Escrever nas estrelas
O Presidente da Assembleia da República
também alinha na lógica de que esta coisa dos deputados ilhéus sobre o subsídio
duplicado que eles recebem, se for bem explicadinho, todos nós compreenderemos
bem. Porque não é ilegal nem muito menos é falta de ética. Não precisava o
Presidente da Assembleia de nos dizer isto, porque já sabíamos que os deputados
ilhéus não tinham cometido nenhum crime, mas que se tinham fechado em copas
perante uma prática vantajosa para eles monetariamente falando, quando para a maioria do cidadãos pagantes de impostos as coisas são mais acertadas e cheias de espinhas muitas vezes.
Neste contexto, que alguns preferem reduzir, para alguns esperteza e
para outros (nós os cidadãos, os idiotas), silêncio, esquecem que isso é um
privilégio exclusivo para políticos profissionais e que na vida normal as
coisas não são bem assim. Os cidadãos têm direito a se indignarem e a exigirem
transparência, bom senso e o mínimo de ética. O que se
esperava do Presidente da Assembleia, era que nos dissesse claramente, vamos
corrigir uma prática que está desajustada e injusta.
Por esta ordem de ideias, vá o sr.
Presidente da Assembleia da República dizer o mesmo às empresas que pagam
viagens aos seus funcionários, mas que os obrigam a entregar o subsídio de mobilidade.
Esperava do Presidente da Assembleia uma
postura não tão centrada na legalidade e até se quisermos na ética, mas em bom
senso, que reconhecesse uma prática que já vem de longe, mas que tudo ia fazer
para torná-la mais transparente e enquadrada na prática do bom senso, que no
fundo é aquilo que estão a pedir neste momento os cidadãos, para este caso da mobilidade dos deputados e para tudo o que diz respeito a práticas que indiciam privilégios pouco transparentes, desmedidos e injustos.
Por estas e por outras,
continuo a considerar que os principais responsáveis pela péssima imagem dos
políticos profissionais, são eles próprios. A dignidade da vida política implica
uma digna remuneração, é verdade, porque senão, vamos ter um bando de medíocres
a exercer cargos de alta responsabilidade política, mas que tudo seja feito com a maior
das transparências, sem a ideia de que há privilégios para uns em detrimento de
outros. Chamem a legalidade e a ética para a prática política. Mas não esquecer
o bom senso que deve estar sempre presente quando se vive sob o crivo da lei e
da ética.
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