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sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

A Madeira não parece ser para velhos


Há nesta terra abrigos para todos os gostos e à medida do poder dos rendimentos de cada um. Porém, em todos há histórias de vida empoeirada, mofadas no esquecimento do frio tratamento profissional e são chamados de avós por pessoas que nada se importam com o passado de cada uma destas pessoas. Todos estes abrigos de alguma forma são instituições de caridade, para ricos, públicas, religiosas, improvisadas, fábricas do lucro fácil, lugares esquecidos e do esquecimento, depósitos de pessoas que esperam a morte… Em muitas destas instituições encontramos respeito, mas noutras uma completa negligência, na maioria indiferença com convicção do fundo da alma, porque é preciso obedecer aos ditames de limpeza definidos pelas entidades ligadas à higiene. Há de tudo neste mundo dos abrigos.
Por estes dias da preparação para o Natal têm sido horríveis as notícias que nos relatam o que está ser feito contra os nossos idosos. Há lares da última idade, onde se faz das pessoas matéria prima para ganhar dinheiro, por isso, eles passam fome, estão mergulhados na sujidade, estão sem medicação, numa palavra votados ao abandono e à solidão completa.
Entre nós tomamos conhecimento da desgraça da Instituição Atalaia Living Care, onde os idosos foram as vítimas principais da loucura, das parecerias público privadas, da lógica terrível que acompanha a humanidade, servir-se dos outros, os mais indefesos, para ganhar dinheiro. E segundo algumas notícias até confirmam suspeitas de «extorsão» de dinheiros públicos. Intolerável.
Se tivéssemos autoridades a sério na nossa terra estariam atentas as estas situações e agiam de imediato quando as suspeitas se levantassem, para que as pessoas idosas não tivessem que passar por este incómodo de terem que sair dali, deixando para traz as suas amizades, os seus cantinhos e todo o ambiente onde já estavam habituadas a viver. Não concebo que se tenha que empurrar toda esta gente para fora daquele lugar, colocando-os espalhados em várias instituições deste cariz. Porque não se resolveu logo todos os problemas que existiam para que não tivessem que passar por esta loucura as pessoas idosas? Porque não resolveram todas as questões relacionadas com as dívidas aos fornecedores e todos os problemas laborais? Não dá para entender tamanha barbaridade em dias de Natal…
Transcrevo um comentário surgido no Facebook sobre este assunto que me parece esclarecedor e que nos deve fazer meditar bastante sobre este problema grave que as nossas autoridades não souberam resolver da melhor forma, mas pelo que se vê, ao problema juntaram-se outros problemas ainda mais graves e que podem arrastar tragédias dentro de momentos. Esperemos que não.
Comentário do André Milo, que nos parece falar com verdadeiro conhecimento de causa: 
- «Atalaia está a mudar os utentes para outros lares da RAM. Nestas mudanças tem acontecido muita coisa. Se falamos em cuidados paliativos é necessário saber do que se fala. Ontem um senhor de idade ameaçou atirar-se da janela por não querer sair daquele "canto" que era já a sua casa... desumano!? Todas estas acções são para minorizar a vergonha que os gestores do atalaia fizeram, em amizades com o governo...

Outro problema... os funcionários terão de se apresentar ao trabalho até 18 de Janeiro! Sim... mesmo tendo salários em atraso, mais de 4 meses, mesmo não tendo doentes para cuidar. Desumano!? Muito. Tudo para não perderem as leis, ditas leis (de merda) laborais, para ao menos receber o desemprego.
A culpa morre solteira... um dito que me ocorre expressar aqui. Os "Senhores", os "Dominus", os "patrões" não passam de hienas que exploram o pobre que labuta para o pão, para um tecto, para subsistir. Esta é vergonha do nosso século: a falta de humanidade para com as situações. Estamos todos no mesmo b(u)ar(a)co, infelizmente.
A VERGONHA continua... é tomar atenção aos noticiários. Pior... os que fazem a VERGONHA riem-se descansados nos sofás de pele das suas salas, nas suas mansões preparados para um belo Natal que aí virá, tudo pago com o que ROUBARAM». Para quê mais palavras.

1 comentário:

Zu disse...

Instituições que deviam servir aos idosos e que se servem deles é o que não falta por aí...
Há lugares onde pessoas que ocupam lugares de direcção de instituições ditas de "solidariedade", utilizam os seus cargos para proveito próprio... há casos de idosos que entregam o seu património, como casas e terrenos nas mãos das instituições e depois ainda vivem o suficiente para assistir à venda desse património por "dez reis de mel coado" ao familiares dos directores... que, claro está, os voltam a vender com elevada rentabilidade para si próprios...
Enfim, é o país em que vivemos!