Outra vez
Lampedusa pelas piores razões. Centenas de pessoas morreram neste último naufrágio.
Dizem que é a ponta do icebergue. Aquele que parece ser um porto de abrigo, Lampedusa,
torna-se todos os dias o porto do desembarque da morte. São milhares de pessoas
que fogem da violência, da fome, da pobreza e de tanta miséria que ainda existe
neste mundo, que cada vez mais se vai revelando como sendo um lugar que é não é
pessoas.
Na visita
simbólica que o Papa Francisco realizou em Julho à ilha de Lampedusa pediu pelo
«despertar das consciências» para combatermos a «globalização da indiferença».
Aí está outra
vez a notícia pelas piores razões, o azul oceano Mediterrânico engoliu
mulheres, crianças de todas as idades… Centenas de pessoas que se foram de
forma trágica e o único crime que cometeram é este, colocar em risco a sua vida
em nome de condições melhores para serem gente com dignidade. Um ideal
aceitável como todos os nossos ideais. É terrível que o mundo não esteja organizado
para que os ideias elementares da vida humana não vejam a luz do dia. Ninguém
devia morrer nem sofrer por causa deste desejo, desta vontade profundamente
humana e divina.
O mundo devia
lavar-se em lágrimas de vergonha quando acontecem tragédias deste teor. Para
onde vais Europa se te permites assistir às tuas portas à morte de tantos
inocentes vítimas de um desenvolvimento desigual? – É preciso acordar e
permitir a entrada de toda a gente, criando condições de integração, para que se
renovem as nossas sociedades, mergulhadas na maior depressão porque deixamo-nos
envelhecer.
Precisamos de
sangue novo. Precisamos de humanidade. Precisamos de dar consequência aos
princípios elementares da fraternidade que enformou a tradição humanista da
Europa. Precisamos de políticas criadoras de uma Europa que junta os valores
cristãos que fizeram da Europa este lugar mítico do bem estar tanto para os
povos que nela tenham nascido, mas também para os outros que nos seus países
não têm condições elementares de liberdade e de desenvolvimento para viverem
com humanidade.
Deve ser exigido
à Europa que esteja a favor dos que chegam e os proteja com humanidade. Melhor
será que a Europa não apoie regimes que não respeitam os direitos humanos,
governos cleptocráticos que não se importam com os seus povos e mergulham na
corrupção e no saque frequente do bem comum. Estar contra isto é essencial,
para que estas tragédias deixem de existir entre nós. E os povos encontrem
condições condignas para viverem aí no lugar onde nasceram e não terem necessidade
de se lançarem mar adentro correndo todos os riscos horríveis que levam a estas
tragédias. É preciso lavar-se em lágrimas, purificar o pensamento e a vontade
para fazermos deste mundo um lugar habitável para todos os povos.
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