Hoje sinto-me deprimido, até mesmo triste. Passei estes dias todos a dizer
que não acreditava que o mundo acabasse, o que correspondia à verdade, mas lá
no fundo, nalguns momentos sempre me assaltava o desejo que o mundo acabasse
mesmo. Agora estou assim.
O mundo que esta humanidade inventou não acabou, infelizmente. Então,
vejamos, não acabou a injustiça, não acabou a ganância, não acabou a fantochada
de governantes que ingenuamente colocamos à frente dos nossos destinos, para
desbaratarem os bens que são de todos, se pavonearem nas praças como se fossem
eternos e donos do mundo. Não acabou a loucura que nos rodeia, insensível às
pessoas, que brinca e joga com elas como se fossem objectos ou peças de dominó.
Uma tristeza.
Sim, precisávamos de um fim do mundo. Melhor, precisamos de um fim do
mundo, para que, os sofrimentos que a irresponsabilidade provoca tenham um fim
também. Precisamos que acabe o mundo, para surgir regenerada uma sociedade
outra, onde a fraternidade, o bem comum, a paz e o entendimento entre as
pessoas sejam uma realidade quotidiana.
Precisamos que este mundo acabe, sim senhor, para que os corruptos tenham
fim, os mentirosos e os enganam mundos e fundos desapareçam por completo. Mais
ainda desapareceria a insensibilidade em relação aos outros, os mais pobres, os
indefesos, os frágeis, porque crianças, porque já idosos ou que não tiveram
sorte, a sorte de serem apadrinhados por um familiar ou amigo que estava na
hora certa e no lugar certo para ser feito o assalto daquilo que chamaram «singrar
na vida».
Pois, precisamos de um fim do mundo para que o poder deste mundo tenha a
sua morte, porque este poder não é serviço a todos, mas apenas a alguns,
familiares, amigalhaços, bajuladores e os que são fiéis não aos valores mas aos
chefes e ao dinheiro que querem açambarcar. Seria o fim da cobiça que há neste
mundo.
E este tal fim do mundo livrava-nos da carga enorme de impostos, veríamos
iguais entre iguais os que sem vergonha auferem salários e reformas em
duplicado, seria o fim de tudo o que os espertalhaços fizeram para se
enfartarem nas mesas bem recheadas à custa da maioria que faz ginástica todos
os meses para amealhar uns troquitos para pagar as suas despesas. Os tais que
gozam com o povo, sugando sem vergonha o pão que lhes estava destinado para
matarem a fome. Os que não se importam com o povo, isto é, importam-se sim,
quando precisam dos seus votos. O fim disto tudo seria uma grande alegria para
nós.
É urgente um fim do mundo para que tenham fim todas as loucuras desmedidas
que acompanham a humanidade e se encontre caminhos que sejam mais humanos e a
sociedade seja um local de saudável convívio para que a felicidade não seja uma
miragem mas o condimento essencial do sentido da vida. Sem um fim do mundo a
sério não haverá mais nada que nos safe. Que o Natal nos ajude a provocar o fim
deste mundo e a sermos sábios a inventar outro mundo feito com pessoas a sério.
Porque este mundo tal como o temos não nos serve... É urgente que tenha um fim.
1 comentário:
Faz falta acabar de vez com esse mundo cão da promiscuidade entre política e poder financeiro que está na génese de toda esta hecatombe e tem como rostos mais visíveis os paraísos fiscais...
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