Ensaio poético para o fim de semana...
Uma ribanceira enforma uma
parelha de poios
Semeados de trigo até à
cozedura do pão
Neles fez um avô um
ornamento de couves
Em volta do quadrado de
terra
Que depois florescem
pujantes
Com as cores brancas e
amarelas.
São a oferta potente de novo
alimento
No futuro que todos
conscientemente preparam.
Nesta visão infantil e rural
Se reaviva os meus passos em
volta
Das courelas, das veredas,
das mangas, das moitas...
E todos os nomes que
recebiam posse os poios
Onde pisava o figurão de
gente
Que a misteriosa natureza
designou ser um avô.
Sobre os outros poios
rebentam as cerejeiras
As pereiras e os pereiros em
cores
Com abundante brancura. Mas... Ah!
Os lilases, os roxos, os
amarelos e mais e mais
Em vida nova até coalhar o
chão de alegria.
E dos enxertos que sempre
foram a melhor técnica
Que se destina a poucos pois
vingam ou não
Porque só a sabedoria experiente o
designa
Naquelas mãos gretadas de
trabalho e fadiga.
Só o gosto dessa labuta
enforma uma fé
Uma certeza que se recebeu numa missão divina.
A construção feita sobre a
terra testemunha
Essa incompreensão dura que
a vida concedeu.
Depois cantam os pássaros de
ramo em ramo
As pedras úteis edificam
paredes emparelhadas
E marcos entre poios nossos
e dos outros.
Uma festa em cada altura do
ano
Esta caminhada em chão de
terra batida
Pelos calcanhares duros de
calos
Que nalguns dias vertem
sangue das gretas
Que se curam com a saliva e
a terra dos caminhos.
Assim se faz uma memória
encontrada
Neste baú do pensamento que
a mudança dos dias
Nos vai desembrulhando em
dádiva
Como o bride mais importante
para a felicidade.
José Luís Rodrigues
Nota: Foto da minha avó e avô paternos que se fossem vivos somavam acima dos 100 anos, segundo o meus cálculos o avô faria este ano 109 anos. Ó que saudades!
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