Após
leitura atenta da mensagem do Papa Bento XVI para o Dia Mundial da Paz, 1 de
Janeiro de 2013, partilho convosco os elementos a meu ver mais significativos
da mensagem do Papa. Um texto muito actual, certeiro e que faz a doutrina sobre
o «Bem-Comum», que segundo a mensagem da Igreja Católica é o elemento essencial
da promoção da paz. Um texto que devia ser lido por todos os responsáveis
religiosos, políticos e de todos grupos ou instituições sociais. A não perder…
- «Causam apreensão os focos de tensão e conflito causados por
crescentes desigualdades entre ricos e pobres, pelo predomínio duma mentalidade
egoísta e individualista que se exprime inclusivamente por um capitalismo
financeiro desregrado. Além de variadas formas de terrorismo e criminalidade
internacional, põem em perigo a paz aqueles fundamentalismos e fanatismos que
distorcem a verdadeira natureza da religião, chamada a favorecer a comunhão e a
reconciliação entre os homens» (n. 1)
- «Na verdade, a paz pressupõe um humanismo aberto à transcendência; é
fruto do dom recíproco, de um mútuo enriquecimento, graças ao dom que provém de
Deus e nos permite viver com os outros e para os outros. A ética da paz é uma
ética de comunhão e partilha». (n. 2)
- «Condição preliminar para a paz é o desmantelamento da ditadura do
relativismo e da apologia duma moral totalmente autónoma, que impede o
reconhecimento de quão imprescindível seja a lei moral natural inscrita por Deus
na consciência de cada homem». (n. 2)
- «Para nos tornarmos autênticos obreiros da paz, são fundamentais a
atenção à dimensão transcendente e o diálogo constante com Deus, Pai
misericordioso, pelo qual se implora a redenção que nos foi conquistada pelo
seu Filho Unigénito. Assim o homem pode vencer aquele germe de obscurecimento e
negação da paz que é o pecado em todas as suas formas: egoísmo e violência,
avidez e desejo de poder e domínio, intolerância, ódio e estruturas injustas».
(n. 3)
- «O obreiro da paz, segundo a bem-aventurança de Jesus, é aquele que
procura o bem do outro, o bem pleno da alma e do corpo, no tempo presente e na
eternidade. A partir deste ensinamento, pode-se deduzir que cada pessoa e cada
comunidade – religiosa, civil, educativa e cultural – é chamada a trabalhar
pela paz. Esta consiste, principalmente, na realização do bem comum das várias
sociedades, primárias e intermédias, nacionais, internacionais e a mundial. Por
isso mesmo, pode-se supor que os caminhos para a implementação do bem comum
sejam também os caminhos que temos de seguir para se obter a paz». (n. 3)
- «A vida em plenitude é o ápice da paz. Quem deseja a paz não pode
tolerar atentados e crimes contra a vida». (n. 4)
- «E, entre os direitos e deveres sociais actualmente mais ameaçados,
conta-se o direito ao trabalho. Isto é devido ao facto, que se verifica cada
vez mais, de o trabalho e o justo reconhecimento do estatuto jurídico dos
trabalhadores não serem adequadamente valorizados, porque o crescimento
económico dependeria sobretudo da liberdade total dos mercados. Assim o
trabalho é considerado uma variável dependente dos mecanismos económicos e
financeiros. A propósito disto, volto a afirmar que não só a dignidade do homem
mas também razões económicas, sociais e políticas exigem que se continue «a
perseguir como prioritário o objectivo do acesso ao trabalho para todos, ou da
sua manutenção». Para se realizar este ambicioso objectivo, é condição
preliminar uma renovada apreciação do trabalho, fundada em princípios éticos e
valores espirituais, que revigore a sua concepção como bem fundamental para a
pessoa, a família, a sociedade. A um tal bem corresponde um dever e um direito,
que exigem novas e ousadas políticas de trabalho para todos». (n. 4)
- «Concretamente na actividade económica, o obreiro da paz aparece como
aquele que cria relações de lealdade e reciprocidade com os colaboradores e os
colegas, com os clientes e os usuários. Ele exerce a actividade económica para
o bem comum, vive o seu compromisso como algo que ultrapassa o interesse
próprio, beneficiando as gerações presentes e futuras. Deste modo sente-se a
trabalhar não só para si mesmo, mas também para dar aos outros um futuro e um
trabalho dignos». (n.5)
- «Fundamental e
imprescindível é também a estruturação ética dos mercados monetário, financeiro
e comercial; devem ser estabilizados e melhor coordenados e controlados, de
modo que não causem dano aos mais pobres». (n. 6)
- «Na família, nascem e
crescem os obreiros da paz, os futuros promotores duma cultura da vida e do
amor». [6)
- «O mundo actual,
particularmente o mundo da política, necessita do apoio dum novo pensamento,
duma nova síntese cultural, para superar tecnicismos e harmonizar as várias
tendências políticas em ordem ao bem comum». (6)
- «Concluindo, há
necessidade de propor e promover uma pedagogia da paz. Esta requer uma vida
interior rica, referências morais claras e válidas, atitudes e estilos de vida
adequados. Com efeito, as obras de paz concorrem para realizar o bem comum e
criam o interesse pela paz, educando para ela. Pensamentos, palavras e gestos
de paz criam uma mentalidade e uma cultura da paz, uma atmosfera de respeito,
honestidade e cordialidade. Por isso, é necessário ensinar os homens a amarem-se
e educarem-se para a paz, a viverem mais de benevolência que de mera
tolerância. Incentivo fundamental será « dizer não à vingança, reconhecer os
próprios erros, aceitar as desculpas sem as buscar e, finalmente, perdoar », de
modo que os erros e as ofensas possam ser verdadeiramente reconhecidos a fim de
caminhar juntos para a reconciliação. Isto requer a difusão duma pedagogia do
perdão. Na realidade, o mal vence-se com o bem, e a justiça deve ser procurada
imitando a Deus Pai que ama todos os seus filhos (cf. Mt 5, 21-48). É um
trabalho lento, porque supõe uma evolução espiritual, uma educação para os
valores mais altos, uma visão nova da história humana. É preciso renunciar à
paz falsa, que prometem os ídolos deste mundo, e aos perigos que a acompanham;
refiro-me à paz que torna as consciências cada vez mais insensíveis, que leva a
fechar-se em si mesmo, a uma existência atrofiada vivida na indiferença. Ao
contrário, a pedagogia da paz implica serviço, compaixão, solidariedade,
coragem e perseverança». (7)
- «Neste contexto,
apraz-me lembrar a oração com que se pede a Deus para fazer de nós instrumentos
da sua paz, a fim de levar o seu amor onde há ódio, o seu perdão onde há
ofensa, a verdadeira fé onde há dúvida». (7)
1 comentário:
Bom dia!
Todos os dias deveriam ser dias de paz.
A começar dentro de cada um em particular.
Por isso não gosto de dias disto ou daquilo.
Não costumo guardar para nenhum dia em particular, para mostrar o quanto gosto, ou aprecio as pessoas que me rodeiam.
Faço-lhes saber isso na primeira pessoa.
É que se deixarmos para um dia em especifico, corremos o risco de nunca dizermos nem fazermos nada... não sabemos se estaremos vivos nesse dia.
" ...Obrigada por existir e por se ter cruzado comigo na vida ..."
Sr Pe José Luis
Que a Paz seja uma constante para si, todos os dias deste ano civil que está prestes a iniciar-se.
Que cada dia lhe proporcione dar mais um passo em direcção ao que o seu coração mais desejar.
Paulina
Enviar um comentário