Mesa da palavra
Comentário à Missa do próximo domingo
II Domingo Tempo do Advento
João Baptista é a voz
que clama no deserto a revolução de Deus: "Preparai o caminho do Senhor,
endireitai as suas veredas". A voz do Filho de Zacarias, está na senda do
profeta Isaías que proclama o sonho de Deus, que consiste na grande revolução
que Deus deseja levar a cabo. A nós, cabe-nos prepararmo-nos para a mudança a transformação da vida, a nossa vida e a deste mundo. Não pode ser impossível fazer do mundo um lugar de paz e de saudável convivência sem prejudicar ninguém, mas fazendo tudo para todos serem felizes à nossa volta. Se me dizem que isto é impossível, então, atraiçoamos a inteligência e o engenho que nos foram dados. Não podemos amordaçar o melhor da humanidade.
Diz assim o Profeta:
"No monte Sião, o Senhor do universo prepara para todos os povos um
banquete de carnes gordas, acompanhadas de vinhos velhos, carnes gordas e
saborosas, vinhos velhos e bem tratados"; "Aniquilará a morte para
sempre. O Senhor Deus enxugará as lágrimas de todas as faces, e eliminará o
opróbrio que pesa sobre o seu povo, sobre toda a nação". É o sonho, o
desejo, a vontade de Deus, que ecoa sobre os telhados dos tempos pela voz dos
profetas.
Esta urgência de Deus,
nada tem a ver com a lógica dos poderes instalados deste mundo, porque não
procuram o bem para todos. Os poderes actuais do mundo estão todos ao serviço
dos interesses de grupos económicos e seguem a lógica do mercado. É o lucro e
as mais-valias do dinheiro que movem os poderes. Mas logo se segue uma multidão
de imensa de pobres, porque esta lógica assenta na injustiça e no
açambarcamento dos bens da natureza de forma desregrada. Algo terrível, que nos
vai sendo dito através dos enormes sinais desastrosos que por esta via a
humanidade não tem futuro.
As várias cimeiras
temáticas, não levam a conclusões nem levam as nações a compromissos sérios na
construção do bem comum. Porque não se acaba com o escândalo da fome no mundo?
Porque não se distribui a riqueza de forma partilhada, para que toda a
humanidade pudesse sobreviver condignamente? - Faz falta mudar atitudes e
deixar de criar subterfúgios comodistas. A mudança implica sempre expressar
acções concretas de justiça e de fraternidade, é o único modo de nos preparamos
para a vinda de Jesus.
Precisamos de um mundo justo,
preocupado com o bem para todos. Só a vida doseada com alguma espiritualidade
poderá levar-nos à felicidade, que implica transformação, mudança concreta.
1 comentário:
Bom dia!
Gostei muito desta reflexão.
"Porque não se acaba com o escândalo da fome no mundo?"
Porque isso implicaria uma mudança de radical.
A mudança exige esforço, e nós não queremos fazer esforço algum, ou melhor fazemos esforço no sentido inverso ao da palavra de Deus.
Esforçamo-nos por arrecadar o máximo nas nossas despensas, esquecemo-nos que isso esvazia as despensas de quem já nada tem ou possui.
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