Há circunstâncias na vida que nos fazem perder a serenidade e magoar alguém: talvez com uma palavra grosseira, talvez com uma atitude brusca, talvez com uma afirmação injusta ou falsa que fazem sofrer.
Certa professora tinha na sua turma um rapaz que se irritava com facilidade e ofendia os companheiros. O ambiente tornava-se pesado, sem bom entendimento entre eles. Um dia, ela decidiu dar uma lição bem fácil de compreender a todos os alunos. Chamou o aluno mal educado, entregou-lhe uma folha de papel branco muito perfeita e lisa e mandou-o amassar aquela folha. O rapaz dobrou-a, amarrotou-a até fazer uma bola de papel. Depois a professora ordenou-lhe que alisasse a folha. O aluno desfez a bola de papel, e começou a desdobrar e alisar a folha o melhor que pôde. Mas, por mais que tentasse alisar, as rugas da dobragem permaneciam bem visíveis no papel.
A professora chamou a atenção de todos e explicou-lhes a lição que pretendia dar-lhes: quando ofendemos alguém – os pais, os professores, os companheiros, qualquer pessoa – produzimos marcas dolorosas – às vezes profundas – no coração dessas pessoas. Depois, talvez arrependidos, peçamos desculpa, peçamos perdão pelas nossas ofensas. Mas as marcas no coração dessas pessoas ofendidas nunca mais desaparecerão totalmente, como as rugas na folha de papel amarrotado.
O bom entendimento, o respeito mútuo, criam um ambiente de bem estar, de felicidade: em família, nas escolas, nas empresas, nas instituições, nas comunidades cristãs, em toda a parte. Evitemos as palavras duras que ofendem. As atribuições tantas vezes falsas que prejudicam e fazem sofrer. Falemos somente quando as nossas palavras forem tão suaves e inofensivas como o silêncio.
Mário Salgueirinho
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