também fortemente
uma palavra
sobre as vias sombrias
do sentido do amor
quando junto tudo
na sinceridade de um sorriso…
JLR
Vamos rezar juntos
amo a vida, detesto a morte. Mas tantas vezes é preciso morrer para que nova vida possa surgir. É preciso que morram todos os meus medos, os meus egoísmos e todas as minhas obsessões, porque me desviam do essencial e do caminho da felicidade partilhada. Estas mortes são necessárias para que a vida surja com liberdade e cheia de amor pelo bem pessoal sempre com a maior das aberturas ao bem dos outros. Precisamos de deixar morrer o passado, mesmo que a vida não se faça sem olhar para o passado, mas somos gente do futuro. Tudo o que tenha feito ferida no passado precisa de ser purificado e voltarmos a olhar para o futuro com a alegria da esperança e a certeza que somos vida em abundância que se renova todos os dias até que no último dia, entrará na dimensão da ressurreição para a vida imortal, eterna.
quarta-feira, 4 de abril de 2018
Vamos rezar juntos
pelas vítimas do racismo e pelos racistas para que se convertam. Vem a propósito esta récita porque ontem (04/04) passaram 50 anos da morte de Martin Luther King, pastor protestante e activista político estadunidense, o maior lutador sem violência de todos tempos contra o racismo e pela igualdade de oportunidades e direitos para todas as pessoas. Condensou nesta famosa frase tudo o que importa realmente lembrar todos os dias para que no lugar do racismo, esteja a tolerância, a igualdade e a integração de todas as pessoas: "Eu tenho um sonho: que os meus quatro filhos um dia viverão numa nação onde não serão julgados pela cor da sua pele, e sim pelo seu carácter". Infelizmente, passados estes anos todos da sua morte continuamos com este tenebroso mundo carregado de desprezo pelos outros, só porque a sua pele é diferente. Vamos pela educação e pelo nosso exemplo mostrar que todos somos semelhantes, todos da mesma massa e que por dentro de qualquer pele está um corpo igual ao nosso, que nos impõe respeito e atitudes no sentido de o incluir contra todas as formas malévolas de exclusão que fatalmente ainda subsistem neste mundo.
terça-feira, 3 de abril de 2018
Vamos rezar juntos
a maior novidade (desafio) do mundo é esta: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças”. E o segundo mandamento é: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Cf. Mc 12,29-30). Tão difícil viver isto! Mas não é possível a vida sem que de alguma forma tentemos chegar a este ideal. Amar os que nos são próximos e aqueles que derivam da nossa consanguinidade, é mais fácil, mas aqui o desafio, pede que incondicionalmente, o amor vá ao encontro do próximo. Tudo isto requer que sejamos serenos e tolerantes diante de todas as coisas que os outros fazem e que nos tiram a paz interior. Mas aí devemos pensar que nada se resolve com gritos descontrolados, exasperações inúteis e ou intolerância. Tentemos sempre pensar neste mandato e na medida do possível persegui-lo com o desejo de um dia chegar à meta desse ideal. Não nos devemos dar por satisfeitos quando ficamos pela metade, mas fazer tudo em função do ideal sem idealismo, porque o sonho comanda vida.
Vamos rezar juntos
a vingança mata tanto antes e depois de acontecer. Primeiro que tudo mata a lucidez, mais ainda a humildade para compreender e perdoar. Sócrates (o filósofo da antiga Grécia) ensinou que o rancor ou a vingança eram como beber um frasco de veneno e esperar que o outra morra. Por isso, digo que a vingança mata quem a praticar em primeiro lugar e se eventualmente for realizada vai fazer as outras vítimas. Não permitamos que este mal nasça em nós, aconteça o que acontecer vindo dos outros. A compreensão e o perdão são sempre o melhor remédio. Praticá-los darão a melhor resposta a quem se alimenta do maldade.
segunda-feira, 2 de abril de 2018
Quadro certeiro que fala por si sobre a exclusão
Merece ser partilhado. Porque é tão real e tão comum. A desigualdade e a exclusão está bem legitimada nos meandros intricados da sociedade. Reflitamos sobre estas duas versões sobre o mesmo assunto...
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