Nunca se falou tanta num rescaldo
eleitoral de massas, arroz, batatas, azeite, óleo, telhas, sacos de cimento,
areia… Uma panóplia de géneros alimentares e produtos de construção civil
impressionante que deve ter feito os índices económicos subirem em flecha entre
nós durante o período da campanha eleitoral. Até podíamos eleger como canção de
top esta, que tem este refrão: «eu sou feliz, ao pé da minha maria com cabras porcos e
vacas, vivemos com alegria».
Até cansa se ter ouvido falar tanto nestes
bens. A meu ver chegam ser um insulto a quem tem tão pouco ou nada para a sua
sobrevivência. Porque, os partidos políticos, especialmente, o que governou a
Madeira quase 40 anos, finalmente, assumiu acusando os outros de terem feito o
que pertencia ao seu segredo que consecutivamente o fez ter sucesso nos muitos
momentos eleitorais que se foram seguindo nestes quase 40 anos a governar a
Madeira.
Destapada a careca, chega finalmente o
momento de se ver revelado o método que não era estranho a ninguém. Sacos de
cimento, areias, telhas e tintas foi o que muitos aproveitaram e bem como dávida
vinda do céu. Tolos seriam os que não recebessem, ainda mais em tempos de austeridade
e de penúria como estes que estamos a viver, quando não sobre sequer um
troquinho para comprar um rebuçado ao pequeno.
Depois foram os muitos cabazes que
supermercados afectos ao partido do poder foram distribuindo por todo o lado
sem falar depois da chuva de telefonemas a lembrar o voto e a combinar a hora da
chegada do carro ao serviço do transporte de eleitores. Coisa que devia ser
para transportar quem precisava mesmo, os doentes com incapacidade de locomoção,
mas como não se consegue fazer um favor sem abusar nesta terra, toca a pegar nos
carros e usá-los a torto e a direito. Nada disto deve ter acontecido para o
partido habituado a ganhar sempre, nada disso foram, foram só os outros que seguiram
estes esquemas, porque estes perderam (perderam, repita lá outra vez… ah, pois,
ganharam, mas já me esquecia!) limpinho.
O debato de ontem na RTP-Madeira, foi
revelador desta realidade. Os acusadores lá estavam e quase se guerreavam a ver
quem tinha dado mais massa, mais arroz ou vice-versa. Sobre questões importantes
para o futuro não ouvi nada. Uma tragédia olhar para aquele retrato. Uma
maioria de gente que sem dizerem nada já desconfiamos da capacidade para
tomarem conta dos destinos do povo. Oi, oi, oi, se abrem a boca para falar,
apanhamos um susto. Ontem provou-se claramente, para termos a noção daquilo que
são os nossos autarcas, é coloca-los todos junto numa sala. Foi pena não ter
havido vários debates antes das eleições, assim tínhamos uma visão de conjunto
e podíamos avaliar melhor em quem íamos votar. Convenci-me que se tal
acontecesse os resultados seriam outros e até as derrotas podiam ser maiores e as
vitórias podiam ser ainda mais expressivas.
Contudo, venham muitas eleições, pelo
menos durante algumas semanas o nosso povo não passa fome e a economia gira
porque se fazem algumas obras. Mas, sempre esperamos que os votantes mesmo de
barriga cheia não percam a lucidez, votem com responsabilidade e em consciência.
Sem comentários:
Enviar um comentário