Comentário à missa do domingo
de Pentecostes, 8 junho de 2014
A
origem do Pentecostes está intimamente ligada à Páscoa, celebrando-se sete
semanas depois da Páscoa, quer dizer, no 50º dia após a Páscoa e, por isso, a
tradução grega chamou-lhe Festa do Pentecostes ou festa do Quinquagésimo Dia.
No
Antigo Testamento hebraico era designada festa das (sete) Semanas. Era a festa
da colheita do trigo, enquanto a da Páscoa era a das primícias da cevada.
"Depois, contarás sete semanas, a partir do momento em que começares a
meter a foice nas searas. Celebrarás então, a Festa das Semanas, em honra do
Senhor." (Dt 16,10-12).
Inicialmente, tal como a Páscoa, o Pentecostes
ligava-se à fertilidade dos campos. Com a história de Israel passou a ligar-se
ao dom da Lei no monte Sinai, daí os rabinos lhe chamarem a Festa do Dom da Lei
(mattan Torá).
No tempo da primeira comunidade cristã, Jesus enviou o Seu
Espírito (o Espírito Santo) precisamente na semana em que se celebrava a festa
do Pentecostes. A descida do Espírito sobre os Apóstolos aconteceu no meio de
fenómenos semelhantes à "descida" da Lei no monte Sinai, com o ruído
de trovões, o fogo dos relâmpagos, fumo, sismo (Act. 2,1-4 e Ex 19,16-19). O
Espírito de Jesus, que desce sobre o novo povo, é a nova Lei dos cristãos, mas
este Espírito só desce depois do conhecimento da Palavra de Jesus. Concluindo,
o Pentecostes é a festa do Espírito de Jesus, que nos vem da Sua Palavra
conhecida, vivida, anunciada.
Esta é a festa do Espírito Santo, que é o
termo usado para traduzir o termo hebraico Ruach HaKodesh. O Espírito Santo é o
relacionamento entre Deus Pai e Deus Filho que é derramado no coração do homem
e da mulher através dos sacramentos celebrados na comunidade dos irmãos, onde
se experimenta a saudação fraterna, a comum união e a desvelação do
transcendente. Aliás, elementos importantes para vencer na labuta do dia a dia
para que encontremos sentido na palavra de Fernando Pessoa: «Tudo o que chega,
chega sempre por alguma razão». Por fim, fiquemos com esta oração ao Espírito
Santo da Ir. Marlene Bertoldi:
«Vem,
Espírito de Deus, enche os nossos corações com tua graça.
És
o sopro de Deus que dá vida ao que está morto, que dá vida ao nosso ser e que
nos tira do túmulo da preguiça e do comodismo.
És
fogo que queima o que está errado em nós, que aquece nosso coração para amar,
que ilumina nossa mente para entender.
Faze-nos
conhecer Jesus Cristo que veio revelar o amor do Pai.
Faze-nos
conhecer o pai e sua bondade infinita.
Faze-nos
tuas testemunhas, instrumentos nas tuas mãos para que os corações dos homens se
transformem e assim a terra se renove.
Para
que reine a justiça e a paz, a solidariedade e o amor.
Para
que o Reino de Deus se estenda cada dia mais. Ámen».
Só
para lembrar os sete dons são: Sabedoria, inteligência, ciência, conselho, fortaleza,
piedade e temor de Deus. Às Quartas feiras o Papa Francisco na Audiência Geral
tem feito reflexões magníficas, que podem ser lidas no site do Vaticano, sobre
cada um dos dons do Espírito Santo.
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