Sínodo sobre a família...
Está
acontecer o Sínodo dos bispos em Roma à volta do Papa Francisco. Tem como tema
a família. Obviamente, que para a comunicação social em geral, tem importância este
acontecimento se existir alguma novidade ou nenhuma novidade relativamente às questões
que se convencionou designar de fraturantes. Elas são a comunhão dos casados em
segundas relações matrimoniais, os que vivem em união de facto, os casamentos
gays e tudo o que ande à volta destes assuntos da vida actual.
Mas,
por hora não me vou dedicar a estas matérias. Já cansa tudo o que se vai
dizendo sem adiantar nada sobre cada uma delas. E sobretudo, cansa o que anda
na cabeça de uma grande parte da Igreja Católica que impõe doutrina, regras e
dogmas inalterados, mesmo que a realidade diga totalmente o seu contrário.
Mantem-se uma teimosia tola. Não se quer ver a realidade. Ora vejam só, lá
estou outra vez a dar voltas.
O
assunto que me trás por cá hoje neste banquete está relacionado com a pequena
sondagem que cada um de nós pode fazer no meio onde se delicia com a grandeza
da vida. Levante-se da sua cadeira, pergunte a algumas pessoas se sabem o que é
o Sínodo dos bispos e que neste momento está a decorrer um em Roma, no Vaticano,
cujo tema é a família. São mais que interessantes as respostas.
Há
um desconhecimento geral. Alguns ainda dizem que ouviram falar qualquer coisa
nas notícias. Mas que não perceberam nada. Porém, quisemos ir mais longe e
perguntar concretamente a casais a quem diz respeito o assunto da comunhão e do
acesso aos sacramentos, recebo vários encolher de ombros e vários sorrisos de
compaixão, para não dizer de divertimento. A maior parte dos católicos não sabe
o que é um Sínodo, não querem saber e muito menos estão atentos ao que está a
ser discutido neste Sínodo sobre a família concretamente.
Mesmo
que das cabeças pensantes do Sínodo não saia nada de novo quanto aos casais que
passam pela experiência dolorosa da separação matrimonial, nada se vai alterar,
não virá mal maior ao mundo. As pessoas irão continuar a desfazer as suas vidas
e refazê-las como muito bem entenderem. Porque a prática geral é que as pessoas
pouco ou anda ligam ao que a Igreja diz sobre estes assuntos hoje. Tomam as
suas opções sem nenhuma preocupação quanto ao que está definido na doutrina da
Igreja. Se algum padre se atreve a recusar ou impor regras, dogmas e doutrina,
cai no ridículo e no descrédito geral, ganhando por isso a pior fama do mundo.
Continuamos
sob a espada de Dâmocles. Há a doutrina que ano após anos vai sendo
continuamente reafirmada e confirmada pelos Papas e pelos bispos, que estão a
leste da realidade concreta das pessoas de cada tempo (à excepção do Papa
Francisco que parece ter um conhecimento extraordinário da vida concreta da
humanidade dos tempos de hoje, contrariamente, à máquina que se instala nos
corredores ancestrais do Vaticano e nas lideranças das Dioceses de todo o
mundo).
Porém,
quem está nos meandros concretos do pulsar da vida das pessoas todos os dias,
vê-se confrontado com a realidade, sobre a sua cabeça está a doutrina inabalável,
que os dignatários eclesiásticos que se dizem inspirados pelo Espírito Santo, pretendem
que seja falada e aplicada para tanta gente que hoje a recusa, porque diz
entender viver como lhe apetecer, mesmo que tenha uma prática religiosa
católica irrepreensível, mas que entende recusar ditames que não lhes dizem
nada.
Por
tudo isto, no meu simples ver e acreditar, partindo do pulsar concreto da vida,
bom seria que a Igreja estivesse mais concentrada a seguir o exemplo de Cristo
a partir do Evangelho. O paleio que se vai fazendo ecoar para pouco vai
servindo. Por isso, poderia ser melhor uma Igreja que caminha ao jeito de cada
pessoa sem regras que excluem nem muito menos que façam passar a ideia de que
há cristãos de segunda e cristãos de primeira.
1 comentário:
Amigo e Irmão Padre José Luís Rodrigues, nestas coisas de casamentos gay sobre muito conservador. Separação entre mulher e homem que se maltratam. Muito bem, Que a Igreja os acolha e permita, se eles são crentes, em caso de recasamento, comungarem. Também acho que deve permitir. A união de facto entre pessoas do mesmo sexo e que tenham uma união civil com todos os direitos tal como os casais heterossexuais também concordo. Mesmo a comungarem nas missas. Agora, casamento religioso. Não concordo. Como sentiria, se tivesse filhos: uma filha chegar-me a casa e dizer-me que tem uma amiga como seu marido ou um filho dizer que tinha um gajo como minha nora. Não sei se não os recusaria. E a Igreja tem princípios éticos, morais, não dependentes de direitos canónicos. Mas, não aceito situações aberrantes e contra-naturais. Se não daqui a dias tudo é permitido. Nada tem a ver isto com homofobias. O Estado no sentido do direito e do político. A Igreja como entidade representante dos valores doutrinais provenientes do Evangelho é outra coisa. É a minha opinião. E morro com ela. Um grande abraço.
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