A perseguição aos cristãos no Iraque
está envolta num silêncio ensurdecedor. A comunicação social não fala muito.
Ora porque a guerra entre palestinianos e israelitas está mais mediatizada. Ora
porque a perseguição religiosa é de somenos quando se trata, ser contra
cristãos. Se fosse de cristãos-católicos sobre islâmicos o que não seria… Mas
vamos ao que interessa reflectir.
O Iraque salta à vista agora com grande acuidade,
mas a Nigéria, a Síria e tantas outras parte do globo continua a reinar o
alimento da perseguição que semeia a deportação, a destruição e a morte contra
os cristãos.
Se somos implacáveis contra a
inquisição, as cruzadas e todas as formas de perseguição religiosa que o
cristianismo carrega sobre a sua história, não podemos agora senão sermos
consequentes e deplorar até à saciedade todas as formas de perseguição religiosa
venham de onde vier. Ainda mais no nosso tempo, dado que nos guiamos pela
Declaração Universal dos Direitos Humanos e pela consciência das liberdades
individuais.
A liberdade religiosa deve ser um bem a
ser salvaguardado e defendido por todas as sociedades que almejam a paz, a
fraternidade e salvação das pessoas, aliás, princípios fundantes de qualquer
expressão religiosa. Assim, creio!
No Iraque a organização extremista deu
prazo aos 25 mil cristãos de Mossul se converterem, pagarem uma taxa ou
deixarem a cidade. Forças de segurança iniciam ofensiva no norte do país.
O grupo fundamentalista Estado Islâmico
do Iraque e do Levante (EIIL) deu ultimato até ao sábado (19/07) para que os
cristãos de Mossul se convertam ao islamismo, paguem uma taxa religiosa ou
abandonem a cidade no norte do Iraque. Os que não seguirem uma dessas três
alternativas serão mortos, afirmaram os militantes extremistas. Neste momento,
pouco ou nada sabemos em que ponto está a situação. O silêncio noticioso é
terrível e ensurdecedor.
«Após esta data não há nada entre nós e
eles senão a espada», declarou o líder do EIIL Abu Bakr al-Bagdadi, conhecido
como «Califa Ibrahim». O ultimato é baseado no dhimma, uma antiga forma de
contrato, na qual muçulmanos prometem proteção aos «infiéis» em territórios
islâmicos, em troca do pagamento da taxa denominada jizya. No fim de junho, o
EIIL proclamou a fundação de um califado na Síria e no Iraque, onde vale a sua
versão radical da sharia, a lei tradicional islâmica.
Actualmente não se sabe quantos cristãos
existem no Iraque. Após a invasão americana, em 2003, os cristãos foram
atacados, mortos e expulsos das cidades iraquianas, num claro espírito de
vingança por causa da horrível guerra provocada pela invasão ocidental sobre o
Iraque, que os grupos extremistas islâmicos converteram numa guerra religiosa.
Assim, faz-nos temer o pior sobre a
perseguição dos cristãos no Iraque, a terra onde neste momento os filhos de
Abraão sofrem inconsoláveis a perseguição absurda dos extremistas que cegos
pelo ódio fazem também levar para diante a destruição e morte. Que nos faça
mais uma vez pensar como São João Paulo II, a quando da invasão do Iraque, nos
lembrou dando voz aos alertas dos vários Papas desde São João XXIII e Paulo VI:
«a guerra é a derrota da humanidade». A invasão americana ao Iraque prova que
esta derrota é bem evidente e deixa marcas para sempre.
1 comentário:
Amigo e Irmão Padre José Luís as minorias continuam a serem desrespeitadas. Os Direitos Humanos menos ainda. Estamos numa selva em que ninguém respeita ninguém. Os cristãos-católicos em Cuba, União Soviética, China, Coreia do Norte, Albânia foram cerceados nas suas liberdades cívicas incluindo o direito de se exporem nos seus cultos religiosos. No tempo do ditador Salazar havia aquele deprimente silogismo "português logo católico". O nosso autocrata regional faz gala em dizer "católico, apostólico e romano". Isto é tudo uma pouca vergonha. Mas se carregámos o fardo da inquisição não se compreende que se mate pessoas só por professarem a sua religião. Os "neros" e "déspotas" imperadores romanos ressurgiram.
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