Hoje, dia 1 de Julho, é o dia da Região Autónoma da Madeira. Muitos têm razões para celebrar, de modo especial, os que tiveram engenho e arte de fazer da Madeira uma Mamadeira. Por isso, viva a Mamadeira do cimento armado, a do betão. A Mamadeira da construção desenfreada, ao abrigo das alterações dos planos directores (coisa que não se sabe o que é…) ao gosto de cada grupo económico. A Mamadeira para quem constrói a seu bel-prazer na orla costeira e em zonas protegidas ambientalmente. A Mamadeira para quem teve engenho e arte para sacar subsídios ao Governo Regional a torto e a direito, para fazer tudo e nada. A Mamadeira para os balúrdios que se gastou e gasta com o Jornal da Madeira, onde meia dúzia de senhores, receberam salários bem chorudos. A Mamadeira para o desporto profissional, para a compra de brasileiros, ao abrigo da imagem da Mamadeira lá fora. A Mamadeira para patrocinar programas televisivos e novelas de gosto duvidoso em nome do nosso turismo. A Mamadeira onde até a religião esqueceu a regra do Evangelho, «a César o que é de César, a Deus o que é de Deus», por isso, faltou-lhe visão profética e sentido de missão em favor de todo o povo. É com muita pena que se veja alguns dignitários da Igreja ao lado das figuras do poder político, quais acólitos submissos à autoridade, como se precisassem de tal atitude para sobreviver. A Mamadeira para quem se alimenta de pão e circo nesta terra onde o povo merecia melhor educação, melhor saúde e mais cultura. E como restava o vinho seco, a Mamadeira, até isso quer tirar ao povo, aos pobres. A maior parte das nossas tradições, a Mamadeira foi tirando, restava esta, a do vinho seco que alegrava o nosso povo, o fazia tão genuíno e o tornava tão fiel à máxima latina: «in vino veritas». Mas, a Mamadeira queria (não sei se conseguiu fazer uma ressalva para a lei do tabaco), mas para o vinho seco não interessa, porque é coisa de pobres (de povo), que não pode comprar whiskys de rótulos pretos e vinhos engarrafados lá fora pelas grandes companhias de vinhos. Mais uma para engrossar a lista longa que embeleza o jardim das delícias que é a nossa - nossa, vamos indo, quer dizer, de alguns - Mamadeira. E assim se dança o bailhinho da Mamadeira.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
2 comentários:
Caro P. José Luís , mais uma prova dos seus dotes de literato e de profeta. Que boa prosa denunciadora dos pecados desta terra por parte desses ingovernados-governantes. Mas o povo também adora-os. A responsabilidade deste senhor(es) estar no poder durante estes 30 e tantos anos se deve totalmente a uma entidade: Igreja Regional da Madeira, cujo principal protagonista foi um senhor que já morreu, cujo nome era Francisco Santana. Ele é que foi o pai-fundador do albertojardinismo do PPD. Foi ele e mais, recentemente, os seus sucessores que rebentou com a igreja católica madeirense. Pôs os padres do Pombal na rua, criou problemas à Ribeira Seca e o P.Martins, dissolveu um aereópago de grandes discussos politico-sociais-filosóficas-teológicas chamado ARCO. Fez com alguns sacertores saissem de padres e aderissem ao PCP e, de uma vez por todas, nunca esses senhores bispos aceitaram a oposição ao governo regionasl e seu partido. Eram os padres eordens religiosas nas igrejas paroquiais, lares e escolas a divulgar os beneficios do PPD e criticando com devaneio os partidos e pessoas da oposição. O cenário está patente. Temos uma liberdade que foi alcatroada. Um abraço, força. ÂngeloPaulos
O meu aplauso a este artigo e o meu abraço ainda que, por enquanto, virtual.Sei que sou "suspeita",nada e criada em Lisboa mas, como trouxe a minha inteligência comigo (não a "exportei")e como faço os possíveis para a manter informada e oleada, como sou livre e insubmissa aos interesses que não sejam os sociais,os da plebe, subscrevo inteiramente o seu artigo.Bravo!
Na verdade, a Ma(ma)deira não precisa de mais bailinho, precisa de um VIRA...
tukakubana
Enviar um comentário