Muita gente ainda não percebeu nada que chegamos a um tempo novo. Tudo mudou. Os luxos acabaram. As mordomias também mudaram para a maioria. A fome é uma realidade. A pobreza também está presente. Tanta coisa mudou mesmo e ainda são poucos os que vão percebendo isso, mas chegaremos lá, amanhã serem mais a ter a certeza e a mudar os paradigmas de vida.
O que está difícil de mudar é a mentalidade geral do nosso povo. As coisas todas são para continuar tal como estão, mesmo depois de se saber das asneiradas que foram levadas a cabo nas costas do povo. Um povo que parece gostar de ser traído, enganado, burlado e de ficar cada dia mais pobre. A canga do «vamos andando… É a vida!» parece ser um chão propício para quem continua a se comprazer na vã glória de mandar.
A mudança não se faz, porque o presépio da vida está cheio de vacas e burros, que ali se mantêm impávidos, pacíficos, porque satisfeitos com o quentinho do estábulo. A mudança de paradigma é importante e surpreende-nos que aqueles e aquelas que deviam trabalhar nesse sentido são os primeiros a se satisfazerem com o que sempre existiu, com os mesmos rostos, as mesmas opções e com os mesmos esquemas que nos levaram à tragédia.
Agora saltaram umas figurinhas deprimentes para a ribalta a dizerem que assim é que é e está bem assim como sempre foi, deve-se fazer como sempre se fez, não há lugar para o diferente. São as vacas e os burros fincados no estábulo desta sociedade injusta e desumana que se criou. O Papa, afinal, disse precisamente o contrário, «é imprescindível que o burro e a vaca estejam no presépio…», portanto, deixem-se dessa treta de desejarem substituir os animais, estão lá e vão continuar. Por isso, não há lugar para outros. Acordem, são gente. Dignifiquem-se. Não precisamos que defendam a continuidade, precisamos de mudança, precisamos de novos paradigmas, precisamos de aprender com o que temos, mesmo que seja pouco. Não há volta a dar.
Agora reparemos o que representa isto de desgraça. Estamos num país a fechar as portas, todos os dias vão à falência 25 empresas. O que isto representa de desgraça para tantas famílias e para sociedade em geral. A pobreza alastra todos os dias, hora a hora, conduzindo à fome. Se isto não é travado, conduzir-nos-á à explosão e não há nenhuma caridade que consiga de forma nenhuma dar solução às necessidades terríveis que emergem como cogumelos.
As mudanças são importantes e a mentalidade das pessoas terá que passar por essa catarse, para que novas formas de encarar o mundo e a vida sejam possíveis. É essencial que assim seja. O nosso país não resistirá a ter que conviver com mais de dois milhões e meio de pobres. Este sim é um facto incontornável e não se querer ver isto é fatal.
As estatísticas apontam que na União Europeia já se contam 200 milhões de pobres. É com esta tragédia que importa centrar o pensamento para que a mudança aconteça e a sociedade inteira acolha novos paradigmas que nos conduzam à libertação desta sociedade violenta, triste e profundamente deprimida por causa desta tragédia contínua que estamos a viver.
Deixo aqui este pensamento do professor Alfredo Bruto da Costa: «Ou o peixe ou a cana. O problema não se põe assim. É preciso 'o peixe' porque a pessoa tem de comer imediatamente e porque se não comer não pode 'ir pescar'. É preciso dar o 'peixe' mas não basta porque a pessoa fica sempre dependente de quem o vá 'pescar'. É por isso que, além de 'dar o peixe' é preciso 'dar a cana' para que ele se torne autónomo» (Dnotícias, 30 d eOutubro de 2010). Uma verdade antiga, mas é disto que se trata e é isto que pretendemos que seja feito por quem nos governa.
1 comentário:
Pois cá por mim dou em pensar que assim não vamos lá não. Eles, o governo, nem dão o peixe nem dão a cana
É impressionante como chegamos a este ponto mas ainda iremos ficar pior.
Eles não tem nem competência nem visão...
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